Olivia Torres: atriz rio-pretense brilha em ‘Ainda Estou Aqui’

Olivia Torres: atriz rio-pretense brilha em ‘Ainda Estou Aqui’
Olivia Torres e Fernanda Torres durante cena de “Ainda Estou Aqui” (Reprodução)

A atriz Olivia Torres, natural de Rio Preto, está vivendo um momento especial na carreira. Integrante do elenco de “Ainda Estou Aqui”, longa de Walter Salles indicado ao Oscar em três categorias, incluindo Melhor Filme, ela comemora a visibilidade internacional da produção. No filme, Olivia interpreta Maria Beatriz, a Babiu, filha de Eunice Paiva, papel de Fernanda Torres, e divide cenas marcantes com grandes nomes do cinema nacional, como Fernanda Montenegro.

Em “Ainda Estou Aqui”, Babiu vê como sua mãe enfrenta a ditadura militar no Brasil enquanto lida com a dor do desaparecimento de seu pai, Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello. O filme mergulha nos desafios da mãe e de sua família. A trama aborda a resiliência, a luta por justiça e a importância da memória histórica, trazendo uma narrativa intensa e sensível. Em Rio Preto, o filme está em cartaz nos Cinépolis, do Plaza Avenida e do Iguatemi; no Centerplex, do Cidade Norte; e no Cine Araújo, do Riopreto Shopping.

Além do sucesso nas telonas, Olivia segue se destacando no teatro e no streaming. Protagoniza o filme de terror “Continente”, disponível na Globoplay, e brilha nos palcos. Seu último espetáculo foi “Um Jardim para Tchekhov”, que ficou em cartaz até o último dia 2, no CCBB Brasília.

Olívia é filha da atriz Sofia Torres e do produtor cultural Lucas Mansor. Junto com eles e mais uma equipe de peso, ela assinou a direção e dramaturgia do monólogo musical “Na Estrada com Alceu Valença”. A atriz, que começou sua carreira aos 14 anos, venceu o prêmio de melhor atriz no Brazilian Film Festival em Miami com o longa-metragem “Desenrola”.

Mesmo com a agenda cheia, ela segue conectada às suas raízes rio-pretenses e fala com carinho sobre a cidade onde nasceu. Em entrevista ao Diário, Olivia compartilha bastidores de suas produções, suas expectativas para o Oscar e os planos para 2025. Confira abaixo a entrevista.

Diário da Região- “Ainda Estou Aqui” foi indicado ao Oscar em três categorias, incluindo Melhor Filme. Como foi fazer parte desse projeto tão grandioso?

Olivia Torres – Fazer “Ainda Estou Aqui” foi muito especial pelas pessoas que estavam envolvidas, pelo roteiro e pela história que estava sendo contada. Toda a grandiosidade, enfim, o Oscar, as premiações e tudo mais, vieram depois. Quando a gente estava lá no set, a gente não tinha a menor ideia onde o filme ia chegar, por quais caminhos ele ia percorrer, como ele ia chegar nas pessoas, no coração das pessoas, qual ia ser a resposta do público. Nada disso a gente sabia. Então a feitura do projeto pouco tinha a ver com grandiosidade. Pelo contrário, foi nas sutilezas, foi no contato com as pessoas que estavam envolvidas, que tinham, assim, no ápice do trabalho, tudo muito primoroso, muito delicado, muito na sutileza, no carinho e no afeto.

Diário - No longa, você interpreta Maria Beatriz, a Babiu, uma das filhas de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres. Qual cena foi mais marcante para você?

Olivia - A cena mais difícil, não sei se mais marcante, porque todas foram assim, acho que foi muito emocionante, especialmente emocionante por conta da resolução que traz assim, de alguma forma, a cena em que a Eunice e os filhos vão pegar o atestado de óbito do pai, do Rubens. Como foi filmado cronologicamente, tudo da primeira fase já tinha sido filmado, então quando a gente chegou nessa primeira fase em que a Nanda estava muito imbuída na personagem, já tinha passado por grandes momentos, aventuras com ela, já tinha, enfim, experienciado muito. Então, chegar nesse momento, realmente, foi um ápice, assim, muito emocionante para a equipe também, para o Walter e para a gente. Mas acho que a talvez mais desafiadora foi a cena, justamente, seguinte a esse momento, em que tem uma conversa da minha personagem Babiu com a personagem do Antonio Saboia, que faz o Marcelo, que a gente segreda ali, num breve momento, quando a Eunice se retira da mesa de jantar, quando foi que a gente entendeu que o pai tinha morrido. Isso foi um diálogo que realmente aconteceu, que o Marcelo conta no livro, e que para a gente foi muito emocionante, assim, muito, muito. Acho que, de alguma forma, explica muito de como a morte do pai afetou os filhos. Acho que deixa bastante ilustrado a dor dessa família, de não poder falar sobre a morte do pai, de não entender se o pai tinha morrido ou não. Enfim, são muitas camadas ali que a gente coloca nesse diálogo.

Diário - Você teve a oportunidade de dividir uma cena com Fernanda Montenegro. Além de contracenar com um elenco maravilhoso, composto por nomes como Fernanda Torres. Como foi essa experiência?

Olivia - Foi muito lindo, eles são muito mágicos. Eu contracenei com a Fernanda Torres, com o Saboia, com a Fernanda Montenegro na última cena e com meus colegas ali que estavam juntos, a Marjorie Estiano, a Gabriela Carneiro da Cunha, a Maria Manoela, e foi tudo muito lindo. São pessoas que justamente são grandes, importantes no audiovisual e no teatro brasileiro. Enfim, são pessoas realmente muito especiais, muito luminosas. Foi tudo muito harmonioso, foi tanto os momentos de trabalho ali, a gente fazendo as cenas, quanto nos bastidores. Foram todos cheios de diversão e carinho. A gente conseguiu criar muita intimidade também nestes momentos de bastidores para conseguir chegar em cena soltos um com o outro. Podendo olhar no olho com calma. Foi muito especial.

Diário - A expectativa é alta para o Oscar. Como você está se sentindo com essa possibilidade de vitória?

Olivia - Ah, é engraçado, tudo isso do Oscar. Eu fico ainda achando muito abstrato, assim. Acho que a ficha ainda está caindo. Acho que eu só vou entender quando eu ver a imagem deles lá. Aí acho que a ficha vai cair, sabe? Porque agora eu ainda levo um susto quando eu vejo alguma matéria colocando ele na lista dos indicados a melhor filme. Eu falo: ai caramba, “Ainda Estou Aqui” nessa lista junto com esse bando de filmão imenso? Eu estou já muito vibrando de estar lá e torcendo muito para que as pessoas assistam mais o filme por conta dessas indicações, que as pessoas se animem de assistir o filme lá fora por conta dessas indicações. Isso para mim está sendo mágico, a repercussão dele pelos lugares e como tem afetado as pessoas. Acho que essa plataforma do Oscar ajuda e fomenta o filme e leva as pessoas a assistirem o filme.

Diário - Além de "Ainda Estou Aqui", você protagoniza o filme “Continente”, um terror disponível na Globoplay. Como foi essa experiência no gênero?

Olivia - Ah, muito massa. Eu amei. Há muito tempo tenho vontade de trabalhar com cinema de gênero. Eu fiz um filme, que eu acho que deve lançar logo mais, chamado “Aurora”, dez anos atrás a gente filmou, que também era terror. Um filme de suspense, terror, susto e tudo mais. E filmando ele, eu fiquei com muita vontade de retornar para o gênero e o “Continente” foi muito especial, porque, além de tudo, é um filme que conta uma história que me interessa muito. Acho que o Davi Pretto, Igor Verde e a Paola Wink, que são os roteiristas do filme, decidiram pelo terror, pelo gênero, pelos signos do gênero, vampirismo, etc, porque eles queriam contar uma história sobre opressão, sobre classe, sobre colonização e eles usaram esse artifício do gênero para falar essa história. Então, são muitas coisas especiais que me fizeram magnetizada pelo “Continente” e querer fazer parte dele. E além de ser muito divertido, a experiência de ensino set, com sangue e tudo é muito divertido porque parece uma pequena Disney. São coisas que a gente não vive no nosso dia a dia, né? Óbvio que a gente está ali mexendo com emoções muito intensas e tudo mais, mas ao mesmo tempo são os nossos colegas de set, a gente fica se divertindo, é muito, muito, muito especial. Esse ano também deve lançar mais um outro filme que eu fiz de gênero chamado “Privadas de suas Vidas”, com direção de Gustavo Vinagre e Gurcius Gewdner, em que eu posso brincar mais com uma comédia física, um terror meio comédia, sabe? Então, enfim, tenho aí passeado por vários subgêneros do terror e tenho amado muito.

Diário - Você também estava no teatro, interpretando Isadora no espetáculo “Um Jardim para Tchekhov”. Como é dividir sua carreira entre cinema e teatro?

Olivia – No último domingo, 2, foi a última apresentação no “Um Jardim para Tchekhov” nessa temporada que a gente fez quatro cidades. A gente ficou mais de quatro meses em Cartaz, a gente fez Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e terminamos agora em Brasília e foi muito especial. Eu amo teatro, eu fui criada nele. Meu pai é produtor de teatro, minha mãe fez teatro quando eu era mais jovem. Eu sempre amei a coxia, foi onde eu entendi que eu gostava de ser atriz, que eu gostava desse trabalho, foi meio pelo teatro assim. E eu não fazia, há um tempo já. Eu fiz uma peça chamada “Lázaro”, que era a direção do Felipe Hirsch, que foi interrompida a temporada por conta da pandemia, e esse foi o meu retorno ao teatro. Então foi muito especial, muito mesmo.

Diário - Você é natural de São José do Rio Preto, filha da atriz Sofia e do produtor cultural Lucas Mansor. Tem alguma conexão com a cidade? Ainda tem parentes morando na cidade? Quando foi sua última visita?

Olivia - Sim, parte da minha família ainda mora em São José do Rio Preto, como meu avô. Tenho cinco tios que moram aí, vários primos que moram aí. Eu tenho 12 primos, eu sou a décima. Nove primos meus moram aí em São José do Rio Preto. Ah, sempre vou para visitar a família, dar um beijo de saudade, abraço. Meus tios na verdade nasceram em Fernandópolis, meu avô de Nova Granada, e a minha última visita foi ano passado. Esse ano eu não conseguia ir ainda, por conta do trabalho, fiquei indo e voltando para Brasília por conta da peça, mas logo mais estou aí pra dar um beijo.

Diário - Fale também sobre a participação no curta-metragem “Jantar Pra Seis”, escrito pela rio-pretense Isabela Lisboa.

Olivia - “Jantar Pra Seis” é um curta que eu filmei acho que foi em 2023 ou 2022, não tenho certeza, dirigido pela minha amiga Isabela Lisboa. É um curta LGBTQIAP+ e é a história da personagem interpretada pela própria Isabela, que ela roteiriza, dirige e atua, que chama as ex para um jantar, para perguntar o que ela errou nas relações, e é super engraçado, divertido. Eu estou muito animada para assistir o curta pronto, ainda não vi.

Diário - Você já fez novelas, séries, cinema e teatro, como o filme “Desenrola”. Como vê essa trajetória tão bonita até aqui?

Olivia - O “Desenrola” foi o meu primeiro trabalho no audiovisual, quando eu tinha, dos meus 14 para os 15, e foi tudo de mais lindo ter começado no cinema. Na verdade, eu comecei com uma peça chamada “Jardim do Imperador”, quando eu tinha 14 anos, e depois fiz o “Desenrola”, depois eu fiz “Malhação”. Eu tenho, consigo hoje em dia, fiz 30 anos no ano passado, vou fazer 31 agora em junho, e fico muito contente de ver que a minha carreira seguiu os meus desejos, com uma conexão com o cinema que eu gosto, com o tipo de teatro que eu amo fazer. Eu me sinto muito animada com o futuro e muito agradecida pelas coisas que eu já vivi nesse trabalho que é tão difícil, uma carreira tão complexa, com altos e baixos, tantos atores tão talentosos que não tem tanta oportunidade. Eu fico muito contente de ter conseguido trabalhar há 16 anos como atriz e estar colhendo tantas felicidades e encontros que me engrandecem tanto.

Diário - Quais são seus planos para 2025?

Olivia - Em 2025, logo mais, eu começo a filmar de novo, mas ainda é segredo. Todas as coisas ainda são segredo para 2025, mas muitas coisas boas. Além de lançamentos, de filmes, que eu já disse acima, as coisas que eu vou filmar esse ano ainda são segredo, mas são muito especiais e muito interessantes. Estou animada para logo mais poder compartilhar.