Projeto que leva cultura a jovens da Fundação Casa de Rio Preto conquista prêmio nacional

Projeto que leva cultura a jovens da Fundação Casa de Rio Preto conquista prêmio nacional
Casa Fest, festival de artes realizado na Fundação Casa, faz parte do Projeto Pardal (Divulgação)

Um projeto desenvolvido pela Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, em parceria com a Fundação Casa e a Secretaria Municipal de Cultura, venceu o 4º Prêmio Prioridade Absoluta, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para reconhecer práticas de sucesso relacionadas às questões protetivas e promoção de direitos das crianças e adolescentes. Reconhecido como melhor iniciativa nacional na categoria “Magistratura / Serventuário do Judiciário”, o Projeto Pardal, criado há dois anos, visa democratizar o acesso à cultura a adolescentes internados na Fundação Casa.

A cerimônia de premiação será realizada às 17h desta quarta-feira, 18, na sede do CNJ, em Brasília.

“Estamos muito felizes. Esse reconhecimento confirma o esforço que desempenhamos no Projeto Pardal, porque o mais difícil não é ter a ideia, mas executá-la e mantê-la. Algo que nos orgulha, porque ele já é realizado há dois anos”, diz o juiz Evandro Pelarin.

O projeto

Por meio de visitas monitoradas a pontos culturais como a Biblioteca Municipal, museus e teatros, oficinas de pintura, artes plásticas, som e iluminação, surgiu o Casa Fest – Concurso com Premiação direcionado somente aos internos da Fundação Casa nos segmentos Literatura, Dança, Música e Artes Visuais.

Outro ponto relevante da iniciativa é que o próprio juiz que determina a medida de internação dos adolescentes infratores atua como professor em um curso sobre a vida e obra de Dostoiévski, escritor e filósofo russo. Isso possibilita a aproximação da Justiça com os jovens, transformando a visão que eles têm de uma instituição punitivista para um sistema que visa a reintegração deles à sociedade.

“Ao possibilitar o acesso a ambientes culturais, estamos apresentando aos jovens uma nova perspectiva de futuro por meio do conhecimento e das artes. No Fórum há uma exposição de máscaras africanas produzidas por eles. Também tenho guardadas resenhas muito boas escritas por alguns adolescentes sobre o texto 'Sonho de um homem ridículo', de Dostoiévski. Há jovens com muito potencial”, afirma Pelarin.

Comportamento

Priscila Silveira Duarte Pasqual, psicóloga judiciária, afirma que o projeto impactou positivamente no comportamento dos internos da Fundação Casa.

“A própria saída da unidade, ofertada a quem está em restrição de liberdade, reforça o propósito de ressocialização, porque só podem sair aqueles que registrarem bom comportamento. Mas o contato com o palco, a plateia do teatro, a sala cinema, provocou uma mudança de humor muito expressiva. Praticamente zeramos as transferências realizadas por problemas de brigas entre os adolescentes. A relação entre eles e os funcionários também melhorou muito”, diz.

A psicóloga acrescenta que a participação em atividades culturais também contribui para a remissão da medida de internação, ou seja, a redução da pena.

“Para a Secretaria de Cultura é motivo de orgulho ser parceira nesse projeto. Esses meninos têm direito a reparar os erros e ter acesso a oportunidades. Esse é o papel da cultura, que funciona como um grande instrumento de melhoria, transformação e de sensibilização para os seres humanos, aguçando o senso crítico e mostrando que a vida pode ser melhor”, afirmou o secretário Pedro Ganga.