Cineastas da região de Rio Preto falam da indicação de 'Ainda estou aqui' ao Oscar

Cineastas da região de Rio Preto falam da indicação de 'Ainda estou aqui' ao Oscar
(Al Seib/A.M.P.A.S./Divulgação)

O filme “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, faz história no cinema nacional ao conquistar três indicações ao Oscar 2025. O longa concorre nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Já a atriz Fernanda Torres foi indicada ao Oscar por sua atuação como Eunice Paiva. Essa é a primeira vez que um filme brasileiro conquistou indicação de Melhor Filme, a principal categoria da premiação.

PRESTÍGIO

Para o cineasta rio-pretense Reinaldo Volpato – diretor de “Estranhas Cotoveladas”, que entra no circuito comercial dos cinemas em março – o longa recupera o prestígio do cinema brasileiro.

“É inegável o valor estético, linguístico e até político de ‘Ainda estou aqui’. O filme recupera o prestígio do cinema brasileiro e também dá grande visibilidade internacional, como aconteceu no ciclo do Cinema Atlântida, Vera Cruz, Cinema Novo, Comédia Erótica, até nos filmes da Embrafilme, por exemplo. Penso que o filme está fazendo um valoroso furor do público brasileiro, como foi comum em todas essas épocas anteriores dos ciclos do cinema nacional”, relata.

Para o cineasta Lucas Pelegrino, “Ainda estou aqui” é um filme que consegue ser profundamente emotivo sem deixar de ser acessível. “Isso é muito difícil de fazer. Nesse aspecto, ele me lembrou o filme anterior do diretor Walter Salles, ‘Central do Brasil’, também indicado ao Oscar. Junto com ‘O Auto da Compadecida 2’, ‘Ainda Estou Aqui’ conseguiu reavivar o hábito do público de sair de casa para ver cinema brasileiro. A sessão que eu assisti estava lotada, o que hoje em dia é um sinal raro e particularmente emocionante para mim”, completa.

DISPUTA DIFÍCIL

No entanto, Volpato vê que a disputa será difícil. “O Oscar é uma premiação que acho complicada. Ao mesmo tempo que valoriza os filmes, carimba neles o estigma de filmes comerciais, de entretenimento, como são os filmes de Hollywood”, diz.

“O cinema nacional tem a vocação para gerar filmes mais reflexivos e analíticos da realidade social histórica brasileira, como no caso de ‘Ainda estou aqui’. O filme fala da história política brasileira do ponto de vista de uma população que sofreu as grandes agruras da ditadura militar”, diz.

Para Pelegrino, há chances do longa faturar algum prêmio. “A Academia tem se mostrado cada vez mais aberta ao cinema internacional, especialmente às produções que vão além da língua inglesa, e ‘Ainda estou aqui’ chega em um ótimo momento. Se Fernanda Torres vencer, será histórico e uma celebração marcante depois de 26 anos da indicação da nossa musa Fernanda Montenegro, nossa grande referência no Oscar. Porém, sendo realista, acredito que as maiores chances estejam na categoria de Melhor Filme Internacional.”

“Quero me aliar aos cineastas e artistas brasileiros para ficar na torcida, forte torcida, para que o filme ‘Ainda estou aqui’ e Fernanda Torres ganhem o Oscar. Porém, sou muito cético em relação aos americanos fortalecerem a indústria cinematográfica brasileira entregando o prêmio mais importante do Oscar para o cinema do Brasil”, conclui Volpato.