Audiência eleva pressão e Coronel cogita rever o local do Centro Pop em Rio Preto

Audiência eleva pressão e Coronel cogita rever o local do Centro Pop em Rio Preto
Galerias da Câmara ficaram lotadas na noite desta quarta-feira, 14, na Câmara de Rio Preto (Divulgação/Câmara de Rio Preto)

Audiência pública na noite desta quarta-feira, 14, na Câmara de Rio Preto, aumentou a pressão sobre o governo do Coronel Fábio Candido (PL) contra a decisão de transferir o Centro Pop, que faz atendimento e encaminhamento de moradores em situação de rua, para a Vila Esplanada, ao lado do bairro Boa Vista.

Em paralelo ao aumento das queixas, o governo avalia outro local para a construção do centro de atendimento. O local inicialmente anunciado fica numa área da Prefeitura perto do Ambulatório de Doenças Crônicas Transmissíveis. Atualmente, o Centro Pop fica próximo do viaduto Jordão Reis.

REAÇÃO

A alteração para o Esplanada foi confirmada pelo prefeito em reunião na segunda, 12, com autoridades. No dia seguinte, moradores vizinhos ao novo endereço do Centro Pop começaram a se mobilizar contra a alteração, com apoio de vários vereadores, inclusive governistas, que adotaram tom crítico à medida. Vereadores pretendem levar grupo de moradores da região para falar com o prefeito.

A audiência reforçou o descontentamento de moradores, que questionam o motivo da mudança sem que tenha ocorrido uma consulta a eles. As galerias, onde cabem 220 pessoas, estavam lotadas. Faixas e cartazes colocaram em xeque a medida anunciada pelo chefe do Executivo.

Moacir Gomes, morador do bairro Boa Vista, questionou o aumento de medidas de segurança para a região em caso de mudança para o Esplanada. Afirmou, ainda, que já foi roubado quatro vezes no bairro Boa Vista.

Falta de estrutura no bairro também foi apontada na audiência. "O Boa Vista é um bairro histórico, um dos primeiros da cidade, mas que hoje sofre com abandono. Nosso bairro já está fragilizado", disse Alana Cegarra, moradora do bairro e noiva do vereador Felipa Alcalá (PL), que já se posicionou contra à mudança. Alcalá estava na audiência.

Pela manhã, já com rescaldo de manifestações registradas durante a sessão de terça, Coronel defendeu a mudança de local, mas disse que "outras possibilidades" estão em estudo. O prefeito afirmou que a estrutura atual não viabiliza atendimento 24 horas e ampliação de serviços propostos pelo Executivo.

"Para que possamos ampliar esse trabalho, precisamos de um aparelho público que faça esse trabalho integral 24 horas, por isso a alteração é necessária", disse o prefeito. "Há outras possibilidades, no entanto, a comissão que teve reunião recentemente entendeu que, dentro do contexto apresentado, aquele local seria ideal" , disse.

ALTERNATIVA

A reportagem apurou que o governo avalia levar o Centro Pop para um terreno da Prefeitura na avenida Philadelpho Gouvea Neto. O local é mais próximo do atual endereço do Centro.

Na entrevista, o prefeito negou que tenha um pedido de rede de hipermercado para que o Centro Pop deixe o ponto onde está. "Nesta decisão, não há nenhuma pressão do setor privado", disse.

A audiência foi conduzida pelo presidente da Comissão de Cidadania da Câmara, João Paulo Rillo (Psol), com as presenças dos presidentes da Comissão de Segurança, Alexandre Montenegro (PL); da Comissão de Direitos dos Idosos, Pedro Roberto (Republicanos); e da Comissão de Direitos Humanos, Jonathan Santos (Republicanos).

Os parlamentares questionaram a decisão do Executivo sobre o destino do novo Centro Pop. Outros vereadores que se posicionaram contrários foram Jean Dorlenas (MDB), Renato Pupo (Avante) e Jorge Menezes (PSD). Também estavam na audiência o presidente da Câmara, Luciano Juilão (PL), Bruno Moura (PRD), Celso Peixão (MDB), Julio Donizete (PSD) e Odélio Chaves (Podemos).

Futuro secretário de Governo, Eduardo Tedeschi (PL) chegou a ser interrompido por mais de uma vez ao se manifestar. No final, disse que iria levar como sugestão ao prefeito a mudança para a área da avenida Philadelpho.

O juiz da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin, também participou da reunião, assim como o defensor público Julio Tanone. Ambos registraram que há uma situação grave com moradores em situação de rua que necessita de ação conjunta das autoridades e da Prefeitura para atendimentos e encaminhamentos, como no caso de tratamento por dependência química. Pelarin defendeu a retomada de mutirões de atendimentos. Na segunda, o prefeito disse que as ações serão retomadas.

O governo do Coronel Fábio Candido não enviou representantes à audiência.