Trânsito rio-pretense é lider estadual em prejuízo financeiro com acidente

Em doze meses, Rio Preto sofreu um prejuízo de R$ 197,4 milhões em acidentes de trânsito. É o que aponta o “Infosiga 3.0”, versão atualizada da plataforma de dados e estatísticas do Detran que, pela primeira vez, apresenta um método de cálculo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que considera os impactos econômicos diretos e indiretos de sinistros com ou sem vítimas – para além das despesas hospitalares, o relatório inclui os custos com danos à sinalização, o atendimento policial e até a perda de produção com o afastamento do trabalhador.
O montante milionário estimado pelo estudo coloca Rio Preto no topo do ranking, entre as cidades com população superior a 300 mil habitantes, que mais tiveram custos com a violência do trânsito: R$ 393,55 por habitante, à frente de Jundiaí, segunda colocada, com R$ 337,19. São Paulo, capital, aparece em 19º, com R$ 220,48 de ônus por morador. Rio Preto também lidera no Estado, proporcionalmente ao número de habitantes, em ocorrência de acidentes.
A análise mostra que, entre setembro de 2024 e agosto de 2025, foram registrados 2.301 acidentes em Rio Preto, uma média de R$ 85.790 mil de prejuízo por sinistro.
O banco de dados aponta que, individualmente, as rodovias BR-153 e Washington Luís concentram o maior número de acidentes, com 173 e 152 casos, respectivamente, além de 16 mortes somadas.
No entanto, as vias municipais concentram 52% das ocorrências de trânsito, incluindo colisão entre veículos, choque de veículos com barreiras e atropelamento de pedestres.
MAIS PERIGOSA
A avenida Philadelpho Gouveia Neto é a via mais perigosa de Rio Preto: 48 acidentes foram registrados nos últimos doze meses.
O músico Luís Fernando Trostolf Silva, de 46 anos, foi uma dessas vítimas. Em dezembro do ano passado, ele pilotava uma moto rumo ao Centro da cidade quando foi atingido violentamente na traseira por um carro cujo motorista estava embriagado.
“Fui internado em estado grave. Sofri fraturas no osso da face e quebrei várias costelas. Após a alta médica, ainda precisei ficar um longo período sem trabalhar, mas tenho sequelas até hoje. Além da questão estética, com a cicatriz no rosto, sinto fortes dores de cabeça”, conta.
Especialista em engenharia e operação de tráfego, Marcos Sigrist aponta que a configuração da avenida contribui para acidentes com gravidade.
“É uma avenida larga e a pista, em quase toda extensão, é reta, com poucas curvas. Isso favorece o motorista a imprimir velocidade. Por ser uma via que concentra grande volume de veículos, já que é a principal ligação entre o centro e a região Norte, colocar lombadas ou semáforos iria provocar congestionamento”, analisa.
Embora considere a medida antipopular, Sigrist defende que a Philadelpho exige a instalação de radares em sequência, para evitar que motoristas reduzam somente em um ponto de fiscalização eletrônica e volte a imprimir velocidade logo depois.
LESÕES
No Instituto Lucy Montoro, a maioria das vítimas de acidentes tem lesões neurológicas e traumatismo cranioencefálico (TCE). O tempo de reabilitação de cada paciente também muda conforme os cuidados. Se for uma pessoa amputada, em média de seis meses a um ano.
"Para o traumatismo cranioencefálico, que fica uma lesão no sistema nervoso central, um ano. E tem os pequenos traumas, aqueles que fraturam um punho, cotovelo, perna, que pode variar de três a nove meses", diz a fisiatra Regina Chueire, diretora da unidade.
Em nota, a Secretaria de Trânsito informou que haverá melhoria após a conclusão das obras em avenidas de grande fluxo, além de aprimoramento de sinalizações e ampliação de faixas. A pasta entende que o alto índice de acidentes está relacionado principalmente à imprudência no trânsito, potencializada pela falta de planejamento dos deslocamentos e ao aumento do uso de celular.