Políticos de Rio Preto temem repeteco de 2018 em 2026

Políticos de Rio Preto temem repeteco de 2018 em 2026
Edinho Araújo: ex-prefeito vê nacionalização do debate, que desfavorece candidatos tradicionais (Reprodução/Redes Sociais)

Ex-prefeito de Rio Preto e cotado como candidato a deputado federal nas eleições de 2026, o veteraníssimo político Edinho Araújo (MDB) tem sinalizado a interlocutores próximos preocupação com um cenário de "nacionalização" da corrida eleitoral do ano que vem, a exemplo do que ocorreu em 2018.

Naquele ano, que elegeu Jair Bolsonaro para presidente e João Doria para o governo de São Paulo, Rio Preto viu sua representação na Assembleia Legislativa de São Paulo desaparecer. Nenhum dos três deputados estaduais da cidade - João Paulo Rillo (Psol), Vaz de Lima (então no PSDB) e Orlando Bolçone (então no PSB) - se reelegeram. E nenhum outro nome foi eleito.

Na disputa a deputado federal, caciques da política local que tentavam uma cadeira no Congresso Nacional, como Eleuses Paiva (então vice-prefeito de Rio Preto e ex-deputado federal) e Valdomiro Lopes (então ex-prefeito de Rio Preto e ex-deputado estadual) amargaram derrota nas urnas. Luiz Carlos Motta (PL) foi o único representante da cidade a sair das urnas com cadeira no Legislativo federal.

O efeito "terra arrasada" que pegou de surpresa os chamados políticos tradicionais, com redutos eleitorais regionais ou locais, decorreu da nacionalização do debate eleitoral, fazendo com que os votos locais migrassem para um fenômeno que só faz crescer no Brasil: os políticos de redes sociais.

'TENDÊNCIA'

Edinho Araújo não está sozinho na sua avaliação. Políticos e deputados rio-pretenses analisam o cenário das eleições do ano que vem com uma forte tendência para votos puxados por pautas nacionais.

Em entrevista ao Diário, o ex-prefeito disse que acredita "que a eleição de 2026 será ainda mais nacionalizada, dando continuidade a uma tendência que já vem se consolidando". Deputado federal por duas legislaturas (1995/1999 e 1999/2003), o emedebista afirmou que os grandes temas em debate têm ganhado amplitude nacional e estão impulsionados, muitas vezes, pela polarização política que o Brasil vive desde 2018.

"Infelizmente, essa disputa acirrada tem deixado em segundo plano temas fundamentais sobre os rumos do Brasil, especialmente no campo da economia, que impacta diretamente o dia a dia e o bolso dos brasileiros", criticou.

Em 2018, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) derrotou o petista Fernando Haddad no segundo turno, com 55% dos votos, o PSL, legenda do bolsonarismo na época, elegeu a 2ª maior bancada em Brasília – passando de um deputado federal eleito pelo partido em 2014 para 52 deputados em 2018. Na mesma eleição, a deputada estadual mais votada em Rio Preto foi a advogada e professora Janaína Paschoal, na ocasião, também no PSL. Um dos principais nomes defensores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Janaína obteve 29.713 votos de eleitores rio-pretenses e ficou com uma fatia de 14,19% dos votos válidos da cidade para Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Com o fenômeno da 'nacionalização' da disputa que se repetiu em outros municípios, Bolçone, que buscava a reeleição na Alesp, recebeu 20.353 votos na cidade. Outro nome que também ficou sem uma cadeira foi o ex-deputado Vaz de Lima (PSDB), que obteve 11.246 votos na cidade e não conseguiu se eleger. João Paulo Rillo (Psol) obteve, naquele ano, 15.031 e também não se elegeu.