Rock engajado do Black Pantera chega a Rio Preto nesta quinta-feira

Rock engajado do Black Pantera chega a Rio Preto nesta quinta-feira
A banda Black Pantera é composta pelos irmãos Charles Gama (guitarra e voz) e Chaene da Gama (baixo), além de Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria). (Marcos Hermes/Divulgação)

Em tempos de cancelamentos de espetáculos de artistas que se posicionam contra a libertação dos bolsonaristas presos pela invasão dos edifícios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), a banda mineira Black Pantera sobe ao palco do Ginásio de Esportes do Sesc Rio Preto nesta quinta-feira, 24, às 21h. No repertório, destaca-se a canção “Sem Anistia”, que mistura, de forma genial, temas como Deus, Pátria, Família e golpe de Estado.

A BANDA

Formada em 2014, a banda é composta pelos irmãos Charles Gama (guitarra e voz) e Chaene da Gama (baixo), além de Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria). Eles já passaram pelo palco do Rock in Rio no ano passado e estão confirmados na programação do festival internacional The Town, previsto para setembro deste ano.

O som do Black Pantera é uma fusão inédita entre a agressividade do Sepultura e a pegada politizada da Living Colour, banda de rock formada exclusivamente por músicos negros que marcou os anos 1990 com videoclipes de grande sucesso. As letras da banda mineira trazem poesia urbana, com influência clara do estilo de Mano Brown, vocalista dos Racionais MCs.

Em 2022, o grupo foi nomeado ao Prémio Multishow na categoria “Grupo do Ano”, e, em 2023, o álbum Griô foi incluído na lista dos 50 melhores álbuns nacionais segundo a Associação Paulista de Críticos de Arte.

“Fiquei apaixonado pela história do partido dos Panteras Negras e quis fazer uma homenagem. Na banda, queremos algo revolucionário: um som do povo para o povo. Fico feliz que esteja a resultar”, afirma o vocalista Charles.

ATIVISMO

O ativismo contra o racismo também está fortemente presente nas composições, como “Fogo nos Racistas” e “Candeia”, essa última repleta de referências históricas como Toussaint Louverture, líder da revolução haitiana. A banda também aborda o enfrentamento de ódio nas redes sociais.

“A inspiração vem do dia a dia. Ser um jovem preto, sem dinheiro, a viver com a desigualdade a bater à porta todos os dias… isso mexe conosco. A política tem o poder de mudar muita coisa, mas somos bombardeados com ideias fascistas e até nazistas. Por isso, escrevemos essas letras: acreditamos que o voto pode mudar tudo. Somos uma banda politizada”, declara o vocalista.

Questionado sobre os recentes cancelamentos de concertos da banda Ira!, após o vocalista Nasi ter enfrentado bolsonaristas num espetáculo em Contagem (MG), Charles foi direto: acredita que Nasi está certo, pois o grupo paulista sempre teve uma postura crítica e engajada.

“O Ira! já traz essa pegada política desde o início, nos anos 80, mas parece que as pessoas se esqueceram disso por causa das músicas pop que também fizeram”, explica.

REPERTÓRIO

Para o show desta quinta-feira, o Black Pantera promete uma apresentação enérgica, com canções que vão do thrash metal ao punk e hardcore. O foco estará no novo álbum, "Perpétuo", mas o setlist também incluirá músicas como "Provérbios" e "Tradução", uma emocionante homenagem à mãe de Charles e Chaene, que expressa os sentimentos dos filhos de empregadas domésticas, "Minha mãe tem hora pra chegar, mas não tem hora pra sair. Mesmo sem força, sai pra trabalhar, tem um sorriso impossível de extinguir".

Enfim, a Banda Black Pantera mostra que o rock brasileiro felizmente não morreu. Ingressos a disposição pelo site do Sesc Rio Preto R$ 50 inteira, R$ 25 meia entrada e R$ 15 para quem tem a credencial plena.