Perícia apresentada pelo Palmeiras diz que Marcondes chamou segurança de 'macaco'

A defesa do segurança Adilson Antonio de Oliveira e também do Palmeiras protocolou nesta terça-feira, 20, perícia "paralela" no inquérito policial que apura se o vice-prefeito de Rio Preto, Fábio Marcondes (PL), cometeu injúria racial em discussão após jogo do time da Capital com o Mirassol, em fevereiro.
O parecer anexado ao inquérito afirma que Marcondes teria chamado o segurança de "macaco velho" na confusão depois da partida. O advogado do segurança, e também do Palmeiras, Euro Bento Maciel Filho contestou laudo realizado pelo Instituto de Criminalística, segundo o qual, após análise de vídeo registrado pela TV Tem, o termo utilizado seria "paca véa". O Palmeiras contratou a empresa especializada em perícia fonética - LCX Inteligência em Perícias -, de Curitiba, para analisar o vídeo da confusão, que foi registrada por uma equipe da TV Tem.
'ASSOMBRO'
O advogado afirma que o segurança recebeu a perícia do Instituto de Criminalística "com grande assombro e perplexidade". "Com efeito, não é necessário nenhum aparelho ou exame mais acurado para se ouvir, com absoluta limpidez, que o averiguado profere, sim, as palavras “macaco velho” em direção ao "ofendido", afirma a defesa.
O parecer pericial anexado no inquérito afirma que teria ocorrido injúria racial. "Os momentos de fala com ofensas estão sincronizados entre os gestos e articulações do falante e as reações dos confrontados. No trecho de fala em que se questiona a vociferação da frase “macaco velho”, a reação é generalizada, o que por si só confirma a ofensa e a fidedignidade do registro", consta no documento.
"PAKAKO"
A perícia paralela também questionou laudo oficial do IC. Afirma que a perícia do instituto "entendeu em seus resultados em não identificar, na análise espectrográfica, traços fonéticos da palavra 'macaco', por não reconhecer a nasalidade esperada para a emissão deste fonema, entendendo que o início da palavra se aproxima de 'paca' e não 'maca' 'co'. Neste contexto, no somatório, restaria 'pakako'''.
"De fato, quando submetido à análise espectral de formantes, nosso resultado é diverso daquele encontrado pela perita criminal", consta na petição apresentada nesta terça. O parecer tem a seguinte conclusão: "A palavra proferida, objeto de indagação e de investigação de injúria racial, é macaco, e não 'pakako'".
PSICOTERAPIA
A defesa também anexou documento que atesta que o segurança passa por um processo de psicoterapia. Documento assinado por uma psicóloga.
A perícia paralela pode ser contestada pela defesa de Marcondes. Procurado pela reportagem na noite desta terça, o advogado Edlênio Xavier Barreto não retornou à reportagem até a conclusão desta edição.
Em depoimento à polícia, Marcondes negou que tenha utilizado termos de cunho racial ao segurança. Afirmou ainda que o segurança teria empurrado seu filho antes da discussão. Sobre o xingamento "lixo", Marcondes afirmou que se dirigiu ao time do Palmeiras, e não a seguranças da equipe.
Complementar
Na semana passada, o delegado que conduz a investigação, Renato Gomes Camacho, determinou uma perícia complementar ao instituto, que posteriormente será anexada ao inquérito.
O delegado pediu detalhamento do estudo que chegou à conclusão de que a expressão utilizada seria "paca véa".
Em nota, a defesa de Marcondes afirmou que não vai se manifestar. "Mantendo-se a coerência na atuação, atentando-se a prudência e responsabilidade, a defesa informa que irá manifestar-se de maneira formal e detalhada nos autos do processo, em momento oportuno", disse o advogado Edlenio Xavier Barreto.