Júri condena homem apontado como assassino em série a 337 anos de prisão em Rio Preto

Júri condena homem apontado como assassino em série a 337 anos de prisão em Rio Preto
José Antônio Miranda da Silva está preso desde 2020 (Reprodução/Redes sociais)

Em Tribunal do Júri realizado nesta quinta-feira, 13, o soldador José Antônio Miranda da Silva, 51 anos, foi condenado a 337 anos de prisão por dois homicídios, sete tentativas de homicídio, sete estupros e cinco roubos. Trata-se da maior pena em crimes contra a vida na história da cidade.

Apontado pela Polícia Civil como um assassino em série, Miranda ficou conhecido nos anos 1990 como “Maníaco do Corcel” e chegou a cumprir pena por 20 anos. Depois de solto, estuprou e roubou pelo menos 14 mulheres entre 2019 e 2020.

Entre os crimes cometidos pelo homem estão os assassinatos de Adriana Mello Viana, cujos restos mortais foram encontrados em um pasto do bairro Vila Toninho em outubro de 2019, o de Sebastiana de Fátima de Souza, que teve o corpo carbonizado em um matagal de Monte Aprazível.

Segundo a investigação, conduzida pelo delegado Wander Solgon, a sequência de crimes iniciou um ano após Miranda sair da cadeia.

Conforme a Polícia Civil, o réu substituiu o Corcel por um Corsa branco, que usava oferecer carona para as vítimas ou para em encontros sexuais. As mulheres eram levadas para locais ermos de Rio Preto, Guapiaçu, Cedral, Uchoa e Monte Aprazível. Longe de qualquer testemunha, ele violentava e espancava as vítimas. Uma delas sobreviveu porque se fingiu de morta.

Preso, José Antônio negou todos os crimes.

O advogado Emerson Bertolini, contratado por meio de convênio com a Defensoria Pública, afirmou que já esperava uma pena alta e que pretende entrar com uma apelação.

"Prova concreta de que ele esteve nos lugares não apareceu, só o depoimento das pessoas. Mas agora vou apelar, contestando as nulidades do processo. Mas a pena máxima é de 40 anos e acho que é capaz que ele fique cumprindo preso o máximo de tempo que a lei permite", afirmou.

Miranda já estava preso preventivamente desde junho de 2020.

Caso repugnante
De acordo com o promotor Evandro Ornelas Leal, nenhuma vítima participou do Júri Popular em razão da situação traumática que enfrentam. "Preferi reproduzir o depoimento delas a ter que submetê-las a novo sofrimento", explicou.

Alegando sofrer ameaças de morte, José Miranda, que já cumpria pena na penitenciária de Lucélia, foi interrogado por videoconferência. Ele se limitou a negar todas as acusações, embora tenha admitido encontros sexuais com parte das vítimas.

Ornelas disse que considerou a pena justa, mas que os legisladores precisam tornar as leis mais rigorosas em casos como este.

"Condenado anteriormente a 58 anos de prisão, Miranda cumpriu um terço da pena e, em 2017, voltou para a rua e cometeu outra onda de crimes. O que fica de mensagem é que o país precisa mudar a legislação. Existe uma certa responsabildiade do próprio Estado em não punir severamente pessoas com essa capacidade de violência. Acaba o Estado contribuindo para que duas pessoas fossem mortas e outra sete quase mortas", desabafou.

Responsável pela investigação, o delegado Wander Solgon disse que foi o caso mais violento e desafiador em que trabalhou. "Certamente, o estado de terror das vítimas sobreviventes foi o que mais me marcou nesta investigação. Ficou evidente que Miranda tem compulsão em matar", disse.