Mortes no trânsito crescem 10% na região de Rio Preto
Relatório produzido pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) por meio do Infosiga, sistema de informações sobre acidentes de trânsito, mostra que 2024 registrou 309 óbitos de motoristas, motociclistas e pedestres na região de Rio Preto, 26 mortes a mais que o total registrado em 2023. O número de pessoas que perderam a vida no ano passado é o maior desde 2019, quando foram contabilizados 321 óbitos. “Se a quantidade de multas só aumenta, significa que a fiscalização foi reforçada, mas, ao contrário do que os gestores defendem, isso não se reverte em educação no trânsito. Atrás de todo acidente com morte tem uma infração”, afirma o advogado Alessandro Trigílio, coordenador da Comissão de Direito do Trânsito da OAB.
O estudo mostra que os principais dias com registros de mortes no trânsito na região são sábado e domingo. Das 309 vítimas, 255 são homens. Quando a leitura é por faixa etária mais exposta ao perigo do trânsito, o relatório aponta para uma distribuição semelhante entre grupos de 20 a 59 anos – população economicamente ativa.
Vítima
O carpinteiro Júlio César Salgado, de 48 anos, ilustra essa triste estatística. Em maio do ano passado, ele transitava de moto pela avenida Arthur Nonato, em Rio Preto, quando foi atingido por um carro conduzido por um jovem de 20 anos que atravessou no sinal vermelho.
“Ele estava indo buscar minha filha no curso. Quando ela me ligou dizendo que o Júlio ainda não tinha chegado, fui buscá-la e me deparei com o acidente. Meu companheiro de 22 anos no asfalto e a moto destruída. A nossa vida mudou completamente a partir daquele momento”, lembra a viúva Luciany Fedossi.
Em dezembro, o motorista que provocou a colisão foi indiciado por homicídio culposo na direção de veículo. O caso está em análise pelo Ministério Público.
Fatores
Especialista em trânsito, o advogado Alessandro Trigílio aponta que o aumento dos acidentes está relacionado ao aumento da frota de veículos.
“Toda semana colocamos novos motoristas nas ruas, mas o investimento em programas de educação visando a segurança viária é inversamente proporcional. Apesar da boa infraestrutura das vias, temos excesso de veículos e motoristas cada vez mais apressados”, analisa.
Trigílio menciona que o aumento de infrações de trânsito mostra que a multa por si só não tem sido suficiente para educar os condutores. “Se o comportamento estivesse mudando, não teríamos aumento das mortes todos os anos. Esse cenário é potencializado pela embriaguez ao volante e excesso de velocidade – decisões que não serão modificadas apenas com pontos na carteira de habilitação”, critica.