Nova peça teatral da Cia. do Santo Forte faz temporada de estreia na Casa Nuvem, em Rio Preto

Em sua primeira empreitada como dramaturga, a atriz, diretora e performer Tauane Santo Forte estreia “MUSA”, espetáculo que será apresentado gratuitamente nesta sexta, 30, sábado, 31, e domingo, 1º de junho, na Casa Nuvem, em Rio Preto. A obra marca um novo momento da trajetória da artista à frente da Cia. do Santo Forte, propondo uma encenação de autoficção que revisita a figura da musa sob uma ótica crítica e contemporânea.
Resultado de um processo colaborativo, “MUSA” foi desenvolvido com orientação do ator e diretor londrinense Aguinaldo de Souza e envolveu rodas de conversa sobre gênero e sexualidade. A montagem coloca em cena o diálogo entre duas personagens — a ARTISTA e a MUSA —, numa inversão dos papéis historicamente atribuídos ao criador e à sua inspiração. Tauane interpreta a ARTISTA, enquanto a MUSA é vivida, em sistema de revezamento, por diferentes artistas convidados do teatro, da dança e do audiovisual: dJul3s, Gaia do Brasil, Hárlen Felix, Jessica Zago Paladino, Matheus Santana, Murilo Gussi, Reni Trombi, Rodolfo Kfouri e Zé Tomaz.
“A peça é sobre uma mulher que deseja contar sua própria história, ser dona de sua própria história. Em todas as produções anteriores da Cia. do Santo Forte, o meu processo de criação sempre foi inspirado em temas sociais, com um olhar para fora. Em ‘MUSA’, esse olhar se volta para dentro, tem a minha voz mais presente. Ela marca o momento em que me autorizo a me chamar como escritora”, afirma Tauane.
A escolha por diferentes intérpretes para a personagem-título reforça o caráter coletivo da obra. “A escolha pelo revezamento de intérpretes da personagem ‘MUSA’ da peça traz o amor como sinto nesse momento, mais no sentido de comunidade do que na unidade de um casal. E esse olhar surgiu durante os nossos Ritos Profanatórios (encontros mediados por Aguinaldo de Souza), quando me encantei com a possibilidade de diversas musas interagindo comigo em cena”, comenta a artista.
Com cenografia enxuta e foco na presença cênica e na palavra, a encenação permite que cada sessão ofereça ao público uma experiência singular — e que, vista em conjunto, evidencia a complexidade do vínculo entre artista e musa, sujeito e desejo, criação e identidade.
“Quando criei a Santo Forte, estava interessada em uma metodologia que possibilitasse o trabalho do ator a partir de procedimentos estéticos e políticos relacionados às religiosidades afro-brasileiras e ao feminismo. Hoje, percebo novas urgências que desejo discutir, como a necessidade de mulheres e pessoas gênero-dissidentes assumirem suas vozes e contar suas histórias”, ressalta Tauane.
O projeto “MUSA” é viabilizado por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, com recursos do chamamento público nº 04/2024-smc/pnab produção de obras artísticas, da Secretaria de Cultura de Rio Preto.