Tarifa: Todo o empenho é para rever medida, diz Alckmin, que nega pedido de novo prazo ou taxa menor

Tarifa: Todo o empenho é para rever medida, diz Alckmin, que nega pedido de novo prazo ou taxa menor
Geraldo Alckmin, durante entrevista coletiva, fala sobre as tarifas dos EUA (Valter Campanato/Agência Brasil)

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, negou que o governo brasileiro trabalhe, no momento, com um pedido de extensão do prazo para a negociação com os Estados Unidos e com a ideia de redução da tarifa sobre produtos brasileiros de 50% para 30%.

Questionado sobre o assunto nesta segunda-feira, 14, em entrevista coletiva, Alckmin disse que os rumores sobre o assunto “não têm procedência”.

“O governo não pediu nenhuma prorrogação de prazo e não fez nenhuma proposta sobre alíquota, o porcentual. O que estamos fazendo é ouvir os setores mais envolvidos para que o setor privado também participe e se mobilize com seus congêneres e parceiros nos Estados Unidos”, disse o vice-presidente, que é quem está à frente do comitê interministerial que discute o assunto de forma pormenorizada.

Alckmin afirmou, ainda, que “todo o empenho está em rever essa questão, primeiro porque ela é totalmente inadequada”. “O Brasil não tem superávit com os EUA. Pelo contrário. Dos dez produtos que eles mais exportam (para o Brasil), a tarifa para oito é zero. Vamos trabalhar com a iniciativa privada”, disse o vice-presidente.

O Palácio do Planalto tem enfatizado que o momento atual é de ouvir o setor privado antes de desenhar eventuais propostas a serem apresentadas ao governo dos Estados Unidos.

O governo avalia não ser o momento de falar em mais prazo e em uma redução da tarifa sem nem ao menos ouvir o impacto sobre os diferentes setores econômicos.

DOIS BLOCOS

Alckmin disse que o comitê formado por empresários de setores impactados pelo “tarifaço” dos Estados Unidos vai se reunir nesta terça-feira, 15, na sede do Ministério da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços (Mdic) — que o vice-presidente comanda —, sem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O comitê, segundo Alckmin, terá como representantes do Palácio do Planalto, o Mdic, a Casa Civil, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Fazenda. Os setores empresariais foram divididos em dois blocos.

O primeiro bloco é formado por representantes de setores industriais que devem ser impactados pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, como aeronáutica, aço, alumínio, celulose, maquinários, calçados, móveis e autopeças. Este grupo vai se reunir na sede do Mdic às 10h.

Às 14h, o Mdic vai se reunir com representantes do agronegócio. Os setores que devem participar são os de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado. Devem estar presentes os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Agricultura Familiar) e André de Paula (Pesca e Aquicultura).

Alckmin também declarou que deve se reunir com representantes de empresas americanas, pois, segundo o vice-presidente, elas também devem ser atingidas pela taxa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

MEDIDAS

Alckmin também defendeu medidas de desburocratização adotadas pelo governo. Citou a licença flex e o portal único para a exportação e importação, além da isenção de taxa de verificação de taxímetros mirando agradar taxistas.

O vice-presidente destacou também que, no caso de exportação de frango para o Reino Unido e a União Europeia, era obrigatório ter certificado de origem. “Esse certificado era de papel, R$ 166 por dia. Acabou, não paga mais nada e é digital”, completou.