Justiça condena prefeito de Zacarias por chamar munícipe de 'macaco'

Justiça condena prefeito de Zacarias por chamar munícipe de 'macaco'
Heder Paturi, prefeito de Zacarias, que sofreu condenação na Justiça (Reprodução/Redes Sociais)

A Justiça de Buritama condenou o prefeito de Zacarias, Heder Jean Bruno de Oliveira (PSD), conhecido como Heder Paturi, a pagar indenização de R$ 10 mil a título de danos morais a um morador a quem ele chamou de “macaco” durante um evento beneficente. O caso aconteceu em 2019 e resultou também em condenação criminal.

Segundo informações do processo, em outubro de 2019 a vítima, um operador de máquina de 42 anos, trabalhava como voluntário em um leilão beneficente de gado, em prol da paróquia da cidade, quando viu o prefeito Paturi e questionou se ele iria filmar os animais, como fez em uma situação anterior.

A vítima se referia a um episódio em que o político teria gravado um vídeo pelo celular desdenhando do gado doado por munícipes.

Irritado com a pergunta, Paturi xingou a vítima, que é um homem negro, de “macaco” e “vagabundo”. A atitude foi testemunhada por duas pessoas.

Em 2022, o político foi condenado criminalmente a um ano de reclusão em regime aberto. Após a sentença ser confirmada em acórdão, a vítima ingressou com ação de danos morais, impetrada pelo escritório Nugri Campos & Advogados Associados.

Nesta segunda-feira, 27, a justiça condenou o prefeito (que foi reeleito) a indenizar o morador. “A ofensa praticada pelo réu em lugar público, na presença de outras pessoas, com elementos de menosprezo à sua cor e à sua raça, pode ser considerada como uma conduta de grande reprovabilidade atualmente em nosso Estado Democrático de Direito”, apontou o juiz Luís Henrique Siqueira Silva, da 2ª Vara do foro de Buritama.

A ação pedia reparação no valor de R$ 30 mil, mas o magistrado entendeu como razoável o valor de R$ 10 mil. “A decisão reflete o sinônimo de Justiça, o que significa que nenhuma autoridade está acima das leis do nosso país e que todo e qualquer cidadão deve ser tratado com respeito à dignidade da pessoa humana, independentemente da cor de sua pele. No entanto, estamos avaliando a possibilidade de recurso por conta do valor da condenação”, informou o advogado Nugri Campos.

Procurado, o advogado Ermenegildo Nava, que representa o prefeito, disse que Paturi nega o crime e que vai recorrer da decisão porque entende que o caso prescreveu. “Também vamos pedir a nulidade da sentença por cerceamento de defesa”, disse.