Aluguel dispara no mês de junho em Rio Preto

Aluguel dispara no mês de junho em Rio Preto
Aceleração do preço dos alugueis em Rio Preto está acima da média nacional (Edvaldo Santos 23/7/2025)

Com o mercado de locação residencial aquecido em todo o País, Rio Preto registrou uma a maior alta percentual no valor dos aluguéis em junho de 2025 segundo o Índice FipeZAP, aferido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Segundo o material, os preços subiram 2,48% no mês de junho e 16,39% nos últimos 12 meses, bem acima da média nacional.

Segundo o Índice, a locação residencial teve, em sua média nacional, um aumento médio de 0,51% nos preços dos aluguéis em junho indicando nova desaceleração após altas de 1,15% em abril e 0,59% em maio. Ainda assim, o acumulado do primeiro semestre chegou a 5,66%, superando a inflação do período (IPCA: 2,99%).

Em Rio Preto houve uma variação mensal de 2,48% em junho, a maior entre as 36 cidades monitoradas. Com isso, o aluguel tem uma alta acumulada de 9,18% no primeiro semestre e 16,39% em 12 meses. O preço médio por metro quadrado chegou a R$ 28,35, com rentabilidade anual de 6,52% — superior até à da Capital paulista (6,31%).

“Rio Preto não é uma cidade importante somente para a região. É uma cidade com importância nacional, que tem registrado nos últimos anos um crescimento expressivo e um mercado imobiliário muito forte, crescente e sólido. É um mercado que não retroage, está sempre crescente”, afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP).

Oferta e demanda

A pressão sobre os preços também se explica pela falta de incentivo ao investimento em imóveis residenciais para locação. “Em todo o Brasil isso acontece, porque o investimento no imóvel residencial para locação não tem nenhum incentivo, nada que possa trazer o investidor profissional para esse mercado. Investidor profissional prefere imóveis corporativos, imóveis comerciais, galpões logísticos, de depósito”, explica José.

A rentabilidade média atrativa em Rio Preto, segundo o presidente do Creci-SP, precisa ser observada com cautela. “Esse índice espelha a realidade, mas temos que pensar que todo imóvel que tem locação acima de R$ 1,5 mil por mês, começa a diminuir o percentual de retorno para o investidor, porque diminui também o número de pessoas capazes de alugar imóvel. O preço tem que cair”, completa.

Na prática

A percepção de saturação começa a impactar o desempenho do setor. Thiago Bueno, CEO da imobiliária Porta 8, relatou uma queda de até 50% nos fechamentos de contratos a partir de maio. “Registramos um desempenho acima da média no ticket médio dos aluguéis. Notamos um aumento significativo no número de devoluções de imóveis, muitos inquilinos estão buscando opções mais acessíveis ou realizando o sonho do imóvel próprio”, diz.

Frente a esse cenário, a empresa intensificou o diálogo com proprietários e investiu em marketing e para o segundo semestre, a expectativa da imobiliária é de estabilidade. “Ainda enxergamos boas oportunidades, especialmente para imóveis com diferenciais competitivos e preços ajustados à realidade atual. Reforçamos o diálogo com os proprietários, apresentando dados atualizados do mercado e reforçando a importância de ajustar os valores — em muitos casos, para abaixo da média — como estratégia de garantir a ocupação e evitar longos períodos de vacância”, diz Thiago.

NOVAS REGRAS

Além dos movimentos de mercado, proprietários e inquilinos precisam se atentar às mudanças trazidas pela reforma tributária. Com o Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), a Receita Federal está apertando o cerco contra a informalidade nas locações. A movimentação bancária, especialmente via PIX, se tornou chave na fiscalização dos aluguéis pagos e recebidos.

“A Receita está conectando dados do IPTU, cartórios, sistema bancário e declarações de Imposto de Renda. O cruzamento é tão preciso que é praticamente impossível esconder rendimentos oriundos de aluguel”, explica Dani Romancini, consultora especializada em finanças pessoais e empresariais.

As novas regras atingem tanto locadores quanto locatários. Quem recebe aluguéis acima de R$ 1.903,98 por mês deve declarar mensalmente via Carnê-Leão Web. O inquilino, por sua vez, precisa informar o CPF ou CNPJ do locador na declaração anual. Até reformas feitas em troca de aluguel entram na mira do Fisco, sendo tratadas como rendimentos indiretos.

“A informalidade deixou de ser um ‘jeitinho’. Agora ela tem custo alto e consequências reais”, alerta Dani. A Receita pode cobrar tributos retroativos de até cinco anos, com multas que chegam a 75% do imposto devido, além de juros e correção. (Colaborou Ana Beatriz Aguiar)