Alckmin comemora 'química' de Lula e Trump

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, comemorou a sequência de “boas notícias” atreladas ao Brasil, como o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU. “Como professor de química em cursinhos, posso dizer que tivemos uma ‘boa química’ ontem nos Estados Unidos entre os dois presidentes. Isso vai auxiliar a busca pela melhor solução de um tarifaço que não se justifica”, disse.
“Ontem tivemos recorde da queda do dólar, ajudando a baixar inflação, e recorde da bolsa. Na última semana, tivemos deflação, e uma safra agrícola recorde”, complementou. Alckmin falou no evento “Diálogos com o mercado: a retomada dos investimentos e o papel do BNDES no mercado de capitais”, na sede do banco de fomento, no centro do Rio.
O vice-presidente também parabenizou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, pelo “bom trabalho” à frente da instituição. “A Embraer, que teve um anúncio importante nessa semana com a Latam, é um orgulho justo. Os fundos que serão trabalhados pelo BNDES (por meio da BNDESPar) vão ajudar em áreas estratégicas, como minerais críticos. O Brasil tem um subsolo extremamente rico e pode avançar muito nessa área”, afirmou.
DIPLOMACIA
Também nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, durante reunião da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, que só a diplomacia pode encerrar o tarifaço imposto por Donald Trump a parte das exportações brasileiras aquele país.
“Essa situação só vai ser resolvida pela diplomacia. Temos que encerrar o tarifaço. Ele é uma confusão conceituosa. É usar uma arma econômica contra um país de renda média, por uma superpotência”, declarou.
Segundo Haddad, há empresas que não vão ser beneficiadas pelo programa de contingência contra as tarifas dos Estados Unidos. Por isso, é necessário encerrar de vez a taxação extra.
Ele ainda criticou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), dizendo que ele ganha um salário da Câmara para fazer coisas relativas ao Legislativo e não para ficar nos EUA.
“Estamos pagando o salário dele para ele trabalhar aqui com o projeto de lei, votando, fazendo as coisas que um deputado tem que fazer. E não a gente pagar o salário dele para ele ficar lá fazendo o que ele está fazendo”, afirmou.
BOA VONTADE
O ministro classificou o rápido encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma “abertura” que pode ajudar a resolver a dimensão econômica das tarifas aplicadas pelas autoridades americanas sobre produtos brasileiros.
“Penso que, se houver boa vontade de parte a parte, nós vamos resolver a questão econômica rapidamente. Agora, a questão política é outro departamento. Envolve outro Poder da República, com a questão constitucional”, disse Haddad a jornalistas, na saída da audiência.
Sobre a Medida Provisória (MP) 1.303, que serve como alternativa a uma parte do aumento do IOF, Haddad elogiou o trabalho do relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), e repetiu a disposição de negociar para avançar com a proposta.
Empresários 'quebraram' resistência
Os empresários brasileiros auxiliaram na aproximação entre o presidente Lula e o dos EUA, Donald Trump. Nas últimas semanas, eles passaram a frequentar com intensidade inédita gabinetes próximos ao líder americano, com a intenção de mostrar que o tarifaço traz somente perdas para ambos os países.
Entre os nomes que participaram das reuniões estão Joesley Batista (JBS), Carlos Sanchez (EMS), João Camargo (Grupo Esfera Brasil) e o investidor Lírio Parisotto.
No dia 8 de setembro, por exemplo, eles tiveram um jantar com Mauricio Claver-Carone, conselheiro de Trump para a América Latina, e com Byron Donalds, congressista Republicano e candidato a governador da Flórida.
Também esteve presente José Felix, sócio do Ballard Partners, escritório de lobby com maior proximidade de Trump. Comandado por Brian Ballard, um dos principais angariadores de recursos para a campanha do presidente dos EUA, ele conquistou dezenas de clientes, entre países e empresas, desde que Trump assumiu o cargo.
Camargo tem postado diferentes encontros em suas redes sociais, realizados nas duas últimas semanas. Houve reuniões com Kyser Blakely, assessor sênior especial do presidente dos EUA e conselheiro político sênior, e com James Blair, vice-chefe de Gabinete. Segundo ele, o grande destaque foi o encontro com Susie Wiles, chefe da equipe do presidente Donald Trump — “a primeira mulher a ocupar esse cargo na história dos Estados Unidos e hoje uma das figuras mais poderosas de Washington”.
“Foi um golaço histórico para um brasileiro estar com ela, reforçando a confiança mútua e abrindo portas para um diálogo direto no mais alto nível da política americana”, escreveu Camargo.
Também houve encontros com outros congressistas. Entre eles, a senadora Ashley Mood (que foi procuradora-geral da Flórida) e os deputados Carlos Gimenez, Maria Elvira Salazar e Mário Diaz-Balart. Segundo Camargo, “todos muito próximos ao presidente Trump e com amplo conhecimento da realidade latino-americana no país”.
Todos os congressistas presentes no encontro são republicanos, do mesmo partido do presidente Trump. (AE)