Delegacia Seccional de Rio Preto vai investigar Fábio Marcondes

O delegado da Delegacia Seccional de Rio Preto Antônio Nascimento determinou, nesta segunda-feira, 24, a abertura de inquérito para investigar Fábio Marcondes (PL) pelo crime de injúria racial.
O vice-prefeito de Rio Preto é acusado de ofender o segurança do Palmeiras Adilson Antônio de Oliveira, de 48 anos, chamando-o de "macaco velho". A agressão verbal ocorreu no último domingo, 23, quando o time paulistano jogou contra o Mirassol pelo Paulistão no Estádio José Maria de Campos Maia, casa do adversário.
O inquérito está sendo conduzido pela Delegacia Seccional por se tratar de uma autoridade política. A abertura do inquérito foi anunciada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, por meio de uma postagem no Twitter. "Não podemos permitir que condutas racistas fiquem impunes em nosso estado", declarou o secretário, filiado ao PL, mesmo partido de Marcondes.
Marcondes já foi investigado por agressão a uma servidora municipal e por ameaçar o então secretário de Desenvolvimento Econômico de Rio Preto, Carlos Arnaldo, em 2012. Ele também foi alvo de apuração após dar um tapa no rosto de um estudante durante uma manifestação na Câmara de Vereadores, em 2013.
OCORRÊNCIA
Conforme o boletim de ocorrência, registrado como injúria racial no plantão da delegacia de Mirassol, Adilson afirma ter sido chamado de "macaco" por Marcondes após pedir que o filho do vice-prefeito saísse de uma área no estacionamento do clube, destinada ao ônibus dos jogadores do Palmeiras. A cena foi registrada por um operador de câmera da TV Tem, que cobria a partida.
“O crime é de injúria racial, com pena de dois a cinco anos de reclusão. A investigação será detalhada. Já colhemos depoimentos das partes envolvidas e realizaremos todas as apurações necessárias para que, no máximo em 30 dias, tenhamos as conclusões”, afirmou o delegado seccional. O inquérito final será encaminhado ao Ministério Público e, se for o caso, à Justiça.
Renato Camacho, delegado designado para conduzir o inquérito, pretende convocar Marcondes para prestar depoimento ainda nesta semana. Além disso, ele busca incluir como prova as imagens da confusão, registradas por uma equipe da TV Tem.
“Já enviei um ofício solicitando o vídeo. Caso seja o mesmo que circula nas redes sociais, ele será fundamental para o esclarecimento dos fatos”, declarou o delegado.
O vídeo também mostra pelo menos dois policiais militares presentes no momento em que Marcondes xingou o segurança, mas eles não efetuaram sua prisão em flagrante, como prevê a lei.
Questionado sobre a inércia dos policiais militares, o comando regional da PM informou que conduziu o segurança até a delegacia de Mirassol para registrar o boletim de ocorrência, mas não esclareceu o motivo de os agentes não prenderam Marcondes em flagrante.
Já o Mirassol Futebol Clube divulgou uma nota oficial repudiando veementemente qualquer ato de racismo ou discriminação racial. "A intolerância e o preconceito não têm lugar em nossa sociedade, e é inaceitável que atos dessa natureza ocorram." No entanto, o clube não explicou o que o vice-prefeito e seu filho faziam no estacionamento reservado ao time visitante. A diretoria da agremiação afirmou que investigará o caso.
Outro lado
O advogado de defesa de Marcondes, o criminalista Edlênio Xavier Barreto, nega que seu cliente tenha cometido qualquer crime. Ele classificou Adilson como "suposta vítima", chamou de parcial a versão registrada em vídeo, questionou a falta de perícia na imagem, considerado uma das principais provas contra o vice-prefeito.
“Os vídeos divulgados ainda não passaram por análise pericial e, portanto, não serão objeto de pronunciamento oficial neste momento. Reservamo-nos o direito de nos manifestar oportunamente”, afirmou o advogado.
Ele ainda reforçou que "o Sr. Fábio Marcondes não cometeu nenhum delito e permanece à disposição das autoridades".
Nas redes sociais, Marcondes divulgou nota. "De acordo com o Boletim de Ocorrência, os eventos tiveram início com uma discussão originada a partir de ofensas dirigidas ao meu filho, o que evidencia a necessidade de uma investigação minuciosa, justa e imparcial", postou. " Afirmo com convicção que jamais tive a intenção de ofender ou prejudicar qualquer indivíduo ou grupo – em especial, o segurança da delegação da Sociedade Esportiva Palmeiras", consta na postagem, que inclui a nota de seu advogado.