Explosão de serv-festa em Rio Preto foi criminosa, diz laudo pericial

A explosão de um serv-festa do bairro Eldorado, em outubro do ano passado, foi criminosa. É o que conclui o laudo pericial produzido pelo Instituto de Criminalística de Rio Preto, que aponta a participação de dois homens no caso. Eles furtaram o caixa do estabelecimento e utilizaram dois galões de material inflamável para incendiar o local. O imóvel, no entanto, explodiu e a energia liberada danificou ainda uma loja de especiarias e a casa de uma família, que dormia no momento do crime.
Documento obtido pelo Diário mostra que os suspeitos chegam no serv-festas em uma moto às 3h20 da madrugada. Cada um segura um galão.
Sem tirar o capacete, o suspeito apontado como piloto da moto arromba a porta de aço do estabelecimento e entra com os dois galões. Em seguida, fecha a porta.
Ele vai até o caixa e, após retirar todo o dinheiro da gaveta, despeja o conteúdo do galão no chão e prateleiras da loja.
Às 3h24 ele sai do serv-festa, faz um rastro com o líquido inflamável na calçada e coloca fogo. Imediatamente uma chama é propagada de fora para dentro da loja. Toda a ação, entre a chegada da dupla e a fuga, dura apenas cinco minutos.
“Diante o exposto e de tudo o que foi possível observar no local e nos arquivos de vídeos contidos no DVR, trata-se de um local de furto associado a um incêndio proposital”, consta em trecho do relatório pericial.
Surpresa
A investigação aponta ainda para um detalhe curioso: os criminosos foram surpreendidos pela explosão. A moto que eles utilizaram, uma Honda 150 preta, ficou presa entre os escombros. A chave estava na ignição, na posição ligada.
A princípio, havia a suspeita de que a explosão tivesse sido provocada pelo vazamento de gás. Mas a hipótese caiu por terra a partir da análise do registro de câmeras de segurança do próprio estabelecimento.
O proprietário do serv-festas, Michael Henrique Bonfim, 33 anos, calcula ter perdido R$ 420 mil em produtos e equipamentos.
No dia da ocorrência, ele afirmou ao Diário que não tinha suspeitas sobre as causas da explosão. Ele não foi encontrado nesta quarta-feira, 30, para comentar o resultado da perícia.
Já o comerciante Edson Pedro Luciano, cuja esposa é proprietária do prédio e do imóvel vizinho que foi afetado, recebeu a informação com surpresa.
“Estimamos um prejuízo mensal de R$ 3 mil dos aluguéis que estamos deixando de receber. O dono do serv-festa tem seguro e a empresa contratada aguarda a conclusão das investigações para informar se caberá ressarcimento. Se o ato foi criminoso, não sei como fica agora”, lamentou.
Investigação
O inquérito é conduzido pelo delegado Gustavo Henrique Gonçalves, do 4º Distrito Policial. Ele já ouviu o proprietário da moto, que comprovou ter vendido o veículo meses antes do crime. O comprador também já foi interrogado e afirmou ter repassado a moto para outra pessoa no dia anterior ao incêndio. A Polícia Civil segue no rastro do atual proprietário.
A reportagem tentou contato com o delegado, mas nenhum funcionário do 4º DP atendeu aos telefonemas nesta quarta.