Desemprego fica em 5,6% em agosto após quatro quedas seguidas

A taxa de desemprego no País permaneceu em 5,6% no trimestre até agosto, mesmo resultado visto no trimestre encerrado em julho, mantendo-se assim no menor patamar da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Acreditamos que o mercado de trabalho continuará forte nos últimos meses de 2025. Nossa projeção é de que a taxa de desemprego encerre o ano próxima a 5,5%, patamar bastante baixo para os padrões históricos do país”, previu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.
O total de desempregados desceu ao piso histórico de 6,084 milhões no trimestre terminado em agosto, menos 605 mil pessoas em busca de uma vaga em somente um trimestre. Já a população ocupada somou 102,418 milhões, 555 mil vagas a mais no período.
Entre as 10 atividades econômicas, metade registrou contratações, metade teve demissões no trimestre, embora a maioria delas tenha mostrado variações estatisticamente não significativas, ou seja, oscilaram na margem de erro da pesquisa.
Para Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partners, os números de agosto sugerem um mercado de trabalho ainda aquecido no Brasil, mas houve queda na população ocupada se descontadas as influências sazonais, contrariando assim a tendência observada nos meses anteriores.
“É difícil extrapolar essa dinâmica para os próximos meses, até porque a perspectiva ainda é de contratações adicionais no final do ano, por conta da sazonalidade. Porém, pode também ser um indicativo de que o mercado de trabalho já está em processo de acomodação. Se for o caso, será uma boa notícia para a política monetária do Banco Central do Brasil”, avaliou Leal, em comentário.
OCUPAÇÃO
O nível da ocupação — que mostra a proporção de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar — saiu de 58,6% no trimestre até maio para 58,8% no trimestre até agosto, mantendo-se assim no maior patamar da série histórica iniciada em 2012. No trimestre móvel terminado em julho de 2025, o nível da ocupação também estava em 58,8%.
“A Pnad vem mostrando desde os trimestres anteriores que o mercado se mostra aquecido, se mostra resistente à taxa de juros alta”, afirmou o pesquisador William Kratochwill, analista da Pnad Contínua no IBGE. “O mercado tem se mostrado forte. Pode ser que ele esteja num momento de calmaria, para (o empregador) tomar decisões corretas para o segundo semestre. Mas o mercado de trabalho está favorável para o trabalhador, ele está aquecido.”
Kratochwill lembra que esse período de meados do ano costuma ser de transição entre as demissões de temporários feitas a cada início de ano e as novas contratações tradicionalmente efetivadas no fim do ano.
“Esses trimestres são um período de transição entre as demissões e novas contratações”, disse ele. “O mercado está acomodado e esperando o planejamento para esse segundo semestre, que é quando o mercado de trabalho fica mais aquecido, com mais contratações. Então o mercado vai observar e aí, sim, ver como vai ficar a contratação.”
RESILIÊNCIA
O pesquisador do IBGE afirma que o mercado de trabalho permanece em um bom momento e que a resiliência do emprego advém de empresários identificando necessidade de mão de obra em meio a uma percepção de que há demanda por bens e serviços. No trimestre terminado em agosto, o total de pessoas atuando com carteira assinada no setor privado avançou a um ápice de 39,118 milhões de trabalhadores, 149 mil vagas a mais em um trimestre. Em um ano, esse contingente de empregos mais qualificados cresceu em 1,232 milhão de pessoas.
Com mais formalidade, a massa de salários em circulação na economia renovou patamar recorde no trimestre encerrado em agosto, totalizando R$ 352,596 bilhões, o que significa R$ 4,922 bilhões a mais em apenas um trimestre. O rendimento médio de quem está trabalhando manteve-se nos maiores patamares da série, aos R$ 3.488.
Segundo William Kratochwill, do IBGE, os avanços na renda e na massa salarial podem ajudar a explicar a resiliência do mercado de trabalho, uma vez que são fatores que estimulam o ciclo virtuoso da economia, gerando mais consumo e mais emprego.
“Naturalmente, quanto mais dinheiro circulando, mais a economia pode ser estimulada”, disse Kratochwill.