Alta transmissão de dengue põe região de Rio Preto em lista de prioridade

O Ministério da Saúde anunciou novas ações de enfrentamento à dengue, com foco inicial em 80 cidades consideradas prioritárias em todo o País. Entre elas, além de Rio Preto, que já recebeu a Força Nacional do SUS, estão Catanduva, Votuporanga, Novo Horizonte, Mirassol, Guapiaçu e Cedral — localidades com alta transmissão da doença ou número crescente de casos.
Desde o início do ano até quarta-feira, dia 9, a região contabiliza 87.727 casos confirmados de dengue e possui ainda 16.749 casos suspeitos em investigação. A doença tem apresentado alta letalidade, com 117 óbitos confirmados e outros 51 em análise, suspeitos de estarem relacionados à epidemia. Dentre os casos confirmados, 34 mortes ocorreram em Rio Preto, sete em Mirassol e seis em Catanduva.
Entre as medidas previstas, o governo federal anunciou a possibilidade de envio da Força Nacional do SUS e a instalação de até 150 centros de hidratação, com capacidade de até 100 leitos cada, como já implementado em Rio Preto.
Esses centros são destinados ao acolhimento de pacientes com dengue, oferecendo hidratação oral ou venosa para prevenir agravamentos e internações. As estruturas podem ser montadas em UBSs, UPAs ou espaços adaptados, como auditórios, bibliotecas, refeitórios, bem como em tendas, contentores e galpões.
As 80 cidades também receberão apoio técnico para ampliar a cobertura vacinal, com ações como busca ativa de não vacinados, monitoramento de estoques e garantia do abastecimento das doses.
Ações
Em Votuporanga, segundo a prefeitura, o Ministério da Saúde já auxilia na implantação de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDL), armadilhas que também foram instaladas em Rio Preto.
As EDLs fazem parte de uma nova estratégia nacional contra o Aedes aegypti que utiliza a própria fêmea do mosquito como vetor para espalhar larvicida. Ao depositar os ovos na estação, o mosquito fica impregnado com o inseticida e, ao visitar outros criadouros, contamina-os com o produto, reduzindo o desenvolvimento de larvas e a infestação.
Em Mirassol, o secretário municipal de Saúde, Frank Hulder de Oliveira, informou que enviará em breve um ofício ao Ministério da Saúde solicitando mais recursos para o combate local à dengue.
"O Ministério da Saúde já repassou R$ 120 mil ao nosso município, mas esse valor é insuficiente. Recentemente, contratamos 40 profissionais para atuar por 90 dias, o que terá um custo de R$ 700 mil. Precisamos de mais apoio financeiro", afirmou o secretário.
Além de recursos, Frank solicitará o envio de bombas costais para a aplicação de inseticida contra o mosquito transmissor.
O Ministério da Saúde confirmou que pretende distribuir 1.260 equipamentos portáteis até o fim de abril, destinados ao bloqueio de surtos, com maior alcance em áreas internas das residências, superando barreiras como muros e paredes.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde de Catanduva afirmou que "recebeu com surpresa a inclusão da cidade entre as que mais preocupam na região". Segundo a pasta, o município tem conseguido manter o controle graças às ações preventivas e constantes adotadas desde o início do ano. "Aliás, não precisamos, diferentemente de outros municípios da região, de declaração de emergência em saúde".
A Secretaria disse ainda que espera do governo federal "apoio efetivo, especialmente financeiro, para fortalecer ainda mais a estrutura local de combate à doença".
Novo guia
O Ministério da Saúde também lançou o Guia da Enfermagem para Arboviroses, com novas normas e diretrizes para agilizar o atendimento e evitar atrasos no início do tratamento, reduzindo o agravamento dos quadros clínicos. Uma das medidas previstas é a ampliação da autonomia dos profissionais de enfermagem na indicação de exames, medicamentos e hidratação na rede de urgência, como já ocorre na Atenção Básica.