PM vai investigar possível omissão de policiais no caso Marcondes

PM vai investigar possível omissão de policiais no caso Marcondes
Fábio Marcondes no estádio em Mirassol durante a confusão: polícia vai pedir perícia (Reprodução/TV Tem)

O comando da Polícia Militar na Região de Rio Preto disse nesta terça-feira, 25, ao Diário, que abriu investigação interna para apurar a conduta dos policiais que estavam presentes no momento em que o vice-prefeito Fábio Marcondes (PL) ofendeu um segurança do Palmeiras, chamando-o de "macaco velho" e "lixo".

O episódio de injúria racional ocorre no último domingo, 23, logo após o jogo do time da Capital contra o Mirassol, no estádio José Maria de Campos Maia, pelo Paulistão. Um boletim de ocorrência foi registrado por representantes do Palmeiras.

Marcondes foi filmado por uma equipe da emissora da TV Tem proferindo o insulto no estacionamento reservado ao time visitante. As imagens também mostram dois policiais militares fardados acompanhando a cena.

Em nota, o setor de comunicação do Comando de Policiamento do Interior 5 (CPI-5) informou que "a conduta dos policiais envolvidos será apurada por meio de investigação preliminar, conforme os protocolos internos da Polícia Militar, para verificar se houve, de fato, omissão por parte dos profissionais".

EVIDÊNCIAS

O comando da PM afirmou ainda que a avaliação será feita com base nas evidências disponíveis, incluindo vídeos e testemunhos.

"Caso sejam identificadas falhas na atuação policial, as medidas cabíveis serão adotadas", destacou a corporação.

O comportamento dos policiais tem sido colocado em xeque uma vez que, pela legislação brasileira, os militares deveriam dar voz de prisão em flagrante ao vice-prefeito de Rio Preto.

Inquérito

Na Delegacia Seccional de Rio Preto foi determinada a abertura, na segunda-feira, 24, de um inquérito para apurar a denúncia de injúria racial contra Fábio Marcondes. O delegado Renato Camacho, que vai conduzir a investigação solicitou, nesta terça-feira, à TV Tem, uma cópia da gravação que registrou o momento do insulto contra o segurança Adilson Oliveira.

Assim que receber as imagens, Camacho disse que enviará o material para perícia, a fim de verificar sua autenticidade e realizar a transcrição detalhada das falas.

Além disso, o delegado tentará, por meio da gravação, identificar todas as pessoas presentes no local, para que sejam convocadas como testemunhas.

Após ouvir todas as testemunhas, incluindo representantes do Mirassol, o delegado convocará o vice-prefeito de Rio Preto para prestar depoimento.

Apesar de o segurança já ter sido ouvido no plantão policial de Mirassol, não está descartada a possibilidade de um novo depoimento, desta vez por meio de precatória em uma delegacia de São Paulo.

APURAÇÃO

A presidente do Conselho Afro de Rio Preto, Claudionora Elis Tobias, afirmou que os insultos proferidos por Fábio Marcondes contra o segurança configuram crime previsto na Constituição Federal e no Código Penal.

"Tais atitudes são inaceitáveis quando praticadas por qualquer pessoa da sociedade civil e são ainda mais incompatíveis com quem ocupa cargo público ou posição de liderança", declarou Claudionora, que é advogada.

Ela defende que episódios como este sejam tratados com seriedade, "a fim de construir uma sociedade antirracista, igualitária e livre de discriminação racial".

"Minha solidariedade à vítima e a todos aqueles que sofrem com o racismo em suas diversas formas. Que as autoridades competentes tomem todas as providências para a elucidação do caso, sob os rigores da lei", finalizou Claudionora.