Inflação e aumento dos juros imobiliários preocupam construção civil para 2025

Inflação e aumento dos juros imobiliários preocupam construção civil para 2025
Segundo especialistas, o ano de 2025 tem espaço para crescimento, mas sem exageros (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

A alta de 6,34% do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), conhecido como a inflação da construção civil, já causa preocupações no setor. As empresas que atual em Rio Preto se preparam para um ano de 2025 com otimismo moderado foco em estratégias que permitam conter os impactos da inflação e dos juros altos. O índice é aferido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em dezembro do ano passado, a alta no índice geral da construção foi de 0,5%. Os custos com materiais e equipamentos 0,58% em dezembro, enquanto os custos com mão de obra mantiveram-se praticamente estáveis, variando de 0,54% para 0,49% entre novembro e dezembro.

No Estado de São Paulo, o custo médio da construção alcançou R$ 1.903,01 por metro quadrado (m²) em dezembro. Segundo o índice CUB do SindusCon-SP, os materiais que mais encareceram no ano foram o fio de cobre antichama (13,07%), bloco de concreto (12,74%), emulsão asfáltica para impermeabilização (10,37%).

Segundo o diretor-regional do SindusCon-SP, Rafael Luís Coelho, os aumentos foram motivados pela alta demanda, carência de mão de obra, inflação e descontrole dos gastos públicos. A Caixa Econômica Federal reajustou, por exemplo, elevou os juros dos financiamentos imobiliários.

“A demanda na construção civil continua muito alta, gerando carência de mão de obra especializada. Além disso, o valor dos materiais cresce com a inflação nacional. O descontrole dos gastos públicos e os juros elevados impactam diretamente nos custos de produção, agravando o cenário” diz.

Impacto

O impacto das ações do governo sobre o setor pode ser ainda maior se o governo não controlar o déficit público, segundo o economista Bruno Sbrogio. “Empreiteiras terão de repassar custos e cortar investimentos, enquanto os consumidores enfrentarão dificuldade no acesso ao crédito e menor renda para adquirir imóveis”, afirma.

Pressão

A pressão provocada pelos custos reflete diretamente no valor final de um imóvel. Victor Almeida, presidente-executivo do Conselho de Administração da Pacaembu Construtora, um novo pico inflacionário, como o de 2021, que elevou o INCC para 14%, mais que o dobro do cenário atual, pode provocar problemas no setor.

“Temos que fazer elevações nos preços para acompanhar a inflação. Se houver um pico inflacionário como em 2021, podemos ter um descasamento entre a capacidade de financiamento do comprador e o preço necessário para manter as vendas” diz.

Para manter as vendas em bom patamar, a construtora decidiu adotar estratégias diferentes para fisgar os compradores. “Flexibilizamos a entrada, permitindo parcelamentos de até 60 vezes em algumas regiões. Isso ajuda os clientes a manterem o poder de compra”, completa. (Colaborou Ana Beatriz Aguiar)