Frigoríficos param produção para os EUA após tarifa de 50%

A produção brasileira de carne bovina está sentindo os efeitos do anúncio de tarifa de 50% dos Estados Unidos para a exportação. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), os frigoríficos estão interrompendo a produção destinada ao mercado norte-americano diante da incerteza sobre a taxação. “Com essa nova tarifa, a exportação de carne bovina aos Estados Unidos, que é o nosso segundo maior comprador, atrás apenas da China, se torna inviável. Temos hoje cerca de 30 mil toneladas já produzidas, que estão nos portos ou em trânsito, totalizando entre US$ 150 a US$ 160 milhões de dólares em produtos. Isso representa uma preocupação adicional para o setor”, afirmou o presidente da Abiec, Roberto Perosa, durante reunião na terça-feira, 15, com integrantes do governo federal.
Café
Na produção de café brasileiro, o aumento das tarifas de importação imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de 10% para 50%, também intensificou as incertezas do setor global da commodity. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa mudança repentina nas regras comerciais intensificou a instabilidade nos valores externos e internos do grão. O Centro de Pesquisa destaca que o Brasil é responsável por 25% das importações norte-americanas de café, e uma tarifa de 50% traz grande desvantagem ao produto nacional e gera incertezas quanto ao escoamento da safra brasileira. Atualmente, o Brasil é líder mundial na exportação de café arábica.
Balança comercial
O agronegócio brasileiro exportou US$ 82 bilhões no primeiro semestre de 2025, mantendo a estabilidade em relação ao mesmo período do ano anterior (-0,2%). Conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), apesar da queda nos preços internacionais, o setor sustentou sua relevância na balança comercial, respondendo por 49,5% de tudo o que o Brasil exportou no período. Em junho, as exportações somaram US$ 14,6 bilhões, influenciadas por um cenário de retração nos preços globais. Entre os destaques do mês estão produtos como celulose (com recorde de volume exportado), suco de laranja, farelo de soja, algodão, óleo de amendoim, ovos, gelatinas, pimenta-do-reino moída e chocolates com cacau.
Cana-de-açúcar
As usinas de cana-de-açúcar do Centro-Sul processaram 12,86% menos matéria-prima na segunda quinzena de junho em comparação com o mesmo período da safra passada, totalizando 42,71 milhões de toneladas, conforme levantamento da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). O índice de produtividade acumulado, do ciclo 2025-2026 (de abril a junho), registrou queda de quase 11% no comparativo com o mesmo período da última safra. “Essa retração no rendimento agrícola, somada a quebra de 5% na qualidade da matéria-prima, resulta em uma queda na quantidade total de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por hectare superior a 15% na área colhida no Centro-Sul até o momento”, pontua o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues.