Consumidores adotam estratégias para escapar da pressão da inflação sobre o orçamento

Consumidores adotam estratégias para escapar da pressão da inflação sobre o orçamento
Consumidores usam da criatividade para driblar as altas nos alimentos (Guilherme Baffi 14/2/2025)

Mesmo com o registro de 0,16% em janeiro de 2025, a menor inflação desde 1994, o acumulado de 12 meses soma 4,56% acima da meta do governo. Só o setor de alimentação e bebidas contribuiu com 0,21 ponto percentual para a taxa de janeiro. Com isso, quem vai ao mercado sabe que precisa de estratégias para economizar nas compras.

O aumento nos gastos com mercado tem pesado no bolso dos consumidores. O orçamento médio varia de R$ 600 a R$ 1,5 mil. Com práticas para economizar, a margem dos valores pode cair para R$ 500 a R$ 900. O economista Bruno Sbrogio afirma que o público de menor renda é o mais prejudicado.

“A inflação de uma maneira geral é um processo onde a gente perde dinheiro. É como se alguém colocasse a mão no nosso bolso e começasse a assaltar a gente porque o dinheiro que temos vale cada vez menos. Se hoje você tem R$ 100 no bolso, ele vale menos do que a um ano atrás, então, há um ano, esse dinheiro comprava mais coisa do que hoje. Isso causa um empobrecimento muito grande da população, principalmente da população de menor renda, porque a população de menor renda é obrigada a gastar tudo que tem”, diz.

Dicas de economia

Segundo Bruno, algumas medidas podem ajudar a reduzir os gastos elevados. São eles: “Substituir a carne vermelha, procurar carne de frango, de porco; procurar um produto similar, exemplo da manteiga, optar por margarina; diminuir a quantidade, por exemplo, do café, tomar menos durante o dia; e pesquisar os preços, utilizar os meios de comunicação dos mercados em Whatsapp, Telegram”, conta.

PRAZOS MENORES

Há também os consumidores que adotam as compras semanais, ao invés das mensais. “A compra do mês é geralmente baseada na expectativa de consumo. Então você já adianta as compras mês inteiro, acaba gastando mais dinheiro, mas vai menos no mercado. Para não fazer aquela ‘comprona’ do mês, que acaba comprando muita coisa por estimativa, gastando mais e pegando mais do que necessita, a dispensa fica cheia e sempre é um convite para comer mais, usar mais ingredientes”.

A universitária Luiza Cruz diz adotar este expediente em casa. “A gente não tem costume de fazer compra do mês porque as coisas acabam estragando. A questão é que gostamos de comprar em mercados que juntam pontos por compra na cartela, para trocar por algum prêmio depois”, conta.

FIDELIDADE

Outra alternativa que agrada a uma parcela dos consumidores é aderir ao calendário especial de cada mercado. São datas destinadas às carnes, frutas, verduras e produtos de limpeza, com preços especiais.

O advogado João Marconcini planeja suas compras conforme os dias de promoção de cada mercado. “Segunda para produtos de limpeza; terça e quarta para frutas e verduras; e quinta e sexta para carnes. Evito a todo custo ir ao mercado nos finais de semana, pois normalmente os preços estão mais inflacionados”, afirma.

A professora Ana Lúcia Galacini também adota esse modo com as compras no açougue. “Vou ao açougue perto de casa porque sei que na quarta é promoção de carne de porco, na quinta, do frango, então organizo para comprar a mistura na quarta e quinta”, diz.

NO PAPEL

Outra ferramenta, um tanto quanto tradicional, é a utilização dos panfletos promocionais de cada mercado. Sejam eles vindos pelos aplicativos de celular, ou aqueles distribuídos em papel.

“Acompanho os panfletos promocionais dos mercados que eu mais gosto. Sempre vou com uma lista pronta para não me perder com promoções de produtos que já tenho ou não preciso”, conta.

A diarista Joyce Cristina Castro diz que acompanha os canais de comunicação dos mercados “Toda semana mandam as ofertas. Nunca substituo marca, gosto sempre da mesma, então busco o lugar que estiver mais em conta. Vou em um mercado para comprar o bruto, como arroz, feijão, óleo, fardo de detergente, e no outro faço feirinha e reponho o que faltou”, explica.

Ana Lúcia também compartilha da mesma opinião de Joyce, e diz não substituir marcas de sua preferência. “Minha vida é economizar, mas substituir é muito difícil, por exemplo, o pão e leite que eu gosto, não troco, procuro onde está mais barato”.

A dona de casa, Vera Aparecida Baruffi conta que aproveita algumas promoções, mas quando o valor está muito alto, deixa de comprar. “Difícil economizar, a gente acaba comprando sempre o do meio, nem o mais barato, nem o mais caro. Aproveito quando vejo uma promoção, mas quando está muito caro, deixo de comprar”, afirma. (Colaborou Ana Beatriz Aguiar)