'Quando eu disse que não iria embora com ele, atirou em mim', conta mulher baleada por PM em Rio Preto

'Quando eu disse que não iria embora com ele, atirou em mim', conta mulher baleada por PM em Rio Preto
Victoria Lopes foi baleada na perna - Edvaldo Santos 15/12/2025

“Era nosso primeiro encontro. Parecia um homem muito bacana. Mas foi só me ver conversar com outras pessoas que se transformou. Quando eu disse que não iria embora com ele, ele atirou em mim”.

A produtora de conteúdo Victoria Moraes Lopes, 27, lembra dos momentos de pânico ao ser baleada por um policial militar durante um encontro amoroso na madrugada do dia 7 de dezembro.

Ela conta que não conhecia pessoalmente o cabo de 42 anos, tampouco sabia que ele era PM.

“Ele se apresentou como piloto de avião, me convidou para sair e eu aceitei. Ele me buscou em casa e fomos para um barzinho. Em um primeiro momento, eu estava gostando muito da companhia dele. Parecia um homem gentil”, afirma.

Segundo Victória, a situação mudou quando eles decidiram sair do bar e parar em um posto de combustível para beber.

“Fui na conveniência comprar uma ice e encontrei alguns amigos, então parei para cumprimentar. Quando voltei ao carro (do policial), parece que a máscara dele caiu. Estava nervoso e foi grosseiro comigo, dizendo que eu tinha saído com ele e não deveria conversar com outras pessoas”.

Com medo da reação desproporcional do homem, Victoria decidiu que não voltaria de carro com ele.

O cabo insistiu e, diante da recusa da vítima em entrar no veículo, ele atirou de dentro do carro para fora.

“Eu estava em pé ao lado da porta e não vi ele sacar o revólver. Eu estava olhando para tela do celular, porque estava esperando transporte por aplicativo”, explica.

Victoria afirma que, assim que atirou nela, o PM fugiu sem prestar socorro. Populares que estavam no posto acionaram o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar.

A vítima foi internada no Hospital de Base, onde passou por cirurgia. De acordo com o boletim médico, ela sofreu fratura exposta de côndilo lateral do fêmur e parafusos foram instalados para fixar o osso. Ela recebeu alta médica no dia 9. Porém, com fortes dores, tem retornado diariamente ao hospital para ser medicada.

A família já contratou advogado e vai requerer medida protetiva contra o policial, que foi afastado do patrulhamento de rua.

O caso foi registrado como disparo de arma de fogo e lesão corporal grave (com risco de vida).

A reportagem telefonou para o cabo, mas ele não atendeu às ligações.

Legítima defesa

Horas após o crime, o cabo se apresentou na 4ª Companhia, localizada na região da Represa e afirmou ao oficial responsável que se desentendeu com amigos de Victoria, tendo atirado em legítima defesa. Ele alegou que não sabia que havia atingido a jovem.

Acompanhado do comandante direto, ele se apresentou na Central de Flagrantes de Rio Preto, onde entregou um revólver calibre 38, supostamente utilizado no crime. A arma, que está regularizada, foi apreendida e será periciada.

Ao Diário, a Polícia Militar informou que afastou o cabo. “Diante da ocorrência registrada envolvendo um policial militar em horário de folga, foram adotadas imediatamente todas as medidas administrativas e legais cabíveis, e o policial se encontra afastado do serviço operacional”.

A corporação afirma que fará apuração imparcial e completa de todos os fatos.

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Victoria Lopes foi baleada na perna