Desenrola renegocia R$ 31 milhões em Rio Preto
O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas, deixou um saldo positivo para a economia de Rio Preto e do Brasil. Foram 4,6 mil rio-pretenses foram beneficiados, com a renegociação de 10,7 mil contratos, que somam R$ 31,5 milhões.
O economista Hipólito Martins Filho destaca os benefícios do programa, encerrado na última segunda-feira, 20, para a recuperação financeira da população. “O Desenrola Brasil foi importante porque muita gente estava endividada em função da pandemia e da situação econômica do País”, afirma.
Martins Filho explica que o programa ajudou tanto os devedores quanto os credores. Para os devedores, a possibilidade de parcelar as dívidas permitiu a regularização do crédito e a retomada do consumo. “Aquela pessoa que queria pagar, mas não podia, teve condições criadas para poder parcelar. A partir do momento do pagamento, deixa de ser inadimplente, e tem crédito. Passando a ter crédito, pode voltar a consumir. Voltando a consumir, aumenta a produção, e a economia volta a girar novamente”, detalha.
Já para os credores, o programa representou a recuperação de valores que provavelmente não seriam pagos. “Essa empresa que recebeu pode reinvestir na produção. Ou seja, compra mais máquinas, mais equipamentos, podendo assim aumentar sua capacidade produtiva, colocando mais produtos no mercado à disposição do cliente. Ou pode ajudar até para pagar as dívidas”, explica o economista.
Avaliação positiva
O Desenrola Brasil foi elogiado por sua efetividade em auxiliar a população endividada e impulsionar a retomada da economia. “O programa foi um sucesso, ao possibilitar que muitas pessoas pudessem regularizar suas dívidas e voltar a ter acesso ao crédito”, afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Preto (Acirp), José Augusto Campos Almeida.
Almeida destaca que o programa também contribuiu para a geração de emprego e renda. “Com a regularização das dívidas, as empresas puderam investir mais e contratar mais funcionários”, pontua.
Impacto
O Desenrola Brasil também contribuiu para a redução da inadimplência, um fator crucial para a retomada da economia. “A hora que cai a inadimplência, o consumidor que estava devendo passa a ter crédito, quem era o credor passa a receber, e investe esse dinheiro. Mas toda vez que a inadimplência for baixa, os juros são menores. Ou seja, quando o banco empresta, ele faz um levantamento do histórico de para quem está emprestando”, conclui Martins Filho.
Em todo o Brasil, o Desenrola Brasil beneficiou 15,06 milhões de pessoas, com a renegociação de R$ 53 bilhões em dívidas. Esse valor representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O programa teve um impacto significativo na população mais vulnerável, com redução de 8,7% na inadimplência. Entre esse grupo, cinco milhões de pessoas foram beneficiadas, com a renegociação de R$ 25,43 bilhões em dívidas, representando 47,9% do total.
REDUÇÃO
A Faixa 1, que contempla pessoas com renda de até dois salários mínimos ou inscritas no CadÚnico, com dívidas que não podiam ultrapassar o valor atualizado de R$ 20 mil cada, foi a que apresentou a maior redução na inadimplência. Entre maio de 2023 e março de 2024, o número de pessoas inadimplentes nessa faixa caiu de 25,2 milhões para 23,1 milhões.
A média de descontos nas renegociações foi de 90% para pagamentos à vista e de 85% para pagamentos parcelados. Nas operações parceladas, a média das renegociações foi realizada em 13 prestações, com média de juros de 1,82% ao mês.
Os setores com os maiores volumes de renegociação foram os serviços financeiros (R$ 11,1 bilhões), securitizadoras (R$ 1,6 bilhão), e comércio (R$ 1 bilhão). Já os serviços não-financeiros com maior volume de operações foram contas de energia elétrica, conta de telefone, de internet e de água.
Mais beneficiados
Os Estados com mais beneficiados pelo Desenrola Brasil foram São Paulo (25,3%), Rio de Janeiro (11,3%) e Minas Gerais (8,6%). Os três também lideraram em volume de renegociação, somando R$ 2 bilhões.
PERSPECTIVAS
O sucesso do Desenrola Brasil serve como lição valiosa para o desenvolvimento de futuras políticas públicas de combate à inadimplência. Martins Filho defende a necessidade de políticas públicas permanentes que facilitem o acesso ao crédito e a renegociação de dívidas para a população mais vulnerável. “O programa mostrou ser possível auxiliar as pessoas a se reerguerem financeiramente e impulsionar a economia. É importante que o governo continue investindo em programas como o Desenrola Brasil", afirma. (Colaborou Marcelo Freitas)