Polícia de Rio Preto vai usar IA para digitalizar e agilizar boletins de ocorrência

Polícia de Rio Preto vai usar IA para digitalizar e agilizar boletins de ocorrência
Diário da Região

A Inteligência Artificial (AI) vai entrar no cotidiano dos registros de boletins de ocorrência da Polícia Civil na região de Rio Preto. As antigas máquinas de escrever há anos deram lugar às digitações em computador, mas agora os registros não vão mais se limitar à ponta dos dedos dos profissionais da área. Uma câmera acoplada no computador do escrivão vai filmar os depoimentos das partes, vítima, autor e testemunhas, que serão transformados em texto, por meio de Inteligência Artificial.

O modelo será implantado no ano que vem em todo o estado de São Paulo. O objetivo principal do uso da IA é para agilizar o atendimento das vítimas e liberar mais rapidamente as equipes responsáveis pela apresentação da ocorrência: Guarda Municipal e Polícia Militar.

A primeira experiência foi feita nas delegacias da região de São José dos Campos, em funcionamento desde 2024. A digitalização começa com registro do rosto das pessoas. Inicialmente, o escrivão preenche os dados como nomes, número de documento pessoal, tipo físico, filiação, profissão e telefone de contato.

Logo em seguida, a câmera faz o registro da coleta do depoimento da parte envolvida. Após a conversão do áudio do vídeo em texto, o escrivão faz correção de eventuais erros na transcrição das frases. Uma cópia do documento é impressa, para ser apresentada para o depoente checar se está conforme a versão digitalizada. Coletados todos os depoimentos, o boletim de ocorrência é enviado para sanção do delegado.

Os arquivos de vídeo de depoimento ficam armazenados no banco de dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, com possibilidade de ser disponibilizado para a delegacia responsável em fazer a inquérito policial e para o Poder Judiciário.

O processo começou no mês passado com a instalação de câmeras nos computadores nas centrais de flagrantes de todas as seccionais da região do Deinter 5, Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Jales, Novo Horizonte e Votuporanga.

A novidade também vai estar presente nas delegacias de defesa da mulher nas cidades de Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Jales, José Bonifácio, Mirassol, Monte Aprazível, Novo Horizonte, Rio Preto, Santa Fé do Sul e Votuporanga.

Em paralelo à instalação de equipamentos e software, os policiais civis que fazem parte das escalas de plantão estão em processo de treinamento de como fazer a operação do novo sistema.

Por meio desta digitalização, os escrivães também estão habilitados a fazer outro procedimento: a elaboração de boletim de ocorrência a distância, quando uma delegacia estiver com toda equipe ocupada.

Neste caso, a vítima será encaminhada para uma sala de atendimento virtual, seja nas centrais de flagrantes ou nas delegacias de defesa da mulher.

'Que seja auditada a transcrição'
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Márcio Cortez, secretário municipal de Segurança, diz que tecnologia pode agilizar, mas defende clareza para garantir a veracidade dos depoimentos - Divulgação
O secretário municipal de Segurança Pública, Marcio Cortez acha que o uso da Inteligência Artificial para elaboração do boletim de ocorrência vai ajudar a liberar mais rápido as equipes da Guarda Municipal e da Polícia Militar durante apresentação das ocorrências.

“Importante que essa modernização seja feita, para melhor o atendimento da população. Que seja, claro, auditada a transcrição, para garantir a veracidade dos depoimentos”

O aumento do uso da Inteligência Artificial (IA) e de outras tecnologias tem ocorrido com grande intensidade nos últimos anos, em diversos segmentos da sociedade — inclusive, no âmbito da criminalidade. Diante desse cenário, é fundamental que a Polícia Civil também aperfeiçoe seus métodos de atuação e modernize seus recursos tecnológicos, sempre visando oferecer um melhor atendimento às demandas de segurança pública da população e otimizar o uso dos recursos humanos e materiais do Estado de São Paulo.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) afirma que acompanhará a implantação. "Especialmente quanto à eficiência das novas tecnologias, às condições de trabalho dos policiais civis responsáveis por sua operação e, não menos importante, à satisfação da população", afirma em nota Jacqueline Valadares, presidente do sindicato. (MAS)