Comerciantes de Rio Preto esperam aumento de 35% nas vendas de pescados na Quaresma

Comerciantes de Rio Preto esperam aumento de 35% nas vendas de pescados na Quaresma
Peixarias já veem movimento crescer no início da Quaresma (Edvaldo Santos 5/3/2025)

O fim do Carnaval vem acompanhado o início da Quaresma, período de preparação para a Páscoa. Com isso, a expectativa é que as vendas aumentem até 35% durante o período de 40 dias e até 300% na Semana Santa, em relação a 2024.

Para muitos católicos, esse é um momento de penitência, incluindo a tradição de evitar o consumo de carne vermelha, impulsionando a procura por peixes e frutos-do-mar para variar o cardápio.

Na região de Rio Preto, o setor de pescados já sente o impacto dessa demanda crescente, com um aumento médio de 35% nas vendas durante a Quaresma e um salto expressivo de até 300% na Semana Santa, segundo a Associação Brasileira de Fomento aos Pescados (Abrapes).

Julio César Antonio, CEO da Mar e Rio Pescados, Indústria, Importação e Exportação e presidente da Abrapes destaca que o setor já se preparou para atender à demanda.

“Nosso aumento de vendas começa a partir da quarta-feira de cinzas, 5. Como somos importadores e indústria, atendemos nacionalmente a cadeia de alimentação e varejo, por isso estamos bem preparados e com estoque para atender a demanda”, afirma.

“Esse período sempre traz um aumento expressivo na procura por pescados, mas também há mais oferta no mercado. Estimamos um crescimento de aproximadamente 30% nas vendas em relação ao ano passado”, diz Roberta Machado Amantea, gerente da Ilha dos Pescados.

Ela ainda destaca que o planejamento é fundamental para atender à alta demanda neste início de ano. “A Quaresma é o ‘Natal’ das peixarias, então, nos preparamos para garantir um bom abastecimento aos clientes. O que inclui negociações com fornecedores, ajustes no estoque e estratégias para atender ao aumento da demanda sem comprometer a qualidade dos produtos”, afirma.

Penitência

Para muitos cristãos, a abstinência de carne vermelha durante a Quaresma tem um significado importante. A professora Ana Paula de Aguiar, conta que mantém essa tradição todos os anos.

“Faço toda sexta-feira durante a quaresma como penitência, pois gosto muito de carne. Essa privação de carne me aproxima mais de Deus. A penitência é um meio de purificação de nossa alma e nos dá forças espirituais na luta contra o pecado, pois nessa luta o espírito precisa estar forte”, diz.

Para substituir a carne vermelha, ela opta por sardinha, atum e ovos, mas já percebeu alta nos preços. “Todo tipo de peixe aumenta, até a sardinha que costuma ser mais em conta no dia-dia”, diz.

Mais vendidos

Ao longo do ano, os queridinhos dos clientes são o salmão e a tilápia. No entanto, na Quaresma, e sobretudo na Semana Santa, a procura por bacalhau dispara.

“É uma tradição muito forte, e os consumidores buscam desde o Bacalhau morhua, considerado o verdadeiro bacalhau, até opções mais acessíveis, como saithe e polaca, para a tradicional bacalhoada. Outros peixes também ganham espaço na Quaresma, como sardinha, merluza e cação, opções versáteis e procuradas pelos consumidores” aponta Roberta.

Na Mar e Rio Pescados, a lista dos mais vendidos inclui desde tambaqui, até frutos-do-mar, como camarão.

“Temos uma diversificação muito grande de peixes e frutos-do-mar, com preços acessíveis para atender a todas as necessidades. Tambaqui, merluza, pangasius, tilápia, sardinha, salmão também a linha de frutos-do-mar, principalmente camarão. Já o bacalhau é um peixe para receitas mais sofisticadas onde atende um público mais exigente, entretanto representa somente 8% do consumo, mas temos espécie de bacalhau com alternativas para preços mais baixos” afirma Julio.

Preços

Os preços, no geral, seguem estáveis, mas podem variar dependendo de fatores como a cotação do dólar e o custo da ração para os peixes de cultivo.

“No geral, os preços devem se manter estáveis, embora alguns produtos possam sofrer reajustes pontuais. Fatores como a variação do dólar impactam os produtos importados, e o custo da ração, que depende do trigo e da soja, que influencia no preço da tilápia, por exemplo”, afirma Roberta.

Julio prevê uma variação de preços moderada: “Teremos um aumento na média 8% a 12%, mas existem algumas espécies que os preços não sofrerão aumento em relação ao ano passado como merluza e pangasius. Estes, começam de R$ 12,50 a R$ 34. Dos mais caros, de R$ 34 a R$ 89, mas não inclui bacalhau” diz.

(Colaborou Ana Beatriz Aguiar)