Jurista e escritor rio-pretense relança livros sobre a imigração italiana no Brasil

Em julho de 2024, para marcar os 150 anos da imigração italiana no Brasil, o jurista, e escritor rio-pretense Durval de Noronha Goyos Jr. lançou os livros “Breve História da Imigração Meridional Italiana no Estado de São Paulo” e “Dicionário de Aforismas, Provérbios e Expressões Idiomáticas da Língua Napolitana”.
Após se esgotarem em apenas três semanas, as obras ganham novas roupagens, revistas e ampliadas, que serão lançadas na próxima terça-feira, dia 18, a partir das 19h30, na livraria Empório Cultural, no Riopreto Shopping.
Com prefácio da brasilianista Antonella Rita Roscilli, professora, escritora, jornalista e tradutora italiana, a segunda edição de “Breve História” possui 224 páginas, ilustradas com fotos históricas e foto de capa do renomado fotógrafo napolitano Salvatore Scialò.
O livro aborda língua, cultura, literatura, artes plásticas, agricultura, indústria, futebol, ciência, gastronomia, sindicalismo e outros temas dessa história que começou nas décadas finais do século 19 e influenciou os rumos do Brasil desde então. A obra analisa ainda as condições socioeconômicas da Itália antes da emigração – e como as remessas de dinheiro enviadas pelos emigrantes influenciaram a economia de lá –, assim como avalia a situação do Brasil à época em que italianos vieram em massa para cá e se distribuíram por várias regiões do País e do Estado de São Paulo, especialmente sua capital.
Já o dicionário contempla quatro idiomas – napolitano, italiano, português e inglês, com conteúdo extraído de livros, dicionários, letras de canções, peças teatrais, poemas, preces, grafites e outros meios disponíveis, além de sua própria memória linguística de infância.
Durval de Noronha Goyos Jr. conversou com o Diário e revelou mais detalhes sobre essas obras e novas que serão publicadas em breve. Confira:
Diário da Região - O que foi acrescentado no livro e no dicionário? Em termos de páginas, quanto aumentou nas duas obras?
Durval de Noronha Goyos Jr.: O livro “Breve História da Imigração Italiana”, em sua segunda edição, ficou acrescido de 25 páginas, ou cerca de 15% a mais do total da segunda edição. A base da expansão foram comentários de amigos; lembranças tardias de minha parte; e também de algumas pesquisas históricas adicionais. Foram acrescidas três novas fotos: uma da família Benfatti antes do embarque para o Brasil; uma da família Brandini (de Berardini) no embarque; e uma de obra de Ado Malagoli, grande pintor ítalo-brasileiro, nascido em Araraquara, que dá nome ao museu de arte de Porto Alegre. Este quadro, que fica nas paredes de minha residência de São Paulo, o retrato de uma menina negra, de maneira incisiva, me cobrou numa ocasião: “Como pudeste esquecer de mim?”. Por outro lado, um de meus sócios comentou que eu havia esquecido de mencionar o nome do comandante Rolim Adolfo Amaro, que foi meu caríssimo amigo e, anos após, cliente de nosso escritório de advogados por muitos anos. Eu o havia conhecido em Fernandópolis, quando de minha adolescência. Ele posteriormente deu conferências fascinantes no programa de educação continuada de Noronha Advogados. Perguntei-me envergonhado como pude me esquecer dele. Agora, a lacuna está colmada. Maiores detalhes a respeito da família Brandini me foram fornecidos pelo querido amigo, Padre Jarbas Brandini. Lembrei-me ainda de outros nomes, que foram incluídos, mas ainda há reparos para uma eventual terceira edição: por exemplo, faltou mencionar a família meridional italiana Vitagliano, com raízes em Rio Preto. Minha mãe tinha uma amiga próxima com este sobrenome. Por sua vez, também o Dicionário foi expandido em 15% aproximadamente, mas com novos aforismas, os quais continuo sempre a compilar e são uma fonte contínua de divertimento e humor, quando não de lições de vida.
Diário - Quais as principais diferenças em relação às primeiras edições? As expansões se devem a sua própria pesquisa ou ao acréscimo de mais histórias compartilhadas por amigos e familiares?
Noronha - De fato, as referidas obras tiveram ampla e generosa aceitação pelos leitores de São José do Rio Preto, mas ainda pela comunidade ítalo-brasileira das cidades de São Paulo, São Carlos, Ribeirão Preto e Araraquara. Também adquiriram os livros diversos interessados de outros Estados brasileiros, como o Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e no Distrito Federal. Na Itália, os direitos globais do Dicionário, à exceção de Brasil e Portugal, foram adquiridos por uma editora italiana para uma edição mundial, que será a terceira, a ser lançada oficialmente em Nápoles no dia 13 de maio de 2025, com a minha presença. Por sua vez a, “Breve História” foi bem aceita naquele país, apesar de escrita em português.
Diário – O senhor pretende escrever mais sobre o assunto? Há um próximo livro a caminho?
Noronha - Eu estou sempre a escrever. Atualmente, tenho minha coluna quinzenal no Diário da Região, que está já em seu segundo ano, a qual é republicada pela Internet e diversos outros veículos, inclusive com expressiva repercussão internacional. Tenho também uma coluna mensal, mais longa, no Portal Grabois. Excepcionalmente, escrevo ensaios a convite, quando me sobra tempo. Nas horas vagas, ainda trabalho como advogado. Na área literária, estou a finalizar uma obra de meus heterônimos, capitaneados pelo Bardo do Bixiga, o combativo e destemido António Paixão, um jornalista luso-brasileiro maloqueiro e permanentemente desempregado por opção própria. Ele também é conhecido nas quebradas do mundaréu como o Vate da Gaviões; como o Trovador do Timão ou ainda como o Menestrel dos Ébrios. Participam os outros heterônimos: o cantor napolitano Beppe Molisano, italiano; o poeta Tony Malvern, inglês; e o professor Yuse Fajin, chinês. Dois agregados também têm um papel nas ricas discussões: o Frei Totò Molisano OP e a sorveteira Gigi Dell'Amore, ítalo-brasileira, desafortunada mulher do António Paixão. Os debates tomam lugar num convescote à maneira do banquete de Platão, sobre os aspectos psicológicos, sociológicos e filosóficos da figura do corno na história da literatura mundial. A obra será lançada no final de 2025, ilustrada com caricaturas de todos.