Policial militar de Rio Preto é suspeito de enganar colegas em bolão

Policial militar de Rio Preto é suspeito de enganar colegas em bolão
Em grupo de WhatsApp, policial militar afirmou que fez os jogos; após ser pressionado, porém, voltou atrás (Reprodução)

O sonho de um grupo de policiais de se tornarem milionários com um bolão da Mega Sena da Virada se transformou em sindicância na Polícia Militar após o organizador da aposta ser acusado de não registrar os jogos e ficar com o dinheiro de 18 participantes. Ao todo, o valor para o bolão totalizou mais de R$ 11 mil.

Segundo relatos de pessoas que integravam um grupo de WhatsApp, um praça (policial de baixa patente) integrado à 3ª Companhia da Polícia Militar de Rio Preto era o responsável por arrecadar valores entre policiais para realização de apostas como Quina de São João, Lotofácil da Independência e Mega Sena da Virada.

“Ficou combinado de realizarmos uma ‘caixinha’ com depósito de R$ 50 por mês durante o ano. No final do ano, os 18 participantes, além dele, contribuíram com R$ 600 cada um, o que deu um total de R$ 11,4 mil. A expectativa era grande para acertar as dezenas da Mega da Virada, e ele próprio animava o grupo com palavras como ‘esse jogo é nosso’,” disse um policial que pediu para não ser identificado.

O denunciante relata que os participantes começaram a suspeitar da conduta do colega após ele demorar para compartilhar o registro da aposta no grupo.

Capturas de tela (prints) enviadas à reportagem mostram que a poucas horas do sorteio, realizado no dia 31 de dezembro, integrantes pedem para ver o comprovante das apostas e o organizador responde: “pessoal, estou no serviço. Os jogos estão em casa (guardados) a 7 chaves e 1 segredo. Vai que minha mulher pega e some”, brinca.

“Quando ele finalmente compartilhou o comprovante, ficamos desconfiados. Pareciam falsificados. Logo após o sorteio, ele escreveu no grupo que não havíamos ganhado nada. O mal-estar foi geral”, relata o apostador.

Pressão

O denunciante diz que, após ser pressionado, o organizador das apostas decidiu devolver o dinheiro pago pelos participantes e encerrar o grupo no WhatsApp.

“Pessoal, não iriei continuar à frente das nossas apostas. Não acredito mais na Mega Sena da Virada. Estamos apenas sustentando esse poder da esquerda”, escreveu. Após desejar "feliz 2025" a todos, ele começou a remover as pessoas do grupo.

Culpa do sistema

Procurado pelo Diário, o policial afirmou que não conseguiu registrar as apostas porque o sistema da Caixa apresentou instabilidade no dia 31. “Informei que não consegui fazer os jogos e os 18 participantes foram ressarcidos, não fiquei com o dinheiro de ninguém”, disse.

O praça acrescentou que tem conhecimento da sindicância na PM e que a denúncia foi feita por um desafeto, mas que está tranquilo, pois tem todas as provas de que “jamais prejudicaria colegas de farda”.

Questionada, a Polícia Militar afirmou que “foi instaurada uma investigação preliminar para apurar os fatos relacionados à conduta do referido policial. O procedimento, que se encontra em andamento, visa esclarecer as circunstâncias do caso e adotar as providências necessárias conforme a legislação e os regulamentos internos da corporação”.