Café conilon produzido na região é premiado em concurso
A produção de café ganha novo impulso e incentivo de uma cultura que, desde o século XIX, movimentou a economia de muitas cidades paulistas, e como ocorreu na região Noroeste, acabou dando lugar para as lavouras de cana-de-açúcar. Neste contexto, a secretaria de Agricultura lançou um concurso para cafeicultores que se dedicam a produzir cafés especiais. Entre participantes de 77 municípios e com 400 amostras das espécies arábica e canephora (conilon/robusta), a família do agricultor Talles Gabriel Martins da Conceição recebeu um dos prêmios de melhor café da variedade conilon.
“Ficamos muito felizes e surpresos com a premiação. Aqui no estado de São Paulo ninguém plantava a variedade de café conilon, e após uma viagem do meu tio ao estado do Espírito Santo, plantamos em Catanduva com as mudas que ele trouxe. É um sonho de família, porque meu avô sempre gostou da cultura e queria muito dar continuidade à produção cafeeira”, conta Talles.
No ano passado, Talles plantou 1.500 mudas de conilon e teve a primeira colheita neste ano, além de produzir também o café da variedade arábica que leva a marca Armênio, uma homenagem ao avô do produtor. “No passado, meu bisavô ganhou muito dinheiro com a produção de café. Mas na década de 80, a família não conseguiu manter a lavoura, que deu lugar a frutas, ao amendoim e, atualmente, a cana”, ressalta.
Sabor e produtividade
Talles contou ainda que o avô sempre manteve mudas de café da variedade arábica, e atualmente, a família voltou a plantar o grão. O incentivo, segundo o agricultor, veio da participação no programa do governo do estado para cafeicultores interessados em investir na variedade canephora. “Recebemos a orientação da Cati, de Catanduva, e com isso conseguimos produzir um café que ficou na terceira colocação como o melhor dessa variedade”.
O agrônomo e diretor da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), de Catanduva, Claudio Giusti de Souza, destaca que apesar de a produção regional ainda não atingir grande volume do conilon, o cultivo tem manejo adequado, produtividade em campo e, principalmente, o beneficiamento do grão garantiu qualidade ao sabor da bebida, que levou o produtor a ganhar o prêmio.
“É importante os produtores que recebem as nossas orientações e seguem o manejo adequado, garantindo renda e qualidade no grão. Outro destaque é que os cafés de qualidade vão para a exportação”, disse Claudio.
De acordo com dados da Secretaria estadual de Agricultura, o estado de São Paulo é o terceiro maior produtor de café do Brasil, com estimativa de 4,4 milhões de sacas (60 kg) na safra 2024-2025. Além disso, na balança comercial paulista, o café desponta como o sexto produto mais exportado.
Canephora se adaptou ao clima quente da região
A espécie canephora ou conilon vem conquistando espaço mundial, sendo que 70% da produção brasileira se concentram no estado do Espírito Santo. Para alavancar a produção paulista, o governo lançou, no ano passado, o Programa Estadual de Incentivo ao Cultivo de Coffea canephora. Segundo o pesquisador Fernando Nakayama, a região Noroeste é de clima quente e seco, sendo indicado o cultivo do café canephora ou conilon-robusta para regiões de baixa altitude e altas temperaturas.
Fernando também explica que o programa atende a uma demanda crescente do mercado mundial por esse tipo de grão. “Hoje, mais de 20 produtores já contam com áreas experimentais do cultivo de canephora no estado de São Paulo, e os concursos que vêm sendo realizados provaram que a qualidade do café na xícara apresenta qualidade, principalmente pelo material usado no campo e as características climáticas ideais do nosso estado”, comenta.
O consumo de café, segundo o pesquisador, no estado paulista é maior em relação a outras regiões do País, e mundialmente, o café canephora vem também crescendo, especialmente nos países asiáticos. “Por isso é importante incentivarmos a produção em São Paulo, estado que também concentra grandes beneficiadoras e torrefadoras de café”.
Além de o conilon ser usado na indústria da torrefação tradicional, para os blends de café arábica, o pesquisador afirma que a variedade canephora é mais forte, possui mais cafeína, sendo a base para outros tipos de bebida com café. (CC)
Concurso melhores cafés
O concurso estadual ‘Qualidade do Café de São Paulo’, em sua 24ª edição, foi realizado no mês de novembro, no Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, quando foram premiados os 50 melhores cafés paulistas. O evento reuniu cafeicultores de várias regiões do estado, com a participação do Noroeste e do produtor de Catanduva, e que se dedicam à produção de cafés de alta qualidade.
Segundo a Secretaria estadual de Agricultura, no total foram premiados produtores em cinco categorias: arábica natural, arábica cereja descascado, arábica fermentado, arábica orgânico e canephora (conilon/robusta).
Os três melhores cafés paulistas de 2025 foram produzidos em Barra do Turvo, Campinas, Brotas, Divinolândia, São Sebastião da Grama, Bragança Paulista, Socorro, Itapira, Caconde, Getulina e Catanduva.
A região de Catanduva, conforme o pesquisador Fernando Nakayama, aponta que está credenciada para a produção do conilon. “O produtor Talles teve o apoio dos profissionais da Cati, mas teve também a iniciativa de cultivar o material genético do Espírito Santo e pudemos avaliar por aqui. Além disso, ele teve todos os cuidados durante o cultivo no campo e com a pós-colheita, conquistando a terceira colocação no concurso estadual”, ressaltou. (CC)

O produtor Talles e o pai, Marcos Antônio Martins da Conceição ganharam o prêmio de melhor café paulista

Redação 



