Coronel Fábio anuncia que vai cobrar 'taxa do lixo' em Rio Preto

Coronel Fábio anuncia que vai cobrar 'taxa do lixo' em Rio Preto
Coronel Fábio Candido em discurso de abertura da Semana Integrada de Meio Ambiente nesta segunda (Jeniffer Maciel/Prefeitura de Rio Preto)

O prefeito de Rio Preto, Coronel Fábio Candido (PL), afirmou nesta segunda-feira, 2, durante a abertura da 23ª Semana Integrada de Meio Ambiente, que pretende implantar no município a cobrança da “taxa de lixo”. Em seu discurso, o prefeito também falou sobre realização de obras antienchente na avenida Murchid Homsi, em parceria com o Estado, ainda sobre obras de drenagem em córregos da cidade.

O chefe do Executivo falou sobre a cobrança da taxa em seu discurso e posteriormente em entrevista ao "Disforme Podcast". Segundo a assessoria da Prefeitura, não há uma previsão de prazo para início dessa cobrança, nem detalhamento de valores.

O prefeito afirmou no evento, realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, que estudos sobre a implementação dessa cobrança estão a cargo dos secretários de Meio Ambiente, Paulo Pagotto; da Fazenda, Nelson Guiotti; e do Planejamento, Mauro Silva.

Segundo o Coronel, a cobrança a ser adotada no município está prevista em lei federal em vigor desde 2020, o Marco do Saneamento Básico. Disse, ainda, que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) tem cobrado o município para que faça essa implementação.

Estudo

"Temos estudado essa questão, só que, recentemente, em alguns apontamentos do Tribunal de Contas do Estado, o prefeito municipal está sendo cobrado para instituir a taxa do lixo aqui no nosso município. Não é essa a nossa ideia. No entanto, a não obediência a esses mandamentos legais pode trazer sérios problemas para a administração municipal, inclusive improbidade administrativa", afirmou o prefeito na entrevista concedida após o evento.

Coronel Fábio chegou a dizer na entrevista que o estudo "está sendo finalizado" e que por conta da norma federal e por questionamentos do TCE a taxa será adotada "em breve espaço de tempo".

A assessoria da Prefeitura, por sua vez, afirmou que a medida "encontra-se em fase preliminar, com a realização de estudos técnicos detalhados". "Ressaltamos que, neste momento, não há nenhuma cobrança em vigor e tampouco definição da legislação a ser adotada", afirma a assessoria.

Por se tratar de um tipo de tributação, a instituição da taxa de lixo exige projeto de lei do Executivo. Com isso, a proposta precisa ir a votação na Câmara antes de ser implementada.

Lei federal

A lei federal de 2020 estipulou que no prazo de um ano os municípios deveriam instituir a cobrança. A lei determina que "serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade econômica-financeira assegurada por meio de remuneração pela cobrança dos serviços".

TCE

Em 2022, o TCE alertou municípios sobre a necessidade de Plano de Saneamento Básico e sobre a cobranças de serviços de coleta de resíduos. Em 2023, segundo levantamento do tribunal, 67% das prefeituras do Estado haviam instituído a cobrança da taxa ou tarifa por serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, enquanto em 33% deles a medida ainda não era adotada. O tribunal alertou que a falta da cobrança acarretaria "renúncia de receita", em desacordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Faixas

O prefeito afirmou que a taxa será colocada em prática, "onerando quem produz mais lixo, que são as pessoas que têm mais condições financeiras e que acabam gerando mais resíduos, e onerando menos quem tem menos condições, inclusive os que produzem menos lixo".

"Em alguns casos, até vamos propiciar a isenção dessa taxa para a maior parte da população de baixa renda", afirmou na entrevista depois do evento.

O prefeito também disse que a intenção é fazer com que os grandes produtores de lixo celebrem contratos particulares para que o material seja coletado "sem onerar o bolso do contribuinte".

"Então, são medidas assertivas e racionais, que, de forma muito tranquila, vamos adotar, infelizmente, porque gostaríamos de não colocar em prática essa taxa no nosso município, mas por mandamento legal e pela própria fiscalização do Tribunal de Contas, vamos ter que, em breve espaço de tempo, introduzi-la aqui na nossa cidade", disse.

Prefeitura

Segundo a assessoria da Prefeitura, o município analisa "experiências de municípios que já regulamentaram a taxa, a fim de desenvolver uma proposta que seja justa, equilibrada e compatível com a realidade de nossa cidade".
A assessoria afirma que uma das "hipóteses viáveis, ainda em estudo e análise comparativa, leva em consideração uma modelagem com parâmetros como a faixa de renda da população, tipo de imóvel, área construída e frequência de coleta".

O governo também informou que outra situação em análise se refere aos grandes geradores de resíduos, como empresas, comércios e estabelecimentos que produzem volumes muito acima da média residencial.

"Busca-se garantir a proporcionalidade para quem gera mais resíduos, conforme preconizado no princípio do poluidor-pagador, da Política Nacional do Meio Ambiente."

Na resposta encaminhada à reportagem, o município também afirma que no "decorrer de todo o processo, a sociedade e as instituições públicas e privadas serão chamadas para aperfeiçoar essa iniciativa".

Antes

A taxa de lixo era prevista em lei de Rio Preto na década de 1980. Anos depois, em 1995, a cobrança foi revogada, por meio de lei que foi aprovada na Câmara Municipal.