Marcondes pede 30 dias para definir Centro Pop em Rio Preto

Marcondes pede 30 dias para definir Centro Pop em Rio Preto
Reunião da frente parlamentar sobre moradores de rua teve momentos de tensão (Vinícius Marques 4/6/2025)

Trinta dias para uma definição. Resumidamente, este foi o resultado de mais uma reunião, realizada nesta quarta-feira, 4, na Câmara de Rio Preto, para tratar da possível transferência do Centro Pop, que faz atendimentos a moradores em situação de rua, para uma área da Prefeitura no bairro Boa Vista.

Atualmente, o centro de atendimento fica próximo ao viaduto Jordão Reis. O pedido de prazo de 30 dias para apresentar uma solução foi feito pelo secretário de Obras de Rio Preto, Fábio Marcondes, que falou em nome do governo do Coronel Fábio Candido (PL) na reunião. Marcondes será coordenador de um comitê prometido pelo Executivo para tratar de políticas relacionadas a moradores em situação de rua.

"Peço que vocês deem um voto de confiança para o governo. Seria irresponsável aqui se afirmasse. Vamos apresentar um estudo, mas eu peço a confiança de vocês", disse Marcondes. "Não tem nada definido sobre o Boa Vista", continuou ele.

Segundo o secretário, será feito um estudo "não só de localidade". "Pedi um prazo de 30 dias para que possamos fazer todo esse levantamento", afirmou. A ação terá participação de outras secretarias. Marcondes chegou a dizer que não estava definido nem se será construído um novo Centro Pop. Disse que o estudo será apresentado sem "prejudicar nenhum bairro".

Interrogação

O anúncio de prazo para realização de estudo sobre eventual mudança frustrou moradores do bairro que estavam na reunião.

"Viemos para uma (resposta) conclusiva e saímos daqui com um ponto de interrogação", afirmou Maicon Santanhelo, um dos representantes de moradores do Boa Vista.

Foi a primeira reunião da frente parlamentar criada no legislativo para tratar do assunto e teve participação de moradores do bairro, vereadores, representantes do governo do Coronel Fábio Candido (PL) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Outras duas audiências públicas chamada por comissões permanentes da Câmara já foram realizadas também.

O debate teve momentos de tensão entre os representantes dos moradores do bairro ou mesmo vereadores que cobraram definição de Marcondes sobre o Centro Pop.

Impasse

A mudança de endereço chegou a ser anunciada pelo prefeito de Rio Preto, Coronel Fábio Rogério Candido (PL), em reunião com secretários e representantes da Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública. A reunião ocorreu no dia 12 de maio e o prefeito confirmou o que era até então o novo local em entrevista ao Diário.

Nesta quarta, Marcondes voltou a dizer que o prefeito não teria falado em local. Além dessa entrevista em maio, o Coronel Fábio também falou sobre a mudança de local em março, no aniversário da cidade.

Reage

A reação de moradores da região e ainda de vereadores fez o governo recuar sobre o assunto. O prefeito chegou a dizer que o bairro teria "contrapartidas", como posto da Guarda Municipal e sistema de videomonitoramento. As obras ficariam a cargo de uma rede atacadista. Posteriormente, o governo divulgou que o bairro era "uma das possibilidades".

Por outro lado, no local atual do Centro Pop o governo divulgou que irá construir uma creche para idosos e outra para crianças. O impasse resultou na saída do então secretário de Assistência Social, Frederico Izidoro, do posto. A pasta agora está a cargo de Sandra Reis, que não foi à reunião desta quarta e enviou uma assessora. Sandra cumpria agenda em São Paulo.

Frente

A frente parlamentar é presidida pelo vereador Jonathan Santos (Republicanos), tendo como vice o vereador Felipe Alcalá (PL). Participaram ainda os vereadores Dinho Alahmar (PL), Pedro Roberto (Republicanos), João Paulo Rillo (Psol), Renato Pupo (Avante) e Alexandre Montenegro (PL). Todos os parlamentares presentes defendem que outro local seja escolhido para a construção do Centro Pop.

Rillo e Montenegro chegaram a discutir com Marcondes. As queixas foram, por exemplo, quando o secretário afirmava que a questão "não pode ser politizada". Rillo disse que a frente era da Câmara e não do secretário. Na reunião, Marcondes disse que os moradores estariam "sendo usados". Montenegro chegou a se levantar e ficar de frente para Marcondes a fim de questionar o secretário. "Quem está sendo usado é você", rebateu Montenegro. Marcondes afirmou que poderia se retirar da reunião, mas isso não ocorreu.

Posteriormente, os vereadores contestaram a necessidade de transferência do Centro Pop. Segundo Rillo, o serviço deveria ser ampliado com a permanência onde está. Montenegro seguiu a mesma linha. O clima tenso se amenizou no final da reunião.

O secretário de Governo, Eduardo Tedeschi, também participou e voltou a defender que o local escolhido seja afastado da área central da cidade.

OAB

O representante da OAB na reunião, Walter Melo Machado Júnior, coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, afirmou que as medidas a serem tomadas devem evitar a "marginalização da população em situação de rua". Parecer da OAB sobre o assunto defende que atendimentos aos moradores deve ocorrer em "região próxima de equipamentos públicos, de modo que não se marginalize, tampouco criminalize essa população". O parecer também recomenda que deve se evitar expansão para bairros residenciais.

PM

O Comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar do Interior, Fabiano José Crestani, afirmou que parte dos moradores em situação de rua comete delitos. Ele falou sob a ótica de segurança pública. Nesse sentido, disse que mudança para bairro residencial teria impacto com relação a ocorrências policiais na região.

Centro

A coordenadora do Centro Pop, Sônia Mielli, detalhou as atividades que serão desenvolvidas no local. Ela afirmou que o local não deve ser instalado em área isolada do município. Atualmente, 677 pessoas procuram atendimentos no centro.