Vendas de imóveis em Rio Preto têm o número mais alto para o primeiro trimestre dos últimos 4 anos

Vendas de imóveis em Rio Preto têm o número mais alto para o primeiro trimestre dos últimos 4 anos
Celso Petrucci, economista do Secovi-SP, esteve em Rio Preto para apresentar os dados do setor (Divulgação/Iko Bonfá)

O primeiro trimestre de 2025 teve recorde de vendas de imóveis em Rio Preto, mas, ao mesmo tempo, mostrou uma quantidade menor de lançamentos na cidade. Os dados são da Pesquisa de Mercado Imobiliário (PMI) realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi-SP).

O levantamento trimestral demonstrou que nos primeiros três meses de 2025, foram vendidos 1.277 imóveis, contra 859 em 2024. No entanto, a quantidade de imóveis econômicos — em boa parte oriundos do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal — representou quase a metade, 637. As outras categorias, somadas, venderam 640.

“As vendas de imóveis residenciais novos, por sua vez, superaram os lançamentos no período, com 1.277 unidades escoadas e R$ 439,7 milhões em valores, demonstrando a aderência da demanda aos produtos oferecidos”, afirma o diretor regional do Secovi-SP para a região de Rio Preto, Thiago Ribeiro.

Segundo especialistas, o estudo apresentou um panorama de cautela e estratégia no setor imobiliário Rio Preto, o que seria, na visão destes, desdobramentos do cenário macroeconômico nacional, com taxas de juros mais altas, inflação mais alta e crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB).

Ainda que o mercado no interior paulista passe por um período de adequações, especialistas analisam possibilidades para quem tem visão de longo prazo.

CAUTELA E RIGOR

Thiago Ribeiro ainda destaca que os investidores estão mais cautelosos quanto a lançamentos, em virtude das incertezas econômicas.

Segundo Ribeiro, o primeiro trimestre de 2025 teve uma redução significativa no número de unidades lançadas em comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Foram 1.077 no primeiro semestre de 2024 contra 396 nos três primeiros meses deste ano.

Para Luiz Eduardo Silva, gerente de empreendimentos da Imobiliária Redentora, o comportamento do consumidor está mais criterioso, demandando maior atenção dos vendedores.

“O cliente pesquisa, compara e valoriza condições claras, está mais atento e mais exigente. O tempo médio entre o primeiro contato e o fechamento da venda aumentou, e isso tem nos levado a aprimorar ainda mais nosso atendimento e os diferenciais dos empreendimentos que trabalhamos”, comenta.

Neste ano, a Citz Desenvolvimento Imobiliário lançou a 2ª torre do Bliss Oásis, em Rio Preto, com 128 apartamentos de 2 e 3 dormitórios, na região norte da cidade. Segundo o diretor-executivo da empresa, Rafael Luis Coelho, os maiores problemas estão relacionados aos financiamentos.

“As maiores dificuldades enfrentadas, são disponibilidades de novos 'fundings' para o financiamento imobiliário, a falta de mão de obra especializada e a elevação dos custos de produção”, diz.

SEGURANÇA

O economista Hipólito Martins Filho avalia que adquirir um imóvel continua sendo uma decisão vantajosa, mesmo diante de dúvidas. “As pessoas compram para não pagar aluguel, mas também em função de investimento, porque quando a economia está instável demais, as pessoas vão investindo em imóvel”, explica.

Ele ressalta, porém, que imóveis não têm liquidez imediata e que, por isso, o ideal é se planejar. “Se você comprar agora e precisar vender urgente, não tem como, demora um pouco. Mas podendo comprar e não tendo essa necessidade, é um bom investimento”.

FAIXA 4

O diretor do Secovi- SP aponta possíveis efeitos para o próximo semestre com as novas regras no programa Minha Casa, Minha Vida, incluindo a criação da Faixa 4 – categoria criada para atender famílias com renda mensal de até R$ 12 mil e imóveis de até R$ 500 mil. A nova modalidade prevê a possibilidade de um financiamento de até 420 meses a uma taxa de juros compostos de 10,5% ao ano.

“Para os segmentos de médio e alto padrão, há maior procura por segurança, impulsionando a busca por apartamentos e casas em condomínios fechados. Já as famílias de menor poder aquisitivo costumam se concentrar em casas de bairro, pela facilidade de acesso ao crédito e valores que cabem no bolso”, conta.

INVESTIMENTO

Thiago Ribeiro ainda observa que, embora os dados reflitam um cenário nacional, Rio Preto possui características próprias como ser um polo educacional e de saúde. Isso gera uma demanda adicional por imóveis para locação, tornando o investimento imobiliário ainda atrativo”, detalha o diretor.

“O momento exige adaptação e escuta ativa do cliente. Acreditamos que, nos próximos meses, empreendimentos com diferenciais claros e posicionamento ajustado continuarão vendendo bem. O poder de negociação está nas mãos do comprador, mas isso também abre oportunidades para quem souber estruturar boas propostas”, complementa Luiz Eduardo Silva.

(Colaborou Ana Beatriz Aguiar)