Exposição em Rio Preto apresenta obras que exploram a ancestralidade indígena

A partir desta quarta-feira, dia 9, o Sesc Rio Preto recebe a exposição “Assojaba Tupinambá Umbeumbesàwa: o manto tupinambá conta e canta a história”, que traz um manto tupinambá, criado por Glicéria Tupinambá, liderança da comunidade Serra do Padeiro, na Bahia, e uma das curadoras do projeto, ao lado de Augustin de Tugny, Benjamin Seroussi, Juliana Caffé e Juliana Gontijo.
A abertura da exposição acontece nesta terça, dia 8, a partir das 18h, com a realização de um Toré, manifestação cultural ritualística que envolve religiosidade, tradição e música, realizado em diversos rituais dos povos indígenas, que será conduzido pelo Grupo Jovem de Atã.
Além de ver de perto as peças que exploram diferentes linguagens artísticas e ampliam o debate sobre descolonização, identidade e pertencimento, trazendo novas perspectivas sobre a cultura e o legado dos povos indígenas, a exposição contará, ao longo de todo o período de visitação, com uma programação paralela, com rodas de conversa, oficinas e vivências, criando um espaço de troca e aprendizado sobre os saberes tupinambá.
A EXPOSIÇÃO
Com entrada gratuita, a mostra apresenta ao público uma coletânea de trabalhos em vários formatos e técnicas dos artistas Edimilson de Almeida Pereira, Fernanda Liberti, Gustavo Caboco, Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC), Lívia Melzi, Mariana Lacerda, Nathalie Pavelic, Patrícia Cornils, Povo Tupinambá da Serra do Padeiro, Rogério Sganzerla, Sophia Pinheiro, e de obras da própria artista curadora.
O MANTO
Os mantos tupinambás eram símbolos de poder e espiritualidade, usados por caciques, pajés e figuras de liderança. Feitos com penas de pássaros, especialmente do guará, de cor vermelho vibrante, eram peças sagradas, carregadas de significado. A confecção do manto exigia técnicas e conhecimentos tradicionais, passados de geração em geração.
Para o povo tupinambá, cada manto era único e representava uma conexão profunda com os espíritos, a natureza e os ancestrais. Quando os europeus chegaram, esses mantos foram levados e espalhados por museus na Europa. Mais do que um objeto, o manto retorna como símbolo vivo da luta dos povos indígenas pelo reconhecimento de sua cultura e território.
Para Glicéria, a chegada da exposição ao Sesc Rio Preto reforça a importância de olhar para a história com outros olhos – não apenas como um passado distante, mas como uma memória viva, que pulsa no presente.
“Ao trazer a exposição para um novo território, ela cria um espaço de reflexão sobre a história dos povos originários, suas contribuições e sua resistência ao longo do tempo. A presença do manto tupinambá, por exemplo, desperta o interesse sobre sua simbologia e importância, gerando questionamentos sobre o apagamento histórico das culturas indígenas no Brasil e sua revitalização. Além disso, a exposição pode promover atividades educativas, como rodas de conversa, palestras com lideranças indígenas, oficinas e visitas mediadas, tornando o aprendizado mais acessível e envolvente. Esse tipo de ação também estimula a desconstrução de estereótipos e incentiva o reconhecimento da diversidade cultural indígena, mostrando que essas culturas são vivas e contemporâneas”, afirma Glicéria, que também esteve à frente da repatriação do Manto Tupinambá guardado por séculos no Museu Nacional da Dinamarca, e que hoje se encontra o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Serviço
A abertura da exposição “Assojaba Tupinambá Umbeumbesàwa: o manto tupinambá conta e canta a história” acontece nesta terça, 8, às 18h, com apresentação de Toré com o Grupo Jovem de Atã.
A visitação da mostra, montada na área de convivência do Sesc, começa na quarta, 9, e segue até o dia 26 de outubro, às terças a sextas, das 13h às 21h30, sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Acessibilidade: audiodescrição, Braile, Libras e recursos táteis.
Visitações em grupo mediante agendamento prévio do formulário disponível no link: https://forms.office.com/r/hB105GnJgT.