Jurista e escritor rio-pretense relança livros sobre a imigração italiana no Brasil

Jurista e escritor rio-pretense relança livros sobre a imigração italiana no Brasil
Durval de Noronha Goyos Jr. já publicou mais de 82 livros (Arquivo Pessoal)

Em julho de 2024, para marcar os 150 anos da imigração italiana no Brasil, o jurista, e escritor rio-pretense Durval de Noronha Goyos Jr. lançou os livros “Breve História da Imigração Meridional Italiana no Estado de São Paulo” e “Dicionário de Aforismas, Provérbios e Expressões Idiomáticas da Língua Napolitana”.

Após se esgotarem em apenas três semanas, as obras ganham novas roupagens, revistas e ampliadas, que serão lançadas na próxima terça-feira, dia 18, a partir das 19h30, na livraria Empório Cultural, no Riopreto Shopping.

Com prefácio da brasilianista Antonella Rita Roscilli, professora, escritora, jornalista e tradutora italiana, a segunda edição de “Breve História” possui 224 páginas, ilustradas com fotos históricas e foto de capa do renomado fotógrafo napolitano Salvatore Scialò.

O livro aborda língua, cultura, literatura, artes plásticas, agricultura, indústria, futebol, ciência, gastronomia, sindicalismo e outros temas dessa história que começou nas décadas finais do século 19 e influenciou os rumos do Brasil desde então. A obra analisa ainda as condições socioeconômicas da Itália antes da emigração – e como as remessas de dinheiro enviadas pelos emigrantes influenciaram a economia de lá –, assim como avalia a situação do Brasil à época em que italianos vieram em massa para cá e se distribuíram por várias regiões do País e do Estado de São Paulo, especialmente sua capital.

Já o dicionário contempla quatro idiomas – napolitano, italiano, português e inglês, com conteúdo extraído de livros, dicionários, letras de canções, peças teatrais, poemas, preces, grafites e outros meios disponíveis, além de sua própria memória linguística de infância.

Durval de Noronha Goyos Jr. conversou com o Diário e revelou mais detalhes sobre essas obras e novas que serão publicadas em breve. Confira:

Diário da Região - O que foi acrescentado no livro e no dicionário? Em termos de páginas, quanto aumentou nas duas obras?

Durval de Noronha Goyos Jr.: O livro “Breve História da Imigração Italiana”, em sua segunda edição, ficou acrescido de 25 páginas, ou cerca de 15% a mais do total da segunda edição. A base da expansão foram comentários de amigos; lembranças tardias de minha parte; e também de algumas pesquisas históricas adicionais. Foram acrescidas três novas fotos: uma da família Benfatti antes do embarque para o Brasil; uma da família Brandini (de Berardini) no embarque; e uma de obra de Ado Malagoli, grande pintor ítalo-brasileiro, nascido em Araraquara, que dá nome ao museu de arte de Porto Alegre. Este quadro, que fica nas paredes de minha residência de São Paulo, o retrato de uma menina negra, de maneira incisiva, me cobrou numa ocasião: “Como pudeste esquecer de mim?”. Por outro lado, um de meus sócios comentou que eu havia esquecido de mencionar o nome do comandante Rolim Adolfo Amaro, que foi meu caríssimo amigo e, anos após, cliente de nosso escritório de advogados por muitos anos. Eu o havia conhecido em Fernandópolis, quando de minha adolescência. Ele posteriormente deu conferências fascinantes no programa de educação continuada de Noronha Advogados. Perguntei-me envergonhado como pude me esquecer dele. Agora, a lacuna está colmada. Maiores detalhes a respeito da família Brandini me foram fornecidos pelo querido amigo, Padre Jarbas Brandini. Lembrei-me ainda de outros nomes, que foram incluídos, mas ainda há reparos para uma eventual terceira edição: por exemplo, faltou mencionar a família meridional italiana Vitagliano, com raízes em Rio Preto. Minha mãe tinha uma amiga próxima com este sobrenome. Por sua vez, também o Dicionário foi expandido em 15% aproximadamente, mas com novos aforismas, os quais continuo sempre a compilar e são uma fonte contínua de divertimento e humor, quando não de lições de vida.

Diário - Quais as principais diferenças em relação às primeiras edições? As expansões se devem a sua própria pesquisa ou ao acréscimo de mais histórias compartilhadas por amigos e familiares?

Noronha - De fato, as referidas obras tiveram ampla e generosa aceitação pelos leitores de São José do Rio Preto, mas ainda pela comunidade ítalo-brasileira das cidades de São Paulo, São Carlos, Ribeirão Preto e Araraquara. Também adquiriram os livros diversos interessados de outros Estados brasileiros, como o Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e no Distrito Federal. Na Itália, os direitos globais do Dicionário, à exceção de Brasil e Portugal, foram adquiridos por uma editora italiana para uma edição mundial, que será a terceira, a ser lançada oficialmente em Nápoles no dia 13 de maio de 2025, com a minha presença. Por sua vez a, “Breve História” foi bem aceita naquele país, apesar de escrita em português.

Diário – O senhor pretende escrever mais sobre o assunto? Há um próximo livro a caminho?

Noronha - Eu estou sempre a escrever. Atualmente, tenho minha coluna quinzenal no Diário da Região, que está já em seu segundo ano, a qual é republicada pela Internet e diversos outros veículos, inclusive com expressiva repercussão internacional. Tenho também uma coluna mensal, mais longa, no Portal Grabois. Excepcionalmente, escrevo ensaios a convite, quando me sobra tempo. Nas horas vagas, ainda trabalho como advogado. Na área literária, estou a finalizar uma obra de meus heterônimos, capitaneados pelo Bardo do Bixiga, o combativo e destemido António Paixão, um jornalista luso-brasileiro maloqueiro e permanentemente desempregado por opção própria. Ele também é conhecido nas quebradas do mundaréu como o Vate da Gaviões; como o Trovador do Timão ou ainda como o Menestrel dos Ébrios. Participam os outros heterônimos: o cantor napolitano Beppe Molisano, italiano; o poeta Tony Malvern, inglês; e o professor Yuse Fajin, chinês. Dois agregados também têm um papel nas ricas discussões: o Frei Totò Molisano OP e a sorveteira Gigi Dell'Amore, ítalo-brasileira, desafortunada mulher do António Paixão. Os debates tomam lugar num convescote à maneira do banquete de Platão, sobre os aspectos psicológicos, sociológicos e filosóficos da figura do corno na história da literatura mundial. A obra será lançada no final de 2025, ilustrada com caricaturas de todos.