Para o MDB de Rio Preto, CPI contra Edinho é 'cortina de fumaça'

O Diretório do MDB de Rio Preto afirmou nesta segunda, 31, que a abertura de uma CPI na Câmara para investigar as contas do ex-prefeito Edinho Araújo tem "objetivos eleitorais, para criar uma cortina de fumaça no início desastroso do governo do Coronel Fábio Candido (PL)", que tomou posse em 1º de janeiro.
O requerimento de CPI foi apresentado na sexta-feira, 29, pelo vereador João Paulo Rillo (Psol), recebendo de imediato a adesão de quatro parlamentares do PL. Nesta segunda-feira, já estava com 18 assinaturas, inclusive aliados do ex-prefeito.
O documento será lido na sessão desta terça-feira, 1º de abril, e a comissão deve ser formada ainda nesta semana.
A reportagem solicitou avaliação do ex-prefeito e da direção do MDB de Rio Preto sobre a criação da CPI. O presidente do partido, Edinho Filho, criticou a abertura da comissão e ainda a ofensiva para sua criação.
Edinho é filho do ex-prefeito. Aliados do ex-chefe do Executivo têm tratado a abertura de CPI como algo de caráter político. O ex-prefeito não se manifestou sobre a criação da comissão na Câmara. Trata-se da primeira manifestação do partido desde que o requerimento foi protocolado no Legislativo.
"O Diretório Municipal do MDB de São José do Rio Preto entende que a criação da CEI tem objetivos eleitorais, para criar uma cortina de fumaça neste início desastroso do atual governo, com apoio de um vereador que está servindo como linha auxiliar", afirmou a nota do partido.
O foco da CPI será o último mandato de Edinho, de 2021 a 2024, e fala da necessidade de apurar desde empréstimos contraídos pelo município nesse período até supostas "ações com desvio de finalidade e abuso de poder político, e a utilização do orçamento público e da máquina pública durante os períodos pré-eleitoral e eleitoral, para a promoção pessoal e política de terceiros".
DEFESA
A direção da legenda também saiu em defesa da gestão de Edinho, que foi prefeito por quatro mandatos. "O ex-prefeito Edinho Araújo administrou a cidade por 16 anos, sempre com avanços. Assim, como fez em seus mais de 50 anos de vida pública, vai responder em todas as instâncias, com a verdade dos fatos e sempre de forma transparente", complementa a nota do MDB de Rio Preto.
O partido ainda afirma que as despesas da Prefeitura de Rio Preto nos últimos anos foram aprovadas por órgão fiscalizador. "Importante registrar que as contas dos anos de 2021, 2022 e 2023 foram analisadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e aprovadas. Já os referidos empréstimos citados, todos tiveram o apoio da maioria dos vereadores", finaliza a nota encaminhada à reportagem.
Independente
Questionado pela reportagem sobre apontamentos feitos pela direção do MDB, o prefeito de Rio Preto, Coronel Fábio Candido, evitou atritos políticos. "O Poder Legislativo é independente para realizar investigações e exercer seu papel fiscalizador", afirmou nesta segunda, 31, por meio de sua assessoria.
Na sexta, quando o requerimento foi protocolado, a assessoria do prefeito afirmou, além de citar "independência" da Câmara, que "desde o início da transição, a equipe do atual governo tem trabalhado para levantar informações detalhadas sobre a situação financeira do município, garantindo que eventuais irregularidades sejam verificadas e, se necessário, encaminhadas aos órgãos competentes".
Adesões
O requerimento de Rillo recebeu mais assinaturas nesta segunda, 31, inclusive de vereadores do MDB de Edinho que irão tentar participar da comissão. Os integrantes serão definidos por sorteio.
Quando foi apresentada, a proposta de CPI tinha assinaturas de oito vereadores, além de Rillo: Alexandre Montenegro (PL), Pedro Roberto (Republicanos), Jorge Menezes (PSD), Jonathan Santos (Republicanos), Márcia Caldas (PL), Abner Tofanelli (PSB), Felipe Alcalá (PL) e Eduardo Tedeschi (PL).
Nesta segunda, mais nove vereadores assinaram o requerimento: Jean Dornelas (MDB), Renato Pupo (Avante), Paulo Pauléra (PP), Bruno Moura (PRD), Irineu Tadeu (União Brasil), Celso Peixão (MDB), Rossini Diniz (MDB), Anderson Branco (Novo) e Alex Carvalho (PSB).
Dornelas, que tenta viabilizar formação de CPI para investigar ações de saúde no governo do Coronel Fábio Candido, afirma que assinou o requerimento e que pretende participar para "evitar o desvio de finalidade que no meu modesto entendimento tem cunho político-eleitoral".
Composição
Por ter apresentado o requerimento, Rillo será o presidente da CPI. No ano passado, ele tentou abrir CPI para investigar contratos terceirizados, mas a formação da comissão foi anulada por decisão da Justiça, porque algumas assinaturas teriam sido incluídas fora do prazo regimental. A escolha de relator, membro e suplente será formalizada por sorteio.
Rebate
O vereador rebateu o apontamento feito pela direção do MDB de Rio Preto sobre a formação da comissão. "A cidade tem o direito de saber como e por que o governo Edinho Araújo deixou R$ 1,4 bilhão de dívida para população pagar. O resto é jus sperniandi", afirmou o parlamentar, por meio de sua assessoria.