Na contramão do País, Rio Preto eleva emissão de gases do efeito estufa
Em 2022, o Brasil emitiu 2,6 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Em 2023, houve uma queda para 2,3 bilhões. No entanto, Rio Preto foi na contramão, apresentando um aumento das emissões. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) indicam que, em 2022, a cidade emitiu 1,088 milhão de toneladas de gases de efeito estufa. Em 2023, o valor subiu para 1,128 milhão em 2023 — um acréscimo de 40 mil toneladas.
Conforme a pesquisa do SEEG, realizada pelo Observatório do Clima, houve crescimento também na região. O total de emissão das 98 cidades da região passou de 11,5 milhões de toneladas para 11,9 milhões, ou seja, 400 mil toneladas a mais. No ranking da região, Rio Preto lidera seguida por Santa Adélia, Novo Horizonte, Palestina e Mendonça. As principais atividades humanas responsáveis por este aumento de emissões são transporte e agropecuária.
Para a elaboração da pesquisa, o SEEG considera todos os gases de efeito estufa incluídos no inventário nacional, como CO₂, CH₄, N₂O e HFCs, e os dados são apresentados também em equivalente de dióxido de carbono (CO₂e). Os gases de efeito estufa absorvem parte da radiação infravermelha refletida pela Terra, impedindo que essa radiação escape para o espaço. Dessa forma, retêm calor e aquecem a atmosfera, contribuindo para os recordes de altas temperaturas registados nos últimos meses, por exemplo.
Frota
A principal causa de poluição em Rio Preto é o transporte. Com 440 mil veículos, a cidade emitiu 724 mil toneladas de gases do efeito estufa apenas pelo setor de transportes, ou seja, 70,6% do total.
“O aumento da queima de combustíveis fósseis, que são altamente poluentes, está relacionado ao crescimento da nossa frota de veículos em circulação na região,” afirma o professor Arif Cais, docente do Departamento de Zoologia e Botânica do Ibilce.
Região
Segundo José Mário Ferreira de Andrade, engenheiro civil e sanitarista e professor de gestão ambiental, em Santa Adélia, Novo Horizonte, Palestina e Mendonça, a atividade sucroalcooleira é intensa e, na fase do plantio da cana-de-açúcar, ocorrem emissões em virtude principalmente do emprego de óleo diesel nas colheitadeiras, tratores e caminhões transportadores. "Em Novo Horizonte também há confinamento de gado bovino, fonte de emissões de metano, um poderoso gás de efeito estufa", afirma.
Falta verde
Doutora em ecologia, a professora Maria Stela Maioli Castilho Noll, do Ibilce/Unesp, atribui o aumento das emissões também à falta de florestas na zona rural e de áreas verdes nas cidades.
“Acredito que o desmatamento e os incêndios rurais, que ocorrem desde 2022, são fatores importantes. As queimadas aumentaram exponencialmente em 2024, mas já vinham crescendo. Estas emitem muitos gases de efeito estufa, e não temos florestas suficientes para captar o dióxido de carbono. A região Noroeste do estado de São Paulo é uma das mais desmatadas, com poucos fragmentos florestais,” afirma.
Para a professora, é fundamental investir em reflorestamento e na criação de áreas verdes nos municípios para reverter essa tendência de aumento nas emissões de gases de efeito estufa. “Precisamos de mais educação ambiental, não só para as crianças, mas também para adultos, especialmente gestores políticos, como prefeitos e vereadores, que necessitam compreender a importância de uma política ambiental eficaz,” sugere a pesquisadora.
Arif destaca que a cidade de Rio Preto adota boas práticas de despoluição. “Rio Preto tem um sistema de tratamento de esgoto muito eficiente e conta com coleta seletiva de resíduos sólidos. O aumento das emissões deve-se, em parte, às queimadas na zona rural,” afirma o acadêmico.
Lado positivo
As cidades que menos emitem gases do efeito estufa na região são Onda Verde, Vitória Brasil e União Paulista.
DADOS
Emissão de gases no Brasil
- 2022: 2,6 bilhões
- 2023: 2,3 bilhões
Cidades que mais emitiram gases do efeito estufa na região
Rio Preto
- 1.128.223 toneladas
- aumento de 3,63% em relação a 2022
Santa Adélia
- 713.586 toneladas
- aumento de 6,56% em relação a 2022
Novo Horizonte
- 581.445 toneladas
- aumento de 6,96% em relação a 2022
Palestina
- 402.480 toneladas
- aumento de 10,83% em relação a 2022
Mendonça
- 375.609 toneladas
- aumento de 8,04% em relação a 2022
Emissão em Rio Preto por setores
- Agropecuária: 6,2%
- Mudança de uso de terra e floresta: 0,3%
- Energia (transportes): 70,6%
- Resíduos: 22,9%
- Processos industriais: 0
Crescimento por setor em Rio Preto
Agropecuária
- 2022: 57.786 toneladas
- 2023: 68.961 toneladas
Mudança de uso de terra e floresta
- 2022: 546 toneladas
- 2023: 3.633 toneladas
Energia (transportes)
- 2022: 772.094 toneladas
- 2023: 792.655 toneladas
Resíduos
- 2022: 251.675 toneladas
- 2023: 256.461 toneladas
Processos industriais
- 2022: 0
- 2023: 0