Com apenas 23 anos, praticante de Kung Fu Hung Gar conquista vaga na seleção brasileira

Rafael Carvalho, jovem atleta de 23 anos natural de Votuporanga, conquistou uma das vagas mais cobiçadas do kung fu nacional: ele foi selecionado para representar o Brasil no Campeonato Mundial promovido pela Federação Mundial de Kung Fu (Traditional World Kung Fu Federation — TWKSF), que será realizado entre os dias 23 e 26 de outubro, na cidade de Araraquara.

Faixa preta em Kung Fu Hung Gar, Rafael conta que desde criança se interessava por artes marciais, especialmente kung fu, influenciado por filmes e desenhos animados. Aos 13 anos, teve seu primeiro contato com o instrutor André Castanheira, que dava aulas de música e artes na escola onde estudava. Durante uma conversa, descobriu que André também era professor da modalidade, e foi assim que tudo começou.

Desde então, Rafael se tornou referência dentro e fora de casa. “Alguns anos depois que comecei, minha mãe também passou a praticar. Este ano, ela vai pegar a faixa marrom”, relata.

Segundo Rafael, o processo seletivo para a Seleção Brasileira teve duas fases. “A primeira etapa foi bastante concorrida, com quase 500 atletas disputando uma vaga. Felizmente, consegui passar”, explica. Na segunda fase, com um número mais restrito de competidores, foram escolhidos somente dois representantes por categoria.

“Foi um momento de extrema felicidade quando descobri que havia sido selecionado para equipe brasileira. Sou muito grato ao meu sifu (instrutor) por todos os ensinamentos, apoio e confiança que me foram passados nesse processo e durante todos esses anos”, ressalta.

O campeonato

O Campeonato Mundial da TWKSF acontece a cada três ou quatro anos, dividido por níveis de experiência (juvenil, adulto; iniciante, intermediário, avançado). As competições incluem categorias com e sem armas (como bastão e facão), apresentações internas e externas, combate Lei Tai (luta tradicional de contato) e as Formas (Kati), sequências coreografadas de movimentos do kung fu. No caso de Rafael, ele competirá na categoria Kati com bastão, que não envolve luta direta. Trata-se de uma apresentação solo avaliada por juízes com base em critérios técnicos e artísticos.

As apresentações nas categorias de formas (Kati) seguem uma lógica semelhante à da ginástica olímpica. Cada atleta realiza sua rotina individual, sendo avaliado por um painel de juízes, com base em critérios técnicos e artísticos. Cada nota é somada e, ao final, é calculada a média. Os competidores com as maiores médias recebem as medalhas.

DEDICAÇÃO

O sifu, termo usado nas artes marciais chinesas para designar o instrutor tradicional, André Castanheira, que acompanha Rafael desde o início da trajetória no kung fu, destaca que a conquista reflete toda a dedicação e comprometimento do atleta com o esporte. “A classificação representa o reconhecimento da qualidade técnica do atleta por uma das maiores confederações de kung fu do mundo. Acompanho o Rafa desde 2015, quando ele ainda tinha 13 anos. Ele vem evoluindo de forma contínua, e estar entre os selecionados da Seleção Brasileira demonstra toda sua dedicação. É um orgulho poder acompanhar esse processo como treinador.” ressalta.

LOCAL

André Castanheira também destaca a importância do apoio da comunidade local, seja por meio da Secretaria de Esportes ou da iniciativa privada, com patrocínios, para que Rafael e outros atletas tenham a oportunidade de participar de campeonatos e representar Votuporanga ao nível nacional e internacional.