Artista plástico e escritor lança a obra 'A Natureza da Pintura'

O artista plástico e escritor rio-pretense Gustavo Lepe lançou o livro “A Natureza da Pintura”, obra que chega ao público em um formato literário ainda pouco difundido na região: as pílulas literárias. A proposta nasceu da necessidade de aproximar as pessoas da leitura em um cenário em que falta tempo, hábito e paciência para obras longas.

Apesar do nome, não se trata de textos superficiais. As pílulas literárias são micro contos curtos o suficiente para serem lidos em poucos minutos, mas construídos com lirismo, profundidade e uma linguagem clássica, características já marcantes na trajetória do autor.

O LIVRO

Em “A Natureza da Pintura”, a condição dá lugar a um enredo carregado de história e delicadeza. O primeiro volume é ambientado após a Primeira Guerra Mundial e acompanha um casal que encontra, no recomeço, um gesto de elegância e dignidade.

Gustavo conta que imaginou sua esposa “como uma mulher da década de 1910, 1920, de vestido elegante, postura clássica”, para a capa e que o livro carrega esse mesmo espírito: belo, suave e fiel ao charme da época.

PÍLULAS

O formato de pílulas literárias também permite que Gustavo una duas áreas que caminham juntas desde seu início artístico: o desenho e a escrita. Isso porque muitas das narrativas surgem diretamente de suas obras plásticas. Ele desenha, observa e, a partir da imagem, nasce o enredo, processo que, segundo ele, sempre foi natural.

Ao longo dos anos, o autor acumulou centenas de microtextos inspirados em suas artes, parte deles reunidos em livros anteriores, como “Sete” e “Due”. Com as pílulas literárias, decidiu organizar essas narrativas de forma mais direta e acessível ao grande público.

“Hoje ninguém tem paciência para sentar e ler duzentas, trezentas páginas. A pílula literária entrega o essencial em poucos minutos”, explica. Mesmo assim, garante que a qualidade permanece a mesma: “Não é porque é curto que perde profundidade. Em absoluto”, pontua.

Gustavo reforça que escrever micro contos é, muitas vezes, mais desafiador que trabalhar em textos longos. “No micro conto, você tem que fazer acontecer. O impacto precisa vir rápido, forte e com poucas palavras”, afirma.

Questionado sobre qual é sua pílula favorita, o artista mantém o mistério: “Senão eu mato o assunto. A pessoa tem que ler para entender por que a obra se chama ‘A Natureza da Pintura’”, conta.

O projeto marca também mais uma parceria entre Gustavo e a editora Serifa, de Deodoro Moreira, que tem contribuído para levar conhecimento histórico e literário ao público. A intenção dos dois é democratizar a arte e oferecer textos breves que carreguem profundidade, contexto histórico e uma escrita elegante, elementos presentes em toda a carreira de Lepe, que ganhou seu primeiro prêmio literário aos nove anos e, aos treze, já dava aulas de literatura.

Além do lançamento atual, Gustavo adiantou que prepara seu próximo livro, “Emilie e o Soldado”, previsto para o primeiro semestre do ano que vem.

O livro “A Natureza da Pintura” pode ser adquirido pelo Instagram do artista, @gustavolepearteseletras, ou pessoalmente. (Colaborou Dandara Caroline)