Estado lança guia, mas 'esquece' Cristos espalhados pela região de Rio Preto

Estado lança guia, mas 'esquece' Cristos espalhados pela região de Rio Preto
Imagem aérea do Cristo em Rio Preto, na Maceno: estátua foi construída em 1957, na gestão de Andaló (Guilherme Baffi/Arquivo)

Uma imagem comum na entrada de cidades ou em pontos estratégicos nos municípios, os monumentos do Cristo Redentor estão espalhados pela região de Rio Preto. E quatro deles agora fazem parte de um guia que reúne locais com estátuas semelhantes à do Rio de Janeiro. Sessenta e seis cidades paulistas foram listadas, e ao menos 14 da região ficaram de fora do guia.

O material foi divulgado pela Secretaria de Turismo e Viagem do Estado de São Paulo, após levantamento feito pela pasta em 2023. Rio Preto e outras três cidades da região, Cardoso, Ibirá e Paulo de Faria, estão inseridas no guia. Mas pesquisa do Diário, com auxílio da Diocese de Rio Preto, encontrou outras 14 cidades do Noroeste paulista com estátuas.

Questionada, a pasta não respondeu sobre o motivo da ausência das cidades no guia.

Imagens

Segundo a Secretaria, as estátuas não apenas adornam paisagens urbanas e naturais, servem também como pontos de encontro, reflexão e contemplação para os habitantes locais e visitantes.

O “guia do Cristo” traz imagens e informações sobre as estruturas construídas nas cidades. Em Cardoso, o Cristo está localizado na avenida Edson Borges de Paula, mede 6,10m por 3,0m de largura (extremidade das mãos do Cristo). Em Ibirá, o Cristo foi construído no Thermas, e, em Paulo de Faria, a estátua fica no bairro Jardim Redentor e conta com uma pista de caminhada, praça de exercício físico e brinquedos para moradores locais.

Em Rio Preto, a réplica do Cristo Redentor fica localizada na Vila Maceno. A estrutura foi construída em 1957, pelo então prefeito Alberto Andaló. O monumento tem 15,3m de altura, do pedestal ao cume, e envergadura de 11,2m nos braços abertos.

História

Mas por que será que a réplica do Cristo Redentor é tão comum no interior? O professor Vladimir Miguel Rodrigues, que atua na área de sociologia, explica que algumas dessas cidades, como Rio Preto, surgiram no Brasil Império (1822-1889), quando a religião oficial do Estado era o catolicismo e não havia laicidade. Os nomes das cidades passaram a homenagear santidades e, como consequência às tradições coloniais, os símbolos religiosos começaram a ser construídos em espaços públicos.

“Algo que continuou mesmo em meio ao advento da república, em 1889. Além disso, como o catolicismo era a religião dominante desde a colônia, tornou-se comum construir esses monumentos nas cidades brasileiras”, afirma.

Ele ressalta que, embora haja controvérsia entre as variantes do cristianismo, na originalidade entre os católicos as estátuas relacionam-se a bençãos ao povo brasileiro, uma expressão à divindade de Cristo e tudo aquilo que remeta à riqueza espiritual que sua imagem representa. “Além de ser um local de espiritualidade para os fiéis, o lugar, dependendo de sua relevância e estética, pode atrair turistas e movimentar a economia da cidade”, finaliza.