Reajuste médio de 3,83% nos remédios impacta orçamento das famílias

Reajuste médio de 3,83% nos remédios impacta orçamento das famílias
Valores dos medicamentos são determinados em Câmara de Regulação (Reprodução/Freepik)

Desde a segunda-feira, 31, as farmacêuticas estão autorizadas a reajustar os preços dos medicamentos, conforme a regulamentação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Os economistas ouvidos pelo Diário já prevêem um impacto maior no custo de vida dos idosos.

Em 2025 teve o reajuste médio (3,83%) foi o menor desde 2018 (2,84%). No entanto, o aumento não é automático e deve ser sentido ao longo das próximas semanas, à medida que os estoques das farmácias forem renovados. Nos anos anteriores, os percentuais foram de 5,6% em 2023 e 4,5% em 2024.

Os medicamentos foram categorizados em três níveis de reajuste, dependendo do grau de concorrência daquele medicamento. No Nível 1, para medicamentos com maior concorrência, como dipirona, paracetamol e remédios para gastrite e infecções urinárias e respiratórias, a alta foi de 5%.

O Nível 2 concentra os remédios de concorrência intermediária, como anti-hipertensivos, medicamentos para colesterol e anestésicos locais. Ele ficou com alta de 3,8%.

Por fim, o Nível 3, que reúne os medicamentos com menor concorrência, como biológicos e fármacos para doenças raras, incluindo antirretrovirais e tratamentos para psoríase e TDAH, com reajuste de 2,6%.

IMPACTADOS

O economista José Mauro da Silva afirma que os mais prejudicados são “principalmente as famílias, os grupos de terceira idade, como os usuários de ansiolíticos, e tratamentos de autismo. Também, o próprio Estado, que terá aumentos nos custos das políticas públicas de fornecimento de medicação de alto custo na rede pública e SUS”.

Linha semelhante é seguida pelo economista Bruno Sbrogio. “O governo acaba sendo leniente, permissivo com a inflação e a população de baixa renda é quem mais sofre com os processos inflacionários e é quem mais vai ter dificuldade em adquirir medicamentos com preço mais alto agora, porque eles têm menos poder de compra”.

MOTIVAÇÕES

O economista Hipólito Martins Filho diz que esse reajuste, apesar de necessário, “é uma forma de ‘ver os órgãos de fiscalização’, analisar como as coisas estão acontecendo, se estão subindo no previsto, se está dentro ou fora do teto”.

“De qualquer forma, é uma boa medida, o remédio pesa muito na inflação, no bolso do consumidor, e não vejo uma motivação maior, a inflação não perde nunca”, afirma.

Bruno Sbrogio, também explica que o reajuste é consequência de um período inflacionário que o Brasil enfrenta e esse é o período anual do reajuste de medicamentos que acaba acarretando para as empresas que produzem.

“O dólar exerce um impacto muito grande sobre medicamentos que têm matéria-prima importada. Tudo isso faz parte dessa composição do preço da produção dos medicamentos, desde o salário das pessoas que trabalham nas indústrias farmacêuticas até matéria-prima, maquinário, enfim, é uma cadeia bastante complexa também, e agora é possível repassar esses preços ao consumidor”, diz.

ECONOMIA

Para economizar na hora de comprar medicamento, Hipólito sugere algumas dicas. “Comprar genérico de um bom laboratório. Em farmácias com um estoque grande de um determinado medicamento, o preço acaba sendo menor. Sempre pesquisar e quando possível retirar no postinho. Além de tudo isso, é interessante também, fazer o cadastro nos laboratórios, o preço cai bastante, uns 35%, 40%” conclui.