Três mostras inéditas ocupam a sede da Robo.Art, em Rio Preto
As fronteiras entre corpo, memória e tecnologia são o eixo das três exposições inéditas que a Robo.Art inaugura nesta quinta, 4, às 20h, durante o evento Quinta Aberta, com entrada gratuita. Os trabalhos, realizados com recursos da Lei Paulo Gustavo São José do Rio Preto, propõem experiências que transitam entre o sagrado feminino, a virtualidade e o eletromagnetismo — sempre em diálogo com plataformas digitais, objetos mecânicos e instalações audiovisuais.
A videoinstalação multiplataforma “Presságio: Memórias Líquidas para Futuros Incertos”, criada por Vinicius Dall’Acqua, cofundador da Robo.Art, parte de quatro performances com os bailarinos Andrea Capelli e Vinicius Francês. A partir de dois solos e dois duos, o artista investiga como o corpo físico se desdobra no corpo virtual, apostando em utopias nascidas da interação entre movimento e tecnologia. O resultado ocupa televisores, iPads e óculos de realidade virtual.
“Trata-se de um tema que considero muito contemporâneo: a forma como nos relacionamos com o mundo, especialmente através da comunicação, internet e virtualidade, e como isso se integra cada vez mais à vida cultural cotidiana, uma vez que grande parte da nossa experiência, por assim dizer, está intrinsecamente ligada ao que acontece nas redes virtuais, dissociada da realidade física”, afirma Dall’Acqua, que dirige e produz o projeto, com assistência de Elissa Pomponio.
“Este trabalho funciona como um guia para o nosso próximo projeto cênico de dança, que almejamos concretizar entre 2026 e 2027, e que não se restringirá ao palco convencional, mas terá formato de espetáculo”, diz o artista.
SAGRADO FEMININO
A artista Giselda Cristina Rego apresenta a videoinstalação “Relevâncias: Experiência Física e Virtual”, originada de suas esculturas em baixo-relevo. As obras representam figuras associadas ao sagrado feminino brasileiro e universal — Yu’rema, Uiara e Divina Negra. As personagens ganham vida por meio de projeções animadas em técnicas 2D, 3D e Inteligência Artificial, criando um ambiente sensorial onde o corpo feminino aparece como força criadora e presença ancestral.
“Cada uma delas traz uma expressão do sagrado feminino, conectando a ancestralidade, natureza e diversidade cultural. São arquétipos que revelam aspectos como intuição, espiritualidade e emoção”, explica a artista. Para ela, as imagens projetadas funcionam como janelas para um universo simbólico que se entrelaça numa “espécie de dança sagrada”.
O trabalho foi desenvolvido em colaboração com Vinicius Dall’Acqua e Elissa Pomponio, responsáveis pela narrativa audiovisual que dialoga com a materialidade das esculturas. “O trabalho é um convite para refletirmos sobre o papel das mulheres na sociedade, para nos reconectar com a nossa essência e também para celebrar a diversidade por meio do sagrado feminino”, afirma Giselda.
O INVISÍVEL
Fechando o conjunto, a instalação “Fluxo Invisível”, de Gustavo Arão, volta-se ao eletromagnetismo, força que sustenta mecanismos cotidianos — de motores e dispositivos digitais às redes sem fio — mas raramente é percebida. “Mesmo presente em motores, dispositivos digitais, redes sem fio e sistemas automatizados, ele raramente é percebido. A obra convida o público a observar essa presença discreta, mas fundamental, que estrutura o mundo atual”, explica.
A instalação reúne objetos construídos com bobinas, solenoides, motores e circuitos eletrônicos, combinados a processos manuais. “Esse encontro entre técnica e gesto evidencia que, apesar da aparente complexidade da tecnologia, muitos de seus princípios continuam ligados à materialidade e ao corpo humano. Não é a tecnologia que importa, mas a nossa relação com ela”, diz Arão.
Alguns trabalhos transformam movimento em som, guiados por luzes que oscilam e disparam respostas sonoras. Em outra obra, palavras enviadas pelo público se convertem em códigos binários que ditam ritmos de luz e rotação. “O eletromagnetismo atua como o elo invisível entre esses processos, sustentando cada transição entre gesto, código e matéria. Nesse contexto, tecnologia torna-se linguagem”, afirma o artista. O projeto conta ainda com design de Elissa Pomponio e sonoplastia de Vinicius Dall’Acqua, também responsável pelas criações 3D.
Serviço
A abertura das exposições “Presságio: Memórias Líquidas para Futuros Incertos” (Vinicius Dall’Acqua); “Relevâncias: Experiência Física e Virtual” (Giselda Cristina Rego); e “Fluxo Invisível” (Gustavo Arão) acontece nesta quinta-feira, 4, na sede da Robo.Art, localizada na rua Doutor Presciliano Pinto, 1355, Boa Vista. A Visitação ocorre até 10 de janeiro de 2026 às quintas e sextas-feiras, das 17h às 21h; aos sábados e domingos, das 15h às 19h. Entrada gratuita. Autoclassificação: Livre (recomenda-se acompanhamento para crianças menores de 10 anos).

Redação 



