Ceia de Natal fica em média 10% mais cara neste ano
A ceia de Natal deste ano vai pesar mais no bolso dos brasileiros. Segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), a cesta de alimentos tradicional da celebração teve um aumento médio de 9,54% em relação ao mesmo período de 2023. O índice supera a inflação geral do País, que acumulou 4,77% nos últimos 12 meses até novembro.
Produtos
Entre os principais itens que tiveram aumento, a batata-inglesa foi destaque, com alta de 30,82%, tornando-se o item mais caro da cesta natalina devido à alta estiagem ao longo do ano. O azeite de oliva, ingrediente indispensável para muitas receitas típicas da época, subiu 28,58%, em grande parte devido a problemas climáticos que afetaram as plantações de azeitonas. O aumento expressivo dos preços reflete um ano de desafios econômicos, marcado pela alta dos custos de produção e fenômenos climáticos que impactaram safras importantes.
Outros produtos também registraram aumentos: leite teve alta de 21,78%; o arroz 19,58%, e o alho está 19,48% mais caro. Já as carnes, como tender e peru, apresentaram um aumento médio de 11,44%, conforme os dados gerais do setor. Em contrapartida, os pescados tiveram uma pequena elevação, de 1,32%.
Especialistas
O economista José Mauro explica que há um movimento de aumento generalizado dos preços. "Isso ainda não está aparecendo nos índices de inflação, portanto, não estão sendo repassados aos salários, o que provoca perda de poder de compra, e queda no bem-estar da população", diz ele.
O especialista aponta dois fatores para causa do aumento. “A principal causa é a incapacidade do governo federal, responsável pela política macroeconômica, de controlar os gastos. Outra causa é a alta do dólar que faz com que os produtos cheguem mais caros ao consumidor final”.
O aumento generalizado nos preços, tanto de produtos quanto de serviços, impacta diretamente o comércio e o poder de compra dos consumidores. Essa alta, em desacordo com o IPCA, reflete desequilíbrios fiscais que geram incertezas econômicas, elevação das taxas de juros e desvalorização cambial.
“Há um movimento de alta generalizada nos preços nos pontos de vendas totalmente contrário ao índice de inflação medido pelo IPCA, todos os preços estão em alta, tanto de produtos nos mercados, como também, os preços dos serviços que dispararam”.
Como resultado, a cesta de compras torna-se mais cara. O professor do departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEARP-USP), Luciano Nakabashi, explica que o aumento gera impacto diretamente para o consumidor final forçando a reduzir itens essenciais ou aumentar o gasto. “A ceia ficará salgada para aqueles que não irão substituir os itens, ou econômica, caso corte alguns itens mais caros da ceia”, diz.
Estratégias
Para ajudar os consumidores a driblarem a alta de preços, os especialistas sugerem estratégias para gastar menos. O professor Luciano destaca a importância de pesquisar os preços e substituir aqueles que estão mais caros. José Mauro também sugere a opção de variar os itens natalinos. “Variar a cesta de natal, compondo com produtos que atendam o perfil de cada família, de modo que não tenha que se endividar para comemorar as festividades de fim de ano", finaliza. (Colaborou Ana Beatriz Aguiar)