Vendedor de armas vai a júri por duplo homicídio em Rio Preto

Vendedor de armas vai a júri por duplo homicídio em Rio Preto
Perito analisa caminhonete (Marco Antonio dos Santos 21/8/2024)

A Justiça de Rio Preto pronunciou o vendedor de armas Isaac Moreira Neto, 23 anos, para que ele vá a júri popular pela execução do empresário Márcio Hortense, 62, e do gerente Fabiano da Silva, 48, ocorridas em agosto do ano passado, no bairro Anchieta.

O crime chamou atenção pela frieza do atirador, que ocupava o banco de trás de uma caminhonete e disparou contra a cabeça das vítimas, que não tiveram chance de defesa. As investigações apontam que o empresário e o funcionário dele foram mortos para ocultar a venda ilegal de uma arma que pertencia a Hortense.

Para o juiz Ricardo Palacin Pagliuso, da Vara do Júri, Isaac deverá ser julgado por duplo homicídio qualificado por emboscada, para assegurar a ocultação de outro crime, com uso de arma de fogo de uso restrito e contra vítima maior de 60 anos (Hortense).

De acordo com as investigações da Polícia Civil, o empresário e o gerente foram mortos quando o Hortense, que era de Borborema, foi buscar uma pistola Imbel 380 na loja em que o vendedor trabalhava. A arma desapareceu.

Imagens das câmeras da loja, registradas no dia do crime, mostram que Isaac usava as mesmas roupas que aparecem nas imagens do local do duplo homicídio.

Policiais apreendeeram na casa do então investigado uma mochila com a mesma inscrição da utilizada pelo atirador.

O inquérito aponta ainda inconsistências no interrogatório do vendedor, que afirma não se lembrar das características da pistola adquirida por Hortense. Ele afirmou que restaurou as configurações do celular para liberar espaço de memória e que não conhecia as vítimas, tampouco manteve contato com elas.

Outro indício que liga o vendedor à cena do crime é uma mancha de sangue encontrada no pedal da moto dele. Exame de DNA apontou que o sangue é do empresário morto.

Isaac está preso preventivamente.

Ao Diário, o advogado Juan Siqueira afirmou que vai recorrer da sentença de pronúncia.

“Não esperávamos nada de diferente. Em se tratando da primeira fase do júri, não se conhece nenhuma decisão que não seja pautada pelo in dubio pro societate ou literalmente ‘lava-se as mãos’ para que os jurados decidam. De qualquer modo, não estamos convencidos dos desacertos constantes em vários pontos, inclusive, quanto ao duplo homicídio, pois se a autoria é certa, como diz a acusação, então é um crime com uma única conduta que gerou dois resultados”, escreveu.

Até que finde as possibilidades de recurso, não será definida a data do julgamento.

Sem antecedentes

Aprovado em matemática na Unesp e sem antecedentes criminais, o suspeito preso ostentava fotos e vídeos em uma rede social em estandes de tiro. As imagens demonstram que ele tem tirocínio com armas longas e pistolas, acertando alvos estáticos com precisão.

A reportagem apurou ainda que o vendedor, que trabalhava em uma conhecida loja especializada em armas de Rio Preto, foi aprovado em concurso público da Polícia Militar para o cargo de soldado de 2ª classe.

A convocação dele para exame de aptidão física foi publicada em edição de maio do ano passado, no Diário Oficial do estado. O Teste de Aptidão Física (TAF) teria sido realizado em junho.