Sesc Rio Preto recebe espetáculo 'Boi Material' nesta quarta-feira
A companhia Cênica, de Rio Preto, em parceria com o diretor e dramaturgo Pedro Kosovski, fundador d'Aquela Cia de Teatro, estreou o espetáculo “Boi Material”, apresentado ontem no Teatro do Sesc. Nesta quarta, 12, a apresentação acontece às 21h. Os ingressos custam entre R$ 20 a R$ 40 e podem ser adquiridos no site do Sesc ou na central de atendimento da instituição.
A PEÇA
“Boi Material” se passa em uma feira de exposições onde um grupo de artistas é contratado para entreter o espetáculo e se percebe como parte da complexa engrenagem que reproduz um jogo de poder, cujos movimentos incidem diretamente contra as existências vivas do planeta.
Durante um leilão de gado, que ironicamente perpassa a iconografia do boi na história da pintura brasileira, o grupo subverte o jogo, ora assumindo o papel dos donos da terra, ora especulando sobre um levante.
“A figura do boi também cria um horizonte de visibilidade e debate sobre o lugar dos artistas no interior, também inscrito nessas ambivalências. A distância dos grandes centros de cultura os separa sob alguns aspectos, especialmente pela manutenção de estereótipos que fazem subestimar suas potencialidades. Contudo, ajuntamentos artísticos interiores seguem resistindo e desorganizando tais estereótipos por meio de sua arte, de seus modos de produção e da criação e fortalecimento de redes de articulações e afeto”, considera a equipe artística de forma conjunta.
O elenco conta com Andrea Capelli, Beta Cunha, Cássia Heleno, Christina Martins, Deivison Miranda, Fabiano Amigucci, Geovanna Leite, Glauco Garcia, Simone Moerdaui e Vanessa Palmieri. Na direção musical e composições inéditas, Felipe Storino. A direção vocal é de Everton Gennari e a direção de movimento, de Mayk Santos.
REFLEXÃO
O diretor ressalta que o ponto de partida para “Boi Material” foi uma investigação sobre o paradoxal e complexo signo do boi. De um lado, ele representa o poder fundado na lógica patriarcal, machista, autoritária, predatória e exploradora que se impõe sobre as diversas formas de existência, considerando meros recursos dos quais “se aproveita até o berro”.
“‘O Boi Material’ é um espetáculo que tenta dar conta da ambivalência desse signo do boi, ao mesmo tempo, associado aos festejos, às festas populares, e também claro, um signo permeado por poder, um signo marcado também pela exploração, pela opressão contra os povos. Então ao mesmo tempo, o espetáculo tenta apontar para esse paradoxo do signo do boi”, conta o diretor Pedro Kosovski.
Segundo o diretor, o espetáculo é costurado por muitas canções, mantendo um enredo crítico e com muitas sátiras.
“O primeiro ponto é que a peça problematiza o lugar dos artistas na sociedade, e, sobretudo, o lugar do artista do interior. Que desafios, que horizontes aí se colocam para que, de fato, a gente veja a atividade artística em um estatuto profissional, que toda profissão deve ter?” pergunta Kosovski.
“A peça interroga de uma maneira ainda mais, eu diria, mais vertical sobre o lugar da arte na sociedade. Que lugar é esse que ocupamos na sociedade, como a sociedade nos vê, e como, de fato, é possível implementar uma agenda que compreenda o valor da arte para uma sociedade? Então, isso me parece que a peça aborda, claro, num certo sentido, mais especificamente, territorializando a partir das interiores essas interrogações, essas reflexões”, conclui o diretor.
(Colaborou Victória Oliveira)