Número de supermercados triplica em Rio Preto em 11 anos

Número de supermercados triplica em Rio Preto em 11 anos

Em onze anos, a quantidade de supermercados ativos em Rio Preto — tanto varejistas quanto atacadistas e o modelo híbrido dos dois — subiu 214%. Segundo dados da Secretaria Municipal da Fazenda, em 2015 havia 14 estabelecimentos do tipo; em 2025, este número saltou para 44. Nesta quarta-feira, 12 de novembro, é celebrado o Dia Nacional do Supermercado, e o setor tem muito a comemorar.

Segundo o Caged, banco de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rio Preto acumula neste ano um saldo positivo de empregos na área do comércio (da qual os supermercados fazem parte) de 5.809 carteiras assinadas, uma variação positiva de 15,1%. O setor só perde para o de serviços, com um saldo positivo de contratação de 11,5 mil colaboradores no ano, até setembro.

Segundo pesquisa da “SA Mais Varejo”, com dados do governo do Estado de São Paulo, são 26.965 supermercados distribuídos pelos 645 municípios paulistas, que somam 46.081.801 habitantes, segundo projeção do IBGE. Isso totaliza 1.708 habitantes para cada supermercado. Em Rio Preto, porém, essa média é bem mais baixa. São 44 unidades divididas por 504.166 habitantes, totalizando um supermercado para cada 11.458 habitantes.

Para Érico Veras Marques, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e especialista em economia do dia a dia, finanças pessoais e comportamentais, o setor vive um bom momento, que tem tudo a ver com o atual momento do Brasil. Mesmo com a inflação alta, o desemprego registrou sua menor taxa histórica, atingindo 5,6% no trimestre encerrado em setembro de 2025, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Mesmo com a inflação que a gente tem, você está tendo a população empregada, e essa população vai consumir”, afirma. Ele avalia que, em se tratando da população com menor renda, os governos federal, estadual e municipal suprem questões como educação e saúde, porém ainda é necessário que as pessoas comprem alimentos — e este é o último setor a sofrer cortes em um momento de aperto financeiro e o primeiro que as famílias voltem a consumir.

Fato é que todos precisam se alimentar — mesmo os que fazem isso fora de casa, impulsionando a ida dos donos de restaurante aos supermercados. Conforme a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017–2018 do IBGE, as despesas com alimentação representam 17,5% do orçamento das famílias. Para as que ganham até dois salários mínimos, este número é ainda maior: 22%.

“Isso faz com que a gente tenha crescimento no setor de supermercado”, considera Marques. E o cenário deve se manter positivo nos próximos anos. “Tudo vai depender da economia. A inflação e a taxa de juros devem cair nos próximos meses, então devemos nos estabilizar”, disse.

FORÇA

Para Carlos Eduardo Vasconcelos Malaguti, diretor-regional da Associação Paulista de Supermercados (Apas) regional de Rio Preto, o crescimento do número de unidades reflete a força e a relevância do setor na cidade. Em sua avaliação, o fato de a quantidade de empresas do ramo ter triplicado em dez anos demonstra o potencial de consumo, o desenvolvimento urbano e o dinamismo do varejo regional.

“Na região de Rio Preto, a Regional da Apas congrega 1.258 pontos de venda, distribuídos em 104 municípios, com mais de 27,2 mil colaboradores diretos”, pontua. "Esse movimento de expansão é resultado de investimentos contínuos em inovação, tecnologia e qualificação profissional, fatores que tornam o setor cada vez mais eficiente, competitivo e alinhado às novas demandas dos consumidores", disse.

EMPRESAS

Rio Preto conta com grandes redes de supermercados, algumas de origem internacional, e outras com ramificações e origens em outros estados e encontraram na cidade um bom polo de investimentos.

Para Wesley Totti, diretor de operações do Assaí Atacadista, o setor vive um momento positivo, impulsionado pelo fortalecimento do comércio regional e pela demanda crescente por conveniência, variedade e preço competitivo.

“Acreditamos nesse potencial, por isso inauguramos duas lojas na cidade em menos de um ano, uma na região sul e outra na Central”, afirma. Nas duas lojas, são cerca de 1,2 mil empregos diretos e indiretos.

“Em cada unidade, buscamos criar um espaço para nossos clientes e a comunidade, com lojas amplas e iluminadas, estacionamento espaçoso, praças de convivência, caixas de autoatendimento, açougue, padaria, cafeteria, empório de frios e hortifrúti com produtos frescos”, complementa Totti.

Na avaliação de Rodrigo Adura, diretor-comercial do Amigão Supermercados, apesar do ano desafiador para o varejo brasileiro, a companhia tem registrado aumento das vendas e continua fazendo investimentos, com mais unidades sendo inauguradas pelo País. A companhia tem aproximadamente 10 mil colaboradores, sendo 465 deles atuando nas quatro unidades de Rio Preto — onde há 20 postos de trabalho abertos.

“O varejo alimentar tem desafios como qualquer setor, inclusive pelo grande endividamento das famílias brasileiras, mas estamos investindo em tecnologia, experiência de compra, ampliação de marcas e produtos. No caso do Amigão Supermercados, temos feito investimentos sólidos nas regiões em que atuamos”, garante. “Em Rio Preto, registramos alta nas vendas no mês passado em relação ao mesmo mês do ano passado.”

As redes Muffato, Proença e Compremix foram procuradas, mas não responderam às questões até o fechamento desta reportagem.