Morre em Rio Preto a jornalista Cecilia Demian

A jornalista Cecilia Demian morreu nesta sexta-feira, 29, aos 78 anos, deixando um legado na comunicação rio-pretense. Reconhecida pela sua dedicação, ética e perspicácia na cobertura de temas históricos e religiosos, Cecília atuou por 27 anos ininterruptos no Diário da Região, de 1989 a 2016. Foi repórter, editora e assinou a icônica coluna Perfil.

Cecilia era formada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e em Jornalismo pela Unilago. Cofundadora da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura, ocupava a cadeira nº 6, e se destacou como organizadora de obras relevantes, como “Medicina é minha vida”, do Dr. Gilberto Lopes da Silva, e “São João das Águas Paradas”, que narra a história da cidade de Américo de Campos.

Além disso, foi autora de diversas publicações, incluindo “Orani, pastor da unidade”, “50 anos de história de nossa gente (Diário da Região)”, “João Roberto Antônio: histórias e memórias” e “Roberto Toledo nas ondas do rádio”, sendo os dois últimos lançados pela Serifa Editora. Nos últimos anos, trabalhou na Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Rio Preto.

O diretor do Grupo Diário, Fabiano Castro Buzzini, disse que Cecilia, por sua ética e competência, engrandeceu a história do Diário da Região durante os 27 anos que ela trabalhou na empresa. "Lembro-me de dois fatos inesquecíveis que marcaram sua trajetória: a viagem ao Vaticano em 22 de fevereiro de 2014, juntamente com minha mãe e irmã para cobrir a nomeação do ex-bispo de Rio Preto como cardeal, dom Orani Tempesta. Foi um trabalho jornalístico que marcou a sua história. O outro fato era as reuniões com meu pai Norberto para definirem os próximos personagens da memorável coluna Perfil, que retratava as personalidades que fizeram a nossa história".

Pesar

O bispo Dom Vilar emitiu uma nota de pesar. “Cecilia Demian fez do exercício ético do jornalismo o seu 'apostolado'. Ela, em matérias e coberturas históricas, testemunhou o Cristo Ressuscitado, vencedor da morte. A Diocese de São José do Rio Preto se faz próxima e solidária aos familiares e amigos. Também abraça com solidariedade a família do jornal Diário da Região, 'casa' de Cecilia por longos anos”.

Patrícia Reis Buzzini, coordenadora da Revista Bem-Estar, lamentou a perda. “Já conhecia e admirava o trabalho da Cecilia pelas páginas do Diário e depois, nos tornamos confreiras na Academia Riopretense de Letras e Cultura. Em 2023, tive a alegria de promover uma exposição em sua homenagem, pela Arlec, no Riopreto Shopping. Foi uma noite linda, que ficará registrada em nossa memória”.

O editor-chefe do Diário, Fabrício Carareto, que compartilhou a Redação com Cecilia por mais de uma década, destacou seu legado para o jornalismo rio-pretense. "Sua contribuição para o jornalismo e para a história de Rio Preto é inestimável. Ela sempre foi uma referência para todos nós, seja pela precisão nas informações, seja pela excelência do texto ou pela edição impecável. A Cecilia deixa uma lacuna no jornalismo rio-pretense impossível de ser preenchida", afirmou.

“Ótima jornalista. Tive o privilégio de ser entrevistado por ela, inúmeras vezes para o Diário. Era ela que, por anos, editou minhas crônicas. De onde estiver, recebeu meus sentimentos de pesar!”, diz o artista plástico e escritor Jocelino Soares, diretor da Casa de Cultura Dinorath do Valle.

Presidente da Arlec, o escritor, médico-cirurgião e diretor da Faceres, Toufic Anbar Neto, também lamentou a morte da acadêmica. "Cecilia Demian era uma acadêmica gentil, inteligente e dotada de uma vasta cultura. Trabalhou muito pela consolidação da Arlec. Tinha um talento para escrever que encantava a todos nós da academia. Seu brilhantismo fará muita falta à Arlec e ao cenário cultural de Rio Preto", disse.

Prefeito decreta luto oficial

O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), decretou luto oficial de três dias no município pela morte de Cecilia. "Conheci a Cecilia Demian em 1999, quando tive a honra de ser personagem do prestigiado perfil que ela escrevia para o Diário da Região. O texto primoroso, a sensibilidade e a inteligência dela me chamaram a atenção nos primeiros encontros", afirmou Edinho.

"Depois, nos tornamos amigos mais próximos e me acostumei a ler com carinho cada palavra dos seus escritos, sempre brilhantes. Cecília deixa seu nome no mundo das letras e no jornalismo rio-pretense. Esteve conosco na Secretaria de Comunicação Social do município enquanto sua saúde permitiu. Eu e a Maria Elza lamentamos a perda de uma profissional tão completa, humana e compromissada com a nossa história. Nossos sentimentos e que Deus conforte o coração dos familiares e amigos", completou o prefeito.