Economista prevê dólar mais caro e juros altos com vitória de Trump
Donald Trump derrotou nas urnas a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e voltará à Casa Branca em 2025. Ele será o 47º presidente dos EUA. Sendo um dos assuntos mais comentados de quarta-feira, 6, a vitória de Trump repercute e influencia na economia do Brasil e de Rio Preto, já que a cidade exporta para os EUA.
Um dos pontos defendidos pela campanha do presidente eleito, é o protecionismo. Para especialistas, essa política deve tornar o dólar mais caro e os juros mais altos.
O economista de Rio Preto Hipólito Martins Filho, destaca que, dentre as medidas defendidas por Trump, uma delas é o aumento das alíquotas de exportações, o que deve impactar de forma direta na economia brasileira. "Tudo aquilo que exporta vai ficar mais caro. O produto ficando mais caro, vende menos. Então, certamente nós vamos exportar menos para lá. Exportando menos, gera menos dólar para o Brasil, que gera menos reservas cambiais, e gera mais desemprego", afirma.
Rio Preto exporta bastante para os Estados Unidos. Entre os meses de janeiro e setembro deste ano, a cidade exportou 8,2 milhões de dólares aos EUA, e importou 7,7 milhões de dólares, de acordo com dados do Comex Stats, programa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Durante o mesmo período em 2023, a exportação foi de 5,5 milhões de dólares e importou 9,9 milhões de dólares.
O especialista afirma que essa política deve gerar uma reação em cascata. "As medidas que ele pretende tomar vão fazer com que o dólar aumente. Com o dólar alto, é obrigado a aumentar o juro no mercado interno, aumentando os juros aumenta a inflação. E isso acaba prejudicando a nossa economia", diz o economista.
Hipólito ressalta que os impactos devem vir a médio prazo. "Eu acho que as propostas do Trump, para todo o mundo, são muito negativas. Todas as medidas que são tomadas em relação a juros, ou dólar têm efeito a médio prazo. O dólar é mais rápido, mas os juros são mais a médio prazo", destaca.
Ponto de vista
Hipólito Martins complementa dizendo que, por outro lado, a vitória de Trump vai obrigar o governo atual a fazer um ajuste fiscal mais forte. "Porque se não fizer um ajuste fiscal mais forte, os juros vão aumentar. E aí? De onde vai vir esse dinheiro para financiar a economia? De fora não virá. Então, eu acho que, a principal medida seja essa. O principal impacto na economia brasileira, o ajuste fiscal agora vai precisar ser feito".
Outro economista, José Mauro da Silva acredita que o novo governo americano não deve impactar muito no cotidiano dos brasileiros. "A gente soube da vitória do Trump e o dólar subiu, passou dos R$ 6. Mas não deve impactar porque tem diferença do que se fala e do que acontece na economia do dia a dia. A economia concreta, mesmo, não deve ser afetada por aqui", afirma.
Segundo da Silva, as exportações também não devem ser impactadas diretamente por ser diversa. "Nossa pauta de exportação é diversa. Deve ter um ajuste ou outro, mas, mesmo sendo um parceiro comercial considerável, os EUA não pesam ao ponto de importar. O Brasil tem outros mercados além de lá", conclui.
IMPREVISÍVEL
O assessor de investimentos e sócio na WIT Invest, André Yano, por outro lado, afirma que, por enquanto, não é possível saber ao certo o que vai acontecer. "Quando amanheceu na quarta-feira com a notícia do resultado, o dólar subiu 2%, a bolsa caiu 2%, então pensei que a curtíssimo prazo fosse atrair dinheiro para lá e tirar de países emergentes, como é o caso do Brasil".
O especialista também afirmou que nos EUA, a inflação está muito alta, e que esse deve ser um desafio para Trump.
"A gente deve ter cautela com a abordagem de 'fazer a América forte novamente'. Isso porque os EUA estão sofrendo com algo que não acontecia há 40 anos, que é a inflação muito alta. Nos EUA, o imigrante é importante para manter a estrutura. São eles que fazem o trabalho braçal, jardinagem, atendente em lojas, em fast foods. Se não tem essa mão de obra, a inflação sobe", finaliza. (Colaborou Marcelo Freitas)