Jovem é condenada a 35 anos de prisão por encomendar a morte da família em Votuporanga

Jovem é condenada a 35 anos de prisão por encomendar a morte da família em Votuporanga
Imagem de vídeo encontrado no celular de um dos suspeitos, com vítimas amarradas (Reprodução)

A Justiça de Votuporanga condenou Viviane More Ramos a 35 anos de prisão por, junto do marido, Carlos Alberto de Assis Ramos, ter encomendado a morte do próprio pai, Wladmyr Baggio, 56, e do irmão, Vitor More Baggio, 22, mortos a tiros na propriedade rural da família em maio de 2023.

O crime teria como motivação a herança da família. Carlos, que é advogado, e o criminoso contratado por ele para executar o crime receberam a mesma pena. Um comparsa chamado para ajudar a emboscar as vítimas pegou 23 anos de prisão.

Plano

Segundo denúncia do Ministério Público de Votuporanga, baseada em investigação da Polícia Civil, três dias antes do crime, Viviane, de 27 anos, e Carlos se encontraram com Gustavo Henrique de Oliveira da Cruz em uma loja de conveniência para acertar detalhes do crime.

Conforme a investigação, o advogado entregou ao suspeito um revólver calibre 38 e R$ 1,5 mil como parte de um adiantamento pela execução da família de Viviane – o que incluía a mãe dela, que viajou de última hora e escapou da morte.

O casal passou para Gustavo todas as informações sobre a rotina dos moradores do sítio, bem como objetos de valor que havia na propriedade. Teria sido Carlos quem levou Gustavo até as proximidades do sítio para que ele estudasse o local.

Naquela oportunidade, Gustavo andou pelo terreno e acabou sendo fotografado por Wladmyr. A vítima compartilhou a foto do homem em um grupo de WhatsApp chamado “Vigilância Rural”.

Gustavo chamou Luís Henrique dos Santos Andrade para ajudá-lo a emboscar as vítimas. Em áudio obtido pela polícia, ele diz que o crime “é fita dada” por uma familiar revoltada com fatos do passado.

Crime

Durante a madrugada do dia 11, os dois renderam Vitor quando ele chegava no sítio. O pai dele percebeu e escreveu um pedido de socorro no grupo de WhatsApp. Quando a polícia chegou ao local, pai e filho já tinham sido mortos com tiros na cabeça.

Os bandidos separaram objetos de valor na caminhonete da família, que também seria roubada, mas a polícia apareceu e eles fugiram levando apenas itens que poderiam carregar, como R$ 428 em dinheiro, um celular e duas pistolas airsoft.

Prisão

Preso, Gustavo assumiu o crime, deu detalhes da reunião na loja de conveniência e afirmou que receberia R$ 30 mil do casal. No celular dele a polícia encontrou um vídeo das vítimas amarradas em cadeiras, além do "print" de uma conversa em áudio com Carlos.

Denúncia

O Ministério Público de Votuporanga denunciou os quatro envolvidos por latrocínio.

“Houve a união dos quatro acusados, todos culpáveis, para a prática dos crimes em julgamento. Todos eles desempenharam um papel relevante para o sucesso da empreitada criminosa, havendo colaboração efetiva de cada um”, escreveu o juiz José Guilherme Urnau Romera, da 2ª Vara Criminal de Votuporanga.

Pena

Viviane, o marido Carlos e o executor Gustavo foram condenados a 35 anos de prisão.

Com relação ao réu Luís Henrique, o juiz diminuiu a pena para 23 anos e quatro meses de prisão. O magistrado considerou a confissão do criminoso, que colaborou com as investigações. Ele afirmou que não sabia que Gustavo e o casal tinham combinado de matar as vítimas. Alegou que foi chamado apenas para cometer um roubo e que, ao perceber a intenção de Gustavo no local do crime, fugiu antes de ele atirar contra Wladmyr e Vitor.

Além da sentença, o grupo foi condenado a indenizar em R$ 100 mil a viúva Tiemi More Baggio.

Defesa

Até o momento, apenas a defesa de Gustavo apresentou recurso contra a sentença.

A reportagem solicitou nota da advogada Mariflávia Peixe, que representa o casal. O conteúdo será atualizado em breve.