MP vai apurar contratação de assessora do presidente da Câmara de Rio Preto

MP vai apurar contratação de assessora do presidente da Câmara de Rio Preto
Luciano Julião, presidente da Câmara de Rio Preto, que nomeou assessora, mas marido dela é quem desempenha funções diárias no Legislativo (Edvaldo Santos 11/3/2025)

O Ministério Público irá apuar a contratação de assessora do presidente da Câmara, Luciano Julião (PL), que não aparece em listas internas da Câmara. O caso foi distribuído ao promotor Carlos Romani no final da tarde desta segunda, 28.

O Psol, por sua vez, encaminhou ao MP pedido de apuração de "assessora fantasma" e diz que irá protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara.

A contratação de Francine Beatriz Dias Feltrim como assistente legislativa da Presidência da Câmara foi feita no dia 3 de janeiro, conforme consta no Portal da Transparência de Rio Preto.

Na edição de domingo, 27, o Diário revelou que ela não fica rotineiramente no gabinete do presidente. Também não aparece em listas de telefone da Casa. Em grupo de Whatsapp denominado "Assessoria Conectada", a assistente-chefe da Presidência, Karina Augusto, incluiu mais dois assessores do presidente, além de Renan, que não está nomeado.

Quem aparece em telefones da Presidência, entre outros, é Renan Dias, que não é nomeado oficialmente no Legislativo.

Nesta segunda, o caso foi distribuído no Ministério Público ao promotor Romani. Ele pode requisitar informações, ou mesmo abrir inquérito sobre o caso.

ANÚNCIO

Em 8 de janeiro, o presidente da Câmara anunciou o assessores e diretores da Casa na atual legislatura. Entre as pessoas apresentadas vinculadas à Presidência, estava o marido da assessora, e não ela. Francine recebe salário de R$ 9 mil na Câmara. O cargo exige curso superior, o que ela tem. Já o marido dela, segundo a reportem apurou, tem nível médio, o que é impeditivo para que ele fosse nomeado na função.

Em maio foi divulgada pela TV Câmara um evento de selos e moedas. No material divulgado pelo evento, Renan Dias dá entrevista à TV Câmara como "assessor legislativo".

O nome de Francine, por sua vez, constava até a última sexta-feira, 25, em um site de escola particular como monitora. A direção da escola afirmou que ela deixou a instituição de ensino, conforme mostrou o Diário. A direção disse, ainda, que o site da escola estava desatualizado.

Representação

O caso também vai ser encaminhado ao Conselho de Ética da Câmara de Rio Preto pelo Psol, partido do vereador João Paulo Rillo, que faz oposição no Legislativo. A representação deve ser protocolada nesta terça.

O partido também enviou representação ao Ministério Público com denúncia sobre a "assessora fantasma". No documento, pede que o Ministério Público aponte detalhamento das funções e atividades da assessora. E ainda questiona as atribuições e uso de estrutura da Câmara pelo marido da comissionada. O documento é assinado pela presidente do Psol, Luciana Fontes.

EVENTO

Há questionamentos, por exemplo, do evento no qual Renan é apontado como assessor pela TV Câmara. "Considerando que o senhor Renan é tratado como “secretário particular” do presidente, por que ele se apresenta como assessor legislativo em eventos da Câmara Municipal, como durante a Exposição de Moedas e Selos ocorrida na casa legislativa, e participa de sessão legislativa?", questiona o partido.

O fato em questão aponta para o uso indevido do patrimônio público. "No caso em análise, o 'secretário particular' tem acesso liberado aos próprios bens exclusivos da administração Pública, sendo que sua função é prestar serviços de natureza particular ao denunciado."

A representação encaminhada pelo Psol inclui, ainda, uma requisição assinada pelo presidente da Câmara em 10 de fevereiro, para visita a uma escola com carro oficial. No final do documento há assinatura de "Renan" onde consta "assessor/funcionários" que saiu com o veículo.

Na sexta, ao ser questionado sobre a assessora, o presidente respondeu, em nota encaminhada à reportagem, que Francine cumpre suas funções e que ela faz "prioritariamente atividades externas, realizando trabalho de campo junto à comunidade, em alinhamento com a função institucional de aproximação entre o Legislativo e a população". Afirmou, ainda, que o Renan é seu "secretário particular". Nesta segunda, 28, Julião afirmou que não iria mais falar com a reportagem.

Após a publicação da reportagem, Luciano Julião contestou a matéria em postagem no Facebook, no domingo, 27. Ele postou três fotos da assessora na Câmara, sendo duas registradas em março no seu gabinete, quando o então bispo dom Vilar, atualmente arcebispo, visitou a Casa. Também postou documento de sua saída da escola em dezembro.