Câmara de Rio Preto se solidariza com Baep após cruz em chamas

Câmara de Rio Preto se solidariza com Baep após cruz em chamas
Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas, criticou tentativa de intimidação (Guilherme Baffi 29/4/2025)

A Câmara de Rio Preto rejeitou nesta terça-feira, 29, apoio às apurações sobre vídeo exibido no Instagram do 9º Batalhão de Operações Especiais (Baep), da Polícia Militar, que mostra uma solenidade de policiais na qual aparece uma cruz em chamas.

As imagens, com presença de policiais e viaturas ao fundo, remetem a rituais supremacistas, como os da Ku Klux Klan (KKK). Na gravação também aparecem policiais com o braço estendido.

Além de negar apoio às investigações em curso sobre o vídeo, a maioria dos vereadores aprovou moção de solidariedade ao batalhão.

O vídeo foi divulgado pelo próprio batalhão de Rio Preto no último dia 15 e retirado do ar posteriormente diante da repercussão negativa. O caso foi divulgado pela imprensa nacional e ganhou repercussão internacional.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) encaminhou uma denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) relacionada à conduta dos policiais militares. Ministério Público, Corregedoria da PM e Secretaria de Segurança Pública investigam o caso. Também foi rejeitada pela maioria moção de aplausos à deputada estadual Ediane Maria (Psol) por pedir abertura de inquérito no MP sobre o vídeo.

Na sessão, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Thiago Tanji, usou a tribuna da Câmara de Rio Preto nesta terça-feira, 29, para falar sobre ataques feitos pelo comandante do 9º Batalhão de Operações Especiais (Baep), tenente-coronel José Thomaz da Costa Júnior, a jornalista do Diário e ao jornal na semana anterior. "Irão pagar por isso", declarou o oficial após manifestar repúdio ao jornal. Ele também acusou a jornalista de "irresponsável".

Na mesma tribuna, Costa Júnior afirmou que o vídeo seria uma cerimônia de encerramento de estágio de policiais recém-integrados ao batalhão.

Nesta terça, vereadores também aprovaram, com 17 votos a favor e nenhum contrário, moção de apoio e solidariedade a jornalistas do Diário em função das declarações do comandante do Baep. O documento foi protocolado por João Paulo Rillo (Psol).

Sindicato

Na sessão, Tanji criticou o tom ameaçador utilizado pelo tenente-coronel. "Não é aceitável, sob nenhuma hipótese, que o trabalho jornalístico seja constrangido ou atacado, especialmente por instituições que devem zelar pelo funcionamento da democracia e, por consequência, do jornalismo", afirmou, na Tribuna do Legislativo.

"Ao tentar desqualificar o trabalho de uma jornalista que apenas exerceu seu dever de reportar os fatos com rigor e objetividade, há sinais claros, infelizmente, de uma tentativa de intimidação e cerceamento da livre atuação profissional", afirmou o presidente estadual do Sindicato dos Jornalistas.

"O trabalho jornalístico não deve ser apenas rejeitado, mas protegido", disse Tanji aos vereadores. "Veículos de imprensa de todo o País noticiaram e comentaram esse vídeo", disse Tanji.

Na segunda, 28, o sindicato já havia divulgado nota de repúdio às declarações do comandante do batalhão, assim como a Federação Nacional dos Jornalistas.

Moções

As moções rejeitadas eram de apoio às investigações anunciadas pelo Ministério Público, Corregedoria da PM e pela Secretaria de Segurança Pública, e também foram apresentadas por João Paulo. Além do psolista, votaram a favor Pedro Roberto (Republicanos) e Renato Pupo (Avante). A decisão tomada pela maioria provocou reações.

"Vamos apoiar a investigação. Não fez uma acusação, mas é necessário que se investigue", defendeu João Paulo.

Moção apresentada por Felipe Alcalá (PL), de apoio e solidariedade ao Baep "diante das injustas críticas recebidas", foi aprovada pela maioria dos vereadores. O vereador não estava na sessão e a moção foi subscrita por Alexandre Montenegro (PL), um dos 13 que votaram a favor.

DIÁRIO

Ao final, foi aprovada a moção de apoio ao Diário também. "Na minha opinião, ele (comandante do Baep) se equivoca e erra ao responsabilizar a jornalista e o Diário da Região pela discussão nacional em torno daquelas tristes imagens", disse João Paulo.

Polícia

A reportagem solicitou à assessoria da Secretaria de Segurança Pública posicionamento sobre as declarações do comandante do Baep, mas não teve retorno até o fechamento desta edição.

Em nota, o tenente-coronel Paulo César Frugeri, do CPI-5, afirmou que "os fatos trazidos à tona já foram publicamente esclarecidos pela Polícia Militar, e as circunstâncias quanto à produção das imagens estão sendo objeto de apuração interna para verificação de conformidade com os padrões institucionais".